Page 47 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1977
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Em síntese, se quizermos evitar distor não são tão grandes. Entretanto, este interno poderá, a nível de inflação de
ções estruturais, como a aqui exem não é um bom argumento; apenas afir 40%, ser multiplicada por 4.
plificada, só podemos trabalhar com ma que poderá haver compensação,
preços efetivos do fim do período na mas não garante, o que só aconteceria Devemos atentar também para o efeito
hipótese de um comportamento linear se fosse feito o cálculo corretamente. das correções retardadas, como é o
dos preços ou que todos se alterem não Logo, não é um bom argumento para caso da correção monetária, e seu
linearmente, porém simultâneamente, que não alteremos nosso processo de efeito consequente sobre a deprecia
o que positivamente não é o caso no projeção. ção. A extensão do problema poderia
Brasil, em particular para as empresas ser grandemente alargada.
de serviço público. Observe-se que só assim terá sentido
compararmos projeção a preços corren Pretendemos aqui mostrar estes efeitos
0 modo de contornarmos o problema tes futuros com projeção a preços cons deformantes e como eles crescem em
está ilustrado na figura 3a. De modo tantes anteriores, para um mesmo perío função do nível da inflação esperado.
geral, teremos que trabalhar com preços do, coisa que, hoje, estamos impossibili
"normalizados do fim do ano". As defi tados de fazer; e somente assim seria Não vamos utilizar uma técnica analí
nições de preço normalizado podem ser possível julgar do grau de acerto nas tica, pois nosso propósito é apenas
mais ou menos sofisticadas, podendo- previsões de nossos planejadores. ilustrar a existência e magnitude do
se em princípio usar como preço norma problema; e ainda porque não iremos
lizado para dezembro do ano t o produto propor como solução processo de cor
do preço médio do ano t multiplicado 3. Distorções estruturais das proje reção de natureza analítica para o
pela raiz quadrada do índice de preço ções a preços constantes problema, mas sim a mudança de cri
m m
de dezembro do ano t em relação a tério de projeção.
dezembro do ano anterior. Simbolica Mesmo que trabalhemos com preços
mente: correntes normalizados, como propos Para tanto, vamos começar com um
to no item anterior, ainda assim a estru balanço hipotético referente ao ano de
“ I / IP (dezt) 1 tura do plano económico-financeiro 1977, seguido de projeção, para 1978,
p* (dez t) = p (t) X (projeção de Lucros e Perdas, Balanço da formação de lucro e patrimônio
yiP Idezt 1) ou Balanços de Fontes e Usos) poderá líquido (lucros e perdas generalizado)
apresentar grandes distorções, face ás e do balanço final para 1978, elabora
Podemos exemplificar: diferentes formas em que a inflação dos com preços de dezembro de 1977
afetará cada um dos itens. normalizados (figura 4):
seja IP (dez 76) = 200
Dramático, por exemplo, é o efeito Agora, vamos admitir duas hipóteses
sobre as despesas financeiras que, a alternativas, referentes à taxa de infla
IP (dez 77) - 280
preços constantes, considera apenas ção que se irá estimar futuramente.
os juros e que, a preços correntes, Na primeira hipótese, tomamos a taxa
com a inclusão da correção cambial no de aumento de preços para 1978 (m78)
caso de empréstimo externo ou de igual a 21%; e na segunda hipótese,
correção monetária de empréstimo m78 igual a 44%. i
Esta, pois, seria a tarifa (no casa, face à
constância da venda física, também a
receita) normalizada para dezembro de FIGURA 4 BAlANCO f CONTA DE LUCROSEFtRDAS ' PROJFCAO A PREÇOS CONSTANTES D T
1977 e que serviria de base para a pro
FOR (78/ D77 )
jeção a preço constante em 1978.
A receita total, a preços constantes nor
malizados para 1979, seria pois: B 177/0771
R* (78/dez 77) = 12x15,77 = 189,3
A despesa, face a seu comportamento
linear, não precisa ser normalizada pois,
se o fosse, daria aproximadamente o
valor de dezembro de 1977. A coluna 3
da figura 2 mostra o novo cálculo do
"Plano" a preços constantes normaliza
dos. Verificamos que a relação RES/ 1 0 0 0
EMP ? CPt
REC passa a 20,1% bem mais perto do ‘"A MU
valor que se deveria esperar. Isto é, o 1000
novo modo de projeção conserva apro
ximadamente a estrutura do "Plano".
Pode-se argumentar que este é um
exemplo hipotético "conveniente", mas
que, na prática, ocorrem muitas com
pensações, de modo que as distorções