Page 58 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1978

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prejuízos, e não inconslderàvel nível de urbanas e ampliação de rede, è oriunda de através de debêntures, empréstimos e

desemprego, este último atingindo recursos problemas de conjuntura e de uma conse- “supplier’s credit”. Já na Suécia, os recur­

humanos resultantes de custosa formação qüente política de redução de investimentos sos Internos têm sido suficientes para

especializada e de d ifíc il recuperação do Setor Público, de modo a contribuir pa­ cobrir os investimentos através da receita

ulterior. ra a contenção do processo inflacionário. operacional e da depreciação.

3 — Uma Análise do Desenvolvimento das Não cabe pôr em dúvida o acerto das medi­ A TELMEX, no México, obtém seus recursos

Telecomunicações no Brasil das orçamentárias e monetárias graças ás de maneira equilibrada: 50% através de

quais as autoridades buscam dominar a impostos e receita própria e 50% através de

Em retrospecto, é impressionante analisar inflação, e cujo êxito já se vislumbra. Cabe, empréstimos. Já na Dinamarca, todos os

o desempenho do setor de telecomunica­ porém, ponderar os efeitos das mesmas, a recursos são de origem orçamentária.

ções desde a Revolução; as autoridades do curto e longo prazo, sobre o sensível setor

setor conseguiram transformar totalmente das Comunicações e, se possível, propor Dentro deste mosaico de formas e cores

a situação de um pais até então carente de uma alternativa prática. variadas, algumas estruturas de financia­

interligações, quer em termos numéricos mento se destacam por sua maior origina­

de term inais instalados em proporção à Essa alternativa não pode, é claro, ser de lidade ou adaptabilidade ao problema bra­

população, quer em termos de facilidade de ordem a contrariar a política geral do Go­ sileiro.

comunicação urbana, interurbana e interna­ verno em matéria de terapêutica anti-infla-

cional. Não esquecerei o assombro de um cionária, com a qual concordamos e para a Proponho, pois, que examinemos o modo

dirigente de uma grande empresa interna­ qual todos nós estamos dispostos a dar, e pelo qual a França, hoje aqui representada,

cional ante uma carta do Brasil, sobre a qual já temos dado, a nossa quota de sacrifício. com grande honra para nós, pelo Exmo.

se alastravam os troncos e redes de micro­ Ela não pode, por outro lado, pôr em olvido Sr. Michel Lafon, Diretor dos “P.T.T.”, resol­

ondas, inexistentes poucos anos antes, a problemática especial do nosso setor, veu um problema de características bastan­

hoje quadriculando o país inteiro em cerra­ inclusive e sobretudo no que afeta os inte­ te afins, ou seja, como assegurar uma ex­

das malhas. Graças aos esforços conjuga­ resses permanentes da coletividade. pansão satisfatória da rede telefônica sem

dos da Embratel e das concessionárias da onerar excessivamente o orçamento públi­

-Telebrás, o antigo “Arquipélago Brasileiro“ , Nesse sentido, todos nós fomos testemu­ co para investimentos de infra-estrutura,

feito de disseminadas ilhas de atividade nhas do esforço prodigioso que foi neces­ construindo um perfil de compromissos

econômica, transformou-se em um mercado sário para retomar, apôs a longa estagnação financeiros compatível com a capacidade

de dimensões continentais. No processo de dos anos 1950-1964, um ritmo de desenvol­ de amortização da dívida, no tempo, pelas

¦desenvolvimento acelerado da última déca­ vimento que se aproximasse sequer das empresas operadoras da Rede.

da, transparece com clareza o papel do necessidades mínimas de um país como o

setor de comunicações como sub-sistema Brasil, mas que nem por isso pretendia A solução francesa foi a de permitir a cria­

da economia nacional, e o valor dos índices atender plenamente à demanda reprimida. ção de 4 empresas financeiras tendo como

m ultiplicadores da atividade econômica Não podemos esquecer, com efeito, que em objeto de suas atividades a compra de

gerados por esse sub-sistema. A aproxima­ 1964 não chegávamos a dispor de 2 telefo­ imóveis e equipamentos destinados aos

ção, por exemplo, entre o aumento do tráfe­ nes por 100 habitantes, nem os ingentes serviços de telecomunicações, cujo valor é

go telefônico internacional e o crescimento esforços que foram necessários, em inves­ pago aos fornecedores respectivos por

das exportações é eloqüente e não é fortui­ timentos e em capacidade criadora, para essas empresas, as quais celebram então

to: existe aí, claramente, uma relação de atingir o ainda modesto patamar de t]oje. contratos de “ leasing” com a Administra­

causa e efeito, que pode ser facilmente Sabemos, sem lugar a dúvidas, que muito ção dos Correios e Telecomunicações. Tais

observada na vida de todos os dias. Por maior e mais dispendioso será o esforço sociedades operam no regime dos bancos

outro lado, é igualmente óbvio que a cria­ necessário para recuperar um dia o tempo de investimentos a médio e longo prazo, e

ção de novos “ Pólos Industriais” seria inviá­ perdido e retomar um ritmo de expansão o seu papel é estritamente financeiro, cons-

vel sem adequadas facilidades de telecomu­ que permita alcançar as metas previstas sistindo em reunir os capitais necessários

nicações como parte de sua infra-estrutura. para a década dos 80. Nessa altura, o con­ para financiar atividades do setor de tele­

gestionamento da rede existente prejudicará comunicações, no quadro de convenções

Inversamente, no ponto em que se acha o seriamente a veiculaçâo da informação e a que fixam, para períodos de vários anos, as

país de sua arrancada para o pleno desen­ própria receita das concessionárias. En­ condições gerais de suas operações, e as

volvimento, qualquer desfalecimento no quanto Isso, as indústrias do ramo estarão bases de cálculo de sua remuneração. Elas

ritmo de expansão de suas redes de teleco­ operando em condições antieconômicas se beneficiam de consideráveis incentivos

municações teria, pelas mesmas e óbvias oriundas da enorme capacidade ociosa, fiscais, e assumem a obrigação de distri­

razões, conseqüências negativas de consi­ traduzidas em altos custos senão em invia­ buir como dividendo pelo menos 85% de

derável efeito, fazendo-se sentirem círculos bilidade total. Na melhor das hipóteses, o seu lucro líquido.

concêntricos e progressivamente alargados, fator tempo será adverso, dado o longo

abrangendo, com maior ou menor intensida­ período necessário para a execução de Devo esclarecer que as quatro empresas

de, todo o universo do mercado produtor e encomendas deste tipo de bens, agravando citadas não são concorrentes entre si, nem

consumidor, sobrecarregando, outrossim, o represamento da demanda e o congestio­ dividem um mesmo mercado, e sim servem

os demais sub-sistemas da infra-estrutura namento do sistema anos depois que a finalidades específicas e diversas entre si.

econômica, especialmente o de transportes, melhoria da conjuntura haja permitido a

em prejuízo da respectiva eficiência e dos retomada dessas nossas encomendas. O Uma, a Finextel, atende mais especialmente

interesses dos usuários e, em última análi­ que fazer então? ao programa de ampliação da rede telefôni­

se, entorpecendo e distorcendo todo o me­ ca em toda a França, mas muito especial-

canismo de transferência de informação. A experiência alheia é sempre, pelos seus mente na área, altamente saturada, de
acertos ou mesmo por seus fracassos, uma Paris e suas imediações; a Codetel, funda­

Sendo fora de dúvida o papel das Telecomu­ fonte válida de ensinamentos. da pela “Banque Nationals de Paris” e pela

nicações como insumo do desenvovlmento prestigiosa “Companhia do Canal de Suez”,

econômico — não só fora de dúvida mas Ao procuram os saber com o financiam dedica-se ao financiamento da aquisição de

até mensurável — cabe indagar o que fazer outros países a expansão de seus sistemas, cabos telefônicos, de Centrais de Trânsito,

para evitar uma debilitação da atividade tra­ verificamos que raramente as soluções de e de serviços de longa distância, nacionais

duzida por tal insumo; minorando, pela mes­ uns coincidem com as de outros. e internacionais, por microondas; a Agritel

ma ocasião, os funestos efeitos da sub-uti- atende a necessidades de telefonia rural: e

lização da capacidade industrial instalada Ao mesmo tempo qbe a administração do a Creditei ocupa-se de contratos referentes a

para a satisfação das necessidades do Reino Unido paga à vista seus fornecedores equipamentos de amp'liação para circuitos

país. sem qualquer necessidade de financiamen­ interurbanos e para centrais urbanas.

to, na Grécia todos os grandes projetos são

negociados na base de “supplier’s credit”
4 — Métodos de Financiamento Utilizados para 85% do valor do contrato, restituíveis Dentro do quadro de tais convenções, são

em Outros Países Para o Setor
em prazos de 5 a 8 anos. passados contratos para cada operação

individual, a sociedade financeira assegu­
Como ficou dito acima, as reduções drásti­ A administração belga, de acordo com as rando em cada caso o pré-financiamento

cas no programa de compras e instalação últimas informações, tem a terça parte de durante o período de execução da ecomen*

de equipamento de telecomunicações, a seus recursos provenientes de verbas orça­ da, o mesmo se aplicando, mediante contra­

começar por novas Centrais Telefônicas
mentárias, e outros dois terços são obtidos to em separado, à construção da obra civil.