Page 58 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1976
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de estrangulamento potencial da or • conflitos interdepartamentais podem projeto podem não ser alocados e dis
ganização. ser gerados pela percepção do lider poníveis.
como ameaça ao poder formal na or
• em atividades que envolvem diversas • o controle dos recursos consumidos
ganização
especialidades, a gerência dos tra são dificultados pois cada gerente fun
balhos torna-se difícil pois não há uma • o lider de projeto pode não possuir cional pode alocar e/ou substituir qual
visão sistémica da operação, sendo habilidades gerenciais e técnicas em quer dos especialistas de sua unidade
facilmente colocado em perigo o doses adequadas para o desafio im funcional, afetando os custos, prazos e
sucesso do empreendimento pelo posto pela missão. qualidade dos serviços.
fracasso e/ou irresponsabilidade de um
• pode ocorrer um aumento e dupli
grupo funcional. CONCLUSÕES
cação de recursos humanos e ma
• quando os programas são cance teriais.
Como vimos, os diversos problemas
lados. os grupos funcionais que te
• se a estrutura e o clima da empresa peculiares com que se defronta a
nham contribuído com destaque para
não favorecem a alocação de recursos gerência de P & D requer estilo geren
o programa, são afetados tão preju
e autoridade necessários para a gerên ciai próprio que, na maioria das empre
dicialmente quanto aqueles que não
cia do projeto, os líderes de projeto sas, deve permitir gerenciar as situa
efetuaram corretamente a sua tarefa.
podem ser indevidamente respon ções internas da unidade de P K De
sabilizados e avaliados por resultados também as interdepartamentais, de
ORGANIZAÇAO POR PROJETO
cujas causas não estavam de fato sob correntes do conjunto de valores tipi
Esta forma de organização, também o seu controle total. cos de unidades operacionais Além
conhecida como força tarefa, tem sido disso, empresas em que as atividades
adotada quando os trabalhos são in ORGANIZAÇAO MATRICIAL de P & D não foram integradas no pia
tensos, especializados e, em que a nejamento estratégico empresarial, o
Numa tentativa de utilizar somente os
continuidade, os custos e prazos são gerente de P & D muitas vezes è
aspectos positivos da organização por
criticos e precisam ser controlados e levado a assumir o risco pela sobrevi
função e da organização por projeto,
corrigidos em tempo hábil. vência tecnológica da empresa
esta forma híbrida de organização tem
sido adotada por algumas empresas.
Baseado na premissa de que a or Finalmente, como se pode notar na
ganização por projeto permite o con bibliografia citada, a carência de es
Neste esquema, a estrutura formal é a
trole gerencial de todos os aspectos do tudos brasileiros sobre os tópicos
organização por funções. Entretanto, é
projeto, este surge como uma unidade abordados nos alerta para a neces
criada uma função de gerência de
transitória dentro da estrutura formal sidade de pesquisas onde nos seja
projeto, com autoridade formal para
de organização, que pode ser toda ela possível obter dados que permitam
interagir horizontalmente na orga
baseada em estrutura por projeto ou analisar a influência de fatores tais
nização. negociando cada fase de um
por função. De qualquer forma, a como os valores estruturais e culturais
projeto diretamente com os gerentes
célula é criada e os recursos alocados, do pais.
de cada núcleo profissional (51, 52).
os objetivos, as responsabilidades e
autoridades podem então ser claras e BIBLIOGRAFIA
A premissa básica para se considerar
bem definidas (45, 46, 47, 48).
esta estrutura, é a que as vantagens da 1. Simon, H.A "Technology and
organização funcional não são vio
Apesar das vantagens evidentes e do E nvironm ent” , Management
ladas, ou seja, mantém-se a maxi
sucesso obtido pela sua adoção, este Science, vol. 19, n° 10, ju
mização da capacidade técnica dos es
tipo de organização pode gerar alguns nho/1973, págs. 1110-1121
pecialistas, e as vantagens da orga
problemas para a gerência de P & D, 2 Drucker, p f. Uma era de des-
nização por projetos também são
principalmente se for uma organização continuidade, Zahar Editores, Rio
aproveitadas através da identificação
transitória sobreposta sobre uma es de Janeiro, 1974.
das responsabilidades, o que facilita o
trutura formal de organização por fun 3. Toffler, A — El shock dei futuro
controle gerencial proposto pela or
ções (49, 50): - Plaza & Janes S.A Editores.
ganização por projetos.
Barcelona, Espanha, 1971.
4. Douek, R.R.I. — "O Binómio,
• quando as atividades de cada es Apesar de algumas vantagens eviden
padronização - desenvolvimento
pecialista são de longa duração (maior tes desta organização, as desvanta tecnológico no setor de tele
que 6 meses), as unidades que ce gens mais significativas são (53, 54): comunicações", Telebrasil, ju
deram os profissionais podem se res
nho/agosto de 1975.
sentir pela ausência demorada de seus • embora o gerente de projetos seja
5 Maslow. A H - "Uma teoria da
recursos hum anos, principalm ente responsabilizado pelo sucesso do
Motivação Humana” , em 0 Com
aquelas em que o número de espe projeto, ele não tem nenhuma auto
portamento Humano na Empresa
cialistas è pequeno. ridade direta sobre qualquer atividade Editora Fundação Getúlio Var
requerida pelo projeto.
• os profissionais não habituados ao gas, 1975, págs. 337-366
trabalho em organizações desta forma, • se o projeto não tiver o apoio da alta 6 McGregor, D. The-Human Side
podem não se adaptar e inclusive não direção na fixação de prioridades, ou of Enterprise, McGraw-Hill, N.
compreender a situação pouco tra se ocorrer qualquer problema de re York, 1960.
dicional de possuir dois supervisores, lacionamento entre o gerente de 7. Argyris, C. — Personalidade e Or
sendo um para a parte funcional e projeto e os gerentes dos grupos fun ganização, Editora Renes Rio de
outro para a técnica. cionais, os recursos necessários ao Janeiro.