Page 8 - Telebrasil - Julho/Agosto de 1963
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sagrados pelos benefícios que trouxeram a        até aqui administradas com tanto de honra­

economia nacional ?                              dez quanto de competência.
     Noticia o governo que, nacionalizando as         O* que enxerga a autoridade encampado-

Emprêsas Elétricas, haverá ,no mínimo, um        ra no acervo que, desta vez, lhe chega às

aumento de vinte e sete por cento para os        mãos ?
seus usuários.                                        Mais outras fontes de empregos a' dis­

     Mas por que não chamou os inversores        tribuir com os “ maffiosos” do comando da
particulares, concedendo-lhes êste mesmo
benefício legal ,a que tinham direito?           greve.
                                                      O ministro de Minas acaba de fazer esta
     A í é que está a má fé, misturada de
cupidez, do Estado.                              afirmativa sombria:
                                                      — “Não haverá mais lugar paca o ca­
     Por si próprio, a quanto subiu o custo
 das instalações e das operações, em tôda a      pital privado diante do problema da ener­
máquina administrativa, no mundo, nestes         gia” .
30 anos?
                                                      Êle assegurou, categórico e sem piedade
      Indiferente a esta realidade, o Estado      da sua pátria:
nega, ,de maneira injustificável, quaisquer
meios à iniciativa particular para enfrentar           — “ A permanência das Emprêsas Elé­
 as causas da elevação do custo de vida,          tricas, em nosso âmbito, é incompatível
 inclusive a deterioração da moeda, refletida
 nas taxas cambiais.                              com a doutrina de estatização da energia” .
                                                       Um parlamentar baiano do PSD nos ga­
      A negativa do reconhecimento do direito
 dos concessionários de serviços públicos teria   rantiu êste pesadelo, como fato natural da
 que atingir ao ponto de estrangulamento,         ordem de um eclipse.
 pelo qual suspiravam os agentes da União
 federal.                                              N ão se tem dito. até agora, com o tom
                                                   pavoroso que o assunto comporta, esta
      As vítimas capitularam.                      quase verdade:
      E o malfeitor se apodera do produto do
 seu crime.                                             A inflação brasileira é de fundo salarial.
       O Estado será o dono de companhias.              Emitem-se mais de três centenas de bi­
                                                   lhões de cruzeiros por conta das brigadas
                                                   de vadios, transformados em funcionários.
                                                        Agora, o Exército da Salvação peleguista
                                                   recebe um contingente de novas “divisões” .

TELEFONE E TEIMOSIA

          Sob o título acima, o matutino “Estado de Minas”, de Belo Horizonte, da ca­
deia dos “ Diários Associados” , edição de 19 de julho, publicou o artigo que se vai

lêr, o qual, submetido a uma prévia revisão pela própria origem, bem retrata o esta­
do de espírito de uma cidade que, tendo podido solucionar o seu problema telefônico,
há quatro anos e meio, em bases modestas, encontra-se, até hoje, na mesma e afli­

tiva situação, isto é, vendo o problema agravar-se, dia a dia, e certa de que, hoje,
o auto-financiamento já não seria mais feito senão com o acréscimo de um quase
insignificante “ zero” : — o que poderia ter custado 30 mil cruzeiros, em 1959, e não
se fêz, talvez venha a custar, agora, cérca de trezentos mil cruzeiros:

            “TELEFONE E TEIMOSIA                 proposta, sem que outra fôsse adotada, e,
                                                 que além disso, o desembolso, hoje, não será,
       Por diversas vêzes, temos abordado a      como teria sido em 1959, de somente trinta
situação inexplicável de impasse em que nos      mil, mas será, talvez, de trezentos mil cru­
encontramos, no que concerne à solução do        zeiros ou mais, segundo os cálculos que, de
problema telefônico de Belo Horizonte. Os        quando em quando, são divulgados, e segun­
candidatos a telefones queixam-se, com jus­      do notícias provindas de outras cidades onde
ta razão, de que já teriam tido o seu apare­     o serviço foi ou está sendo instalado. Im ­
lho — e, então, pelo desembolso módico de        porta, sim, considerar que. além da ener­
apenas 30 mil cruzeiros — se, em janeiro         vante espera por uma solução, o aludido
de 1959, não se houvesse frustrado uma           desembolso será cada vez mais elevado, quan­
proposição da Câmara Municipal, oriunda da
legislatura que findava. Não importa con­        to mais tempo transcorrer.
siderar que, tanto naquele ano como hoje,               Nem mesmo, todavia, a lição colhida da-
ao desembolso corresponderia, de qualquer
modo, pela aplicação do sistema do auto-         quêle episódio está servindo, impressionando
-financiamento, a subscrição de ações do         ou comovendo aos que, hoje, quatro anos de­
capital da concessionária e, désse modo, o       pois, têm a seu cargo a solução do impasse.
dispêndio era, desde logo, compensado pela
retribuição em títulos da emprêsa — além         Devem ter telefone, certamente que o pos­
da instalação do aparelho telefônico. Impor­     suem, aquêles que teimaram em prejudicar,
ta considerar, sim, que são decorridos mais
de quatro anos do ato que vetou a solução        e prejudicam, realmente, tanto a cidade como

                                                 os diretamente interessados, pois, de outro
                                                 modo, já teria sido equacionado o problema

                                                 e já teria sido autorizada- a adoção do siste­

                                                 ma conveniente, sem mais tardança e sem
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