Page 23 - Telebrasil - Maio/Junho 1979
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U m m o d e l o s i s t ê m i c o
d e r e c u r s o s h u m a n o s
ETTORE DA COSTA PEREIRA
Técnico de Administração peia EB AP-FGV, Cultura, ex-chefe do Departamento de Re
Especialista em Desenvolvimento Organi cursos Humanos da Empresa Brasileira de
zacional formado pela ODA International, Correios e Telégrafos. Atualmente Coorde
USA. Ex-Assessor da Diretoria Administrati nador de Treinamento e Desenvolvimento
va da Fundação Qetúlio Vargas. Ex- do Prodasen/Senado Federal; Consultor de
Assessor chefe da Diretoria Técnica da TE- Toper, Consultoria e Assessorla de Empre
LERJ, ex-professor da Escola do Serviço sas; Conselheiro de ABAP-DF — Asso
Público da Guanabara, ex-professor da So ciação Brasileira de Administração Pes
ciedade Universitário Ensino Superior • soal.
1. Introdução mem. Para melhor situar a filosofia camente nos meus conhecimen
de Recursos Humanos, é ne tos teóricos e na vivência do, dia a
Este modelo é diâmico, podendo cessário compará-la com as filoso dia em Recursos Humanos numa
ser incluídos ou retirados alguns fias anteriores a Recursos Huma Empresa tão complexa como a
subsistemas de acordo com o nos. ECT.
diagnóstico da realidade empresa
rial. A dicotomia das funções de 1. Filosofia Clássica: funda 3.1. Filosofia de Recursos Huma
pessoal em Administração de Pes mentava-se no Modelo Econômico nos: que poderiamos denominar
soal e Recursos Humanos (Desen Racional que simplistamente divi de estruturalista comportamental,
volvimento de Pessoal) parece ser de o Homem em massa e elite. A para distinguir da estruturalista
uma tendência válida para algu elite é possuidora de ética e criati dialética (de inspiração marxista e
mas empresas, entretanto, pode vidade elevada. A massa é indigna que não será tratada neste artigo).
ser altamente negativa para ou de confiança, sem potencialidades Sua fundamentação filosófica
tras, dependendo da especificida maiores, motivada unicamente por baseia-se na acepção do homem
de de cada uma. E a sua inclusão incentivos econômicos. auto-realizador, isto é, o homem
ou exclusão não altera o modelo. possui ímpeto psicológico natural
2. Filosofia de Relações Huma de, em qualquer situação, usar to
2. Filosofia e Estratégia nas: das pesquisas realizadas na do seu talento e capacidade a fim
Western Electric Company’s Ha- de realizar coisas que corísidera
Todo o dirigente de uma empresa, thorne Woorks, em Chicago, relevantes num sentido produtivo
seja ela qual for, possui conscien 1927/32, surgiu uma nova acepção e maduro; as necessidades de mo
te ou inconscientemente uma filo do homem — o Homem social —, tivação do homem dividem-se em
sofia acerca do homem, da socie ou seja, o homem é basicamente classes hierárquicas: necessida
dade, do mundo, etc. Ao assumir motivado por incentivos sociais e des de sobrevivência e segurança,
um papel gerencial, este papel não econômicos como pensava a necessidades sociais, necessida
será influenciado pelas suas cren escola anterior. O comportamento de do ego, necessidades de auto-
ças, descrenças, valores, percep do homem é mais sensível às realização; o homem procura agir
ções, etc. A utilização de um ins forças do grupo que aos controles de maneira madura e é capaz de
trumental de uma ou outra escola e incentivos da direção. tal; o homem é automotivável,
administrativa, mesmo sem conhe autocontrolável (se sobre ele se
cimento teórico da escola, depen 3. Filosofia de Recursos Huma usarem muitos controles externos,
derá de suas concepções filosófi nos: há duas filosofias em Recur é possível que isso dificulte o seu
cas. sos Humanos que são de certa for comportamento maduro); o ho
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ma antagônicas. Eu proponho uma mem é capaz de integrar os seus
Recursos Humanos se fundamen terceira filosofia que posa vir a ser objetivos de crescimento profis
tam também numa acepção fi uma síntese das anteriores. É ape sional e de desenvolvimento hu
losófica acerca da natureza do Ho nas uma idéia, fundamentada uni mano aos objetivos organizacio-