Page 3 - Telebrasil - Novembro 1962
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Hoje, quando o mal é o mesmo e o mesmo é o remédio, a implantação
 da fórmula salvadora será muito mais difícil porque a demanda é muito
 maior e o custo do equipamento necessário ao seu atendimento é muito
 superior — quase dez vêzes mais do que representava em 195A-

        Vale ressaltar que o ponto crucial do problema reside, hoje, na
 impossibilidade de qualquer solução a curto prazo para a demanda exis­
 tente — fator este que tem sido o mais relegado pelas autoridades inte­
 ressadas no assunto'. A indústria nacional de equipamento telefônico tem
 sua produção limitada, dentro de programas dos mais rígidos, daí porque
 dizermos que qualquer plano elaborado para alcançar a regularização
 do serviço somente poderá ser executado a longo prazo. Não será em
 quatro ou cinco anos que conseguiremos ver atendidos os justos reclamos
 de quase um milhão de candidatos a telefone, com pedidos de novas ins­
 talações registrados por toda a parte e, mais acentuadamente, nas grandes
 capitais do país. Mesmo que haja disponibilidade em recursos financeiros
 e mercado farto de equipamento — ainda assim a execução de progra­
mas de maior amplitude demandará muito tempo para chegar a bom
têrmo.

       E quanto custará, no decorrer de prazo tamanho, uma linha tele­
fônica completa e pronta para funcionar? Como, em que condições po­
derão ser preparados os orçamentos se o valor da nossa moeda se dilue,
no dia-a-dia, e a conjuntura cambial — importante na importação de
matéria prima — é indefinida e imprevisível?

       Lamentavelmente, tudo continua, atualmente, na estaca zero, e o
debate se trava simplesmente em tomo de quem deva responsabilizar-se
pela operação do serviço em crise. Discute-se, pura e simplesmente, em
tomo da competência legal para explorar, ou não, um serviço publico
tão relevante — mas ninguém se mexe no sentido de assegurar condi­
ções para a exploração.

       O Poder Público reconhece que a solução do problema é aquela que
foi, no passado, configurada no trinômio inexorável; mas é lento nas
suas decisões e a aplicação do remédio salvador vem sendo inexplicável­
mente retardada.

       Qualquer que seja a política adotada, no futuro, com relação ao ser­
viço telefônico — quer fique o sistema nacional entregue, para exploração,
a particulares, como seria mais recomendável, quer prevaleça o processo
de estatização ora em curso, com todos os seus perigos e inconvenientes
— sua regularização haverá de depender unicamente da execução da­
quelas três providências tão reclamadas e que têm sido a tônica da pre­
gação feita: — tarifas adequadas a todo tempo; indústria nacionâl de
equipamentos, com produção farta assegurada; e autofinanciamento.

      Não resta dúvida de que ainda há esperanças de que tudo poderá
ser resolvido a contento — porque a esperança é a última cousa
que se deve perder! O refrão tão batido haverá de poder, um dia, pre­
valecer e o Brasil poderá, então, recuperar o tempo perdido, se bem que
a custa de muito maior empenho e de redobradas energias.

      A nós só resta esperar — como já o dissemos em edições passadas —
com a pertinácia e a paciência que vimos tendo, as quais não têm tido
limites. Só nos resta esperar, é verdade! Seja-nos lícito, entretanto, per­
guntar: esperar até quando ?
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