Page 46 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1977
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A coluna 1 representa as cifras relativas
ao ano de 1977, a preços médios de 77
(ou equivalentes a preços correntes em
77), conforme previstos em 1976.
Admitamos, por hipótese, que — do
ponto de vista físico — a empresa vá
manter-se estável em 1978 como o foi
em 77, isto é, manterá o mesmo nível
mensa! de vendas físicas. A projeção
a preços constantes de dezembro de
1977 para o ano de 1978 está exposta na
coluna 2. A base de cálculo foi, por
hipótese, o comportamento dos preços
referentes a receitas e despesas confor
me aparecem na figura 3. A receita é
reajustada em março de cada ano, sen
do seu comportamento em 1977 dado
pela figura 3a. A despesa, ao contrário,
tem um comportamento uniforme, au
mentando linearmente de janeiro a de
Este procedimento justifica-se, funda- Iremos, inicialmente, mostrar que é ne zembro (figura 3b). Amoas estão pre
mentalmente, por dois motivos: cessário adicionar condições suplemen vistas subir 40%, durante o ano de 1977.
tares que, de modo geral, não estão pre
a) sendo difícil prever a inflação no ano sentes no nosso contexto econômico
subseqüente ao primeiro ano do plano global, qual seja a de um comportamen
(isto porque as taxas de inflação tem to linear de todos os preços. E mais:
um com portam ento pouco regular, que alterações de valor estarão todas
dado à freqüente intervenção política referidas ao mesmo tempo, o que tam
governamental), toma-se melhor manter bém não é sempre verdadeiro em nosso
os anos subseqüentes a preços cons contexto, tal como acontece com a cor
tantes para oportunamente inflacioná-los reção monetária que é defasada pra
diretamente, e não ter que deflacioná- ticamente de um ano em relação a ou
los para depois inflacionar com a nova tras bases de preço. Vamos, inicialmen
taxa estimada; te, considerar apenas o primeiro proble
ma relativo a não linearidade da evolu
b) ainda que os valores a preços cons ção dos preços, como soe acontecer com
tantes não venham certamente a se rea salários, tarifas, etc., que sofrem altera
lizar, pressupõe-se que o plano, manti ção em degrau, geralmente uma vez
das as demais condições, irá posterior por ano. Vamos tomar um exemplo
mente, quando inflacionado, manter in extromamente simples de um "plano"
variante suas características estruturais composto de receita, despesa e resul Ao compararmos as colunas 1 e 2 (fi
(representado por índices relacionais) tado, e tendo como variável estrutural gura 2) verificamos que o índice RES/
e que estas características são sufi a razão Resultado/Receita. (figura 2): REC cai para quase a metade em 1978,
cientes para julgar da viabilidade do relativamente a 1977, o que, evidente
plano. mente, é um contrasenso, sabendo-se
que a empresa prevê um comportamen
to físico, em 1978, idêntico ao de 1977.
Figura 2: "P lano" Receita, Despesa e Resultado; Razão Resultado/Receita Na coluna 4, está colocada a previsão
a preços correntes de 1978, após sa
bermos que o comportamento dos
LP (77/77) LP (78/D77) LP (78/077*) LP (78/D78) preços em 1978 deverá ser idêntico ao
de 1977, conforme se vê na figura 3b,
para despesa.
Receita 160,0 168,0 189,3 224,0
Verificamos que o índice RES/REC
Despesa 129,6 151,2 151,2 181,4 volta a ser previsto em 1978 idêntico ao
de 1977. Como, aliás, seria razoável es
Resultado 30,4 16,8 38,1 42,6 perar.
Ê fácil verificar que o engano a que fôra
mos inicialmente induzidos, quanto à
RES "estrutura" da empresa em 1978, se
REC 19,0% 10,0% 20,1% 19,0% deve ao modo de cálculo da receita,
feito a preços constantes, tomando-se
dezembro de 1977 como referência,
como fizéramos para a despesa.