Page 30 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1979
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Queremos com isto dizer que não en de forma mais integrada consigo mes contribuindo para manter ou aumentar
tendemos haver objetivo externo ao de mo. Ao fundamentar o seu comporta a fragmentação das pessoas, fragmen
senvolvimento, ou melhor, não se rea mento numa base interna mais realista, tação esta vinda desde os bancos esco
liza o desenvolvimento para se chegar a isto é, ao poder agir em ressonância lares, pelas dificuldades que talvez têm
um fim que esteja separado do próprio com suas potencialidades,a pessoa do tido os nossos educadores em lidar com
processo. gerente se torna mais integrada, mais a dimensão afetiva do homem. Essa fa
inteira e mais capaz de se realizar como lha do nosso sistema educacional deve
Em desenvolvimento, os meios são os pessoa. ria ser corrigida pela empresa, e nào
fins. O meio é um objetivo temporal. acentuada.
Não há separação entre o meio e fim. 2.2. Pressupostos sobre Desen vol vi-
O fim está dentro da própria atividade mento Gerencial Apesar da condição para haver desen
meio. volvimento ser, principalmente, a da li
Estamos entendendo por DG um pro berdade de escolha, não é possível ha
Assim, a finalidade do desenvolvimen cesso empresarial planejado de mudan ver interação de pessoas de forma to
to não pode ser determinada previa ça de comportamento de gerentes, no talmente liberta de limitações externas,
mente e nem externamente ao gerente. sentido evolutivo de cada um. principalmente em organizações em I
Em outras palavras, o fim do processo presariais. A sobrevivência destas úl
não pode ser uma idéia ou um objetivo Esse ponto merece um esclarecimento. timas faz com que a existência de con
teórico, idealizado; há de estar intima troles externos ao gerente seja ne-
mente ligado às condições existentes e é Em sua atividade gerencial, por exem cessaria.
experimentai, vivenciado no dia a dia plo, necessita o gerente de ferramentas
da atividade do gerente. teóricas e práticas para enfrentar a A solução de compromisso, para o ca
complexidade, a variedade e a mutabi so, parece ser a adoção de limites, den
A interpretação do fim, como exterior lidade das situações de trabalho com tro dos quais os gerentes têm liberdade
ao processo, nos leva muitas vezes a que se defronta. A aquisição deste fer- para agir. Estes limites normalmente já
considerar o fim como mais importan ramental, ligado à sua tarefa e normal existem, mas raramente temos cons
te do que o processo e quase sempre a mente obtido através de cursos e se ciência deles, pois dificilmente sào ex
apressamos o processo para se chegar minários específicos, é que entendemos plicitados nos relacionamentos que
ao fim. A meta, portanto, passa a ser normalmente por TG. Esses progra ocorrem nas empresas. Além disto, por
atingir o objetivo e não o esforço de mas, se bem aplicados, podem levar a efeito dos condicionamentos, quase
ser, de se atualizar, de se aperfeiçoar uma mudança de comportamento. En sempre adquiridos desde a infância,
constantemente, enfim, de se viver o tretanto, a questão central não nos pa muitas vezes nos impomos restrições
processo. Na verdade, ao buscar expli rece ser esta e sim se a mudança obtida ainda mais fortes das que na realidade
citar a sua potencialidade e expandir as e as condições sob as quais ela ocorreu existem. Outras vezes, por dificuldades
suas capacidades, que lhe são ineren levam ao desenvolvimento do gerente psicológicas internas, tentamos esten
tes, o gerente refaz continuamente, no sentido de sua própria evolução. der a nossa liberdade de ação, quando
através de sua atividade gerencial e da Parece claro que há uma diferença en na verdade deveríamos resolver os nos
experiência nela advinda, os objetivos tre uma mudança de comportamento sos problemas e conflitos internos.
do seu próprio desenvolvimento. imposta de outra obtida pela criação de
condições propícias a que o gerente, Sob o ponto de vista da empresa, as ne
Enfim, os objetivos e as bases do de através de sua iniciativa, se modifique cessidades abaixo constituem umaindi-
senvolvimento do gerente nascem da no sentido da explicitação das suas po cação para essa faixa de autonomia:
própria realidade vivida pelo gerente e tencialidades.
não decorrem dc uma concepção exter 1? necessidade de obediência à mis-
na ao gerente. Então, no nosso entender, o rodízio de são, políticas e diretrizes da empresa,
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gerentes, os programas específicos de como um requisito mínimo para que o
Em terceiro lugar, como o desenvolvi TG, a avaliação de desempenho, etc. gerente possa pertencer à organização;
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mento do gerente ocorre em suas inte poderão ou não levar o gerente a cres
rações consigo mesmo e com o ambien cer como pessoa. Tudo vai depender 2? — necessidade do gerente conside
te, este último pode favorecer ou difi do clima psicológico em que os geren rar a existência de outros gerentes e
cultar o processo. É aí que entra a em tes vivem dentro da empresa, do poder grupos na organização, de cuja siner* i
presa que, através principalmente da de escolha que possuem, da liberdade gia depende a organização para poder
ação dos gerentes de nível mais alto, es de errar e acertar de que desfrutam, da sobreviver;
tabelece o clima de relações que envol participação em decisões que o afetam
ve toda á organização. diretamente, etc. 3? — necessidade do gerente se subitf-
ter a controle externo, quando o $
Entendemos, por condições fa Outro fato, ainda ligado às condições comportamento vier a comprometí
voráveis, a existência da possibilidade externas, é de que o gerente não cresce sobrevivência da empresa.
do gerente ter, pelo menos, a liberdade por partes. O desenvolvimento é essen
de poder exprimir seus pensamentos, cialmente unitário. Consideramos, Uma forma prática de se estabelecer'
sentimentos e desejos, tais como ele os portanto, um erro colocar o aspecto in explicitação necessária entre aemp^ :
vivência internamente. Esta liberdade, telectual como centro de referência da e os seus gerentes, sobre os seus Wlí; í
liberdade interna, psicológica, é indis atitude educacional da empresa em re de atuação, seria incorporá-la na ^
pensável para que o gerente possa con lação ao desenvolvimento dos seus ge de fixação das metas, através de ^ v
duzir os seus relacionamentos externos rentes. Assim procedendo, estamos negociação realizada de forma ba^1 j