Page 7333 - Revista Telebrasil
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to das TCs está diminuindo tanto interno
quanto extemamente. Segundo ele, o proble
ma maior é quando se fixa um teto de gas
tos no orçamento e a inflaçáo sobe muito. As
empresas de TCs têm disponibilidade e re
cursos em caixa, mas não podem usá-los de
vido as restrições de investimentos. Valéria Cristina Rodrigues
Quanto ao Fundo Nacional de Telecomu- - t
nicações (FNT), o presidente da Telebrasil
revelou que, para 1984, a previsão de arre Negociações com Delfim
cadação é de aproximadamente Cr$ 550 bi A exemplo do que aconteceu, no Rio,
lhões, mas apenas Cr$ 50 bilhões serão o senador Marco Maciel se reuniu com Firmino Freitas, que dirigiu a mesa,
transferidos para a Telebrás. “O resto vai pa empresários da área de telecomunica insistiu no fato de que “há estatais que
ra o orçamento da União”. ções, no auditório da Abinee, em São
Paulo. Além das duas questões discutidas ocupam um espaço que deveria ser exclu
O valor do orçamento para 84 é, em va no primeiro encontro — os limites de in sivo da iniciativa privada” e que “a deses-
lores reais, inferior ao de 1983. A previsão vestimento e o papel do FNT — outros tatização será mais eficiente ser for estan
é de contratação de 350 mil terminais. “Se pontos foram levantados: a portaria 118 cado o ritmo de estatização”. O presidente
o FNT fosse todo para as TCs cobriria qua e a centralização do dólar pelo Banco de Abinee advertiu que somente na área
se todo o investimento previsto para 84” — Central. cia Seplan há cinco empresas gráficas e
afirmou Quandt, acrescentando: O senador Marco Maciel, que rece apresentou como sugestão “despertar o
— O investimento da Telebrás para ex beu o título de Governador (las Teleco apetite para a compra das empresas que
pansão do serviço será mais ou menos de 1 municações quando estava à frente do go podem ser compradas”. “A poupança na
trilhão e 300 bilhões de cruzeiros para todo verno de Pernambuco, se colocou á dis cional está sendo canalizada para o rola
o setor, só que o orçamento muda constan posição para discutir assuntos ligados ao mento da dívida, através das medidas fis
temente e até agora (14/12/83) a Seplan ain setor e falou sobre o projeto do deputa cais. Não falta capacidade empresarial, e
da não o aprovou. O ideal seria: deixar que do federal José Jorge que pretende inse sim capital.”
se gastasse os recursos que o setor tivesse, rir na reforma tributária um dispositivo A esta colocação o senador mencio-
ou seja, o reinvestimento dos lucros das con de modo que o Sistema Nacional de Te nou o decreto que proíbe a criação de no
cessionárias; e que uma parte maior do FNT lecomunicações volte a ter o mínimo de vas gráficas. Segundo ele, o movimento
retornasse para as TCs. Por exemplo:,. 15% recursos de que dispunha anteriormen começou em Pernambuco, alastrando-se
para as TCs, uns 8 a 10% de Imposto Único te para o FNT Um projeto ordinário, se até São Paulo, Distrito Federal, Minas e
que iriam para a União e ainda sobravam uns gundo o senador, cairia na inconstitucio- Alagoas. Ressaltou também que a Comis
5% para dar “uma colher de chá” para o nalidade por se tratar de matéria priva são dos 11 do PDS propôs ao governo um
usuário.
tiva do Executivo. mecanismo de aceleração do processo de
Segundo Quandt de Oliveira, algumas in- O presidente da Telebrasil, Euclides desestatização.
dústrias e fornecedoras de serviços de TCs Quandt de Oliveira, lembrou que no pró dentar negociar com Delfim, uma vez
já fecharam por falta de encomendas. E is ximo ano o setor de telecomunicações que o setor de telecomunicações pressio
so pode agravar-se em 84 devido a maiores atendera a um número menor de pedidos na pouco a balança de pagamentos, foi
restrições nos investimentos, gerando, em do que em 1983 e acrescentou que “o se uma sugestão do convidado da Telebra
conseqüência, mais desemprego. nador Marco Maciel seria o melhor por sil, para quem “uma pequena elevação do
O ex-Ministro das Comunicações suge tador do memorial preparado pela Tele nível de investimentos refletiria na me
riu que as indústrias que abastecem o Siste brasil e dirigido ao Ministro Delfim Netto lhora da prestação de serviços”. Outra
ma Telebrás procurem ajustar-se a esta rea tratando dos temas principais ligados ao vantagem caso as conversas com o Minis
lidade, saindo em busca da fabricação de pro setor”. tro do Planejamento sejam bem sucedi
dutos alternativos como meio de garantirem das será “a reativação do parque indus
sua sobrevivência. O papel do Estado trial, que já deu um salto expressivo nes
te setor, inclusive em tecnologia, da qual
— Telecomunicações e Informática não não podemos abrir mão sob pena de com
podem ser tratadas separadamente - afri- Os excessos nos gastos públicos, mo prometer o futuro do país”.
mou Quandt de Oliveira. Quando você põe tivo da criação do decreto 2037, também
um cabo telefônico ou um cabo de fibra óp foram mencionados, e alguns empresá Um pacote para o setor
tica numa rua qualquer, não pode ficar com rios disseram que “as estatais são atual
a preocupação: “Neste fiozinho daqui vai mente bodes expiatórios”. O senador Sugerindo que um adendo seja incor
passar uma mensagem telefônica e este da acha que um problema a ser pensado é porado ao memorial da Telebrasil, Mar
qui é um computador que está ligado ao seu o papel do Estado na economia. Segun co Maciel ponderou que “uma vez que há
terminal, aquele outro é um telex”. Então, do ele, talvez já esteja na hora de o Esta escassez de recursos, deve-se tentar apli
não pode. A informação é como um todo e do deixar dê lado o papel de empresário car bem o pouco de que dispomos”. À
não pode ser tratada separadamente. Na opi para assumir a tarefa específica que lhe preocupação do setor de eletro-eletrôni-
nião do presidente da Telebràsil, Minicom e cabe nas sociedades democráticas. “Não ca de tentar definir o que é informática,
SEI devem ser uma só entidade.
há país em que esteja assegurada a liber já que há dúvidas sobre sua jurisdição,
Sobre a reserva de mercado, disse dade de expressão sem que esteja asse respondeu: “Esta questão nos remonta à
Quandt que o importante é a criação de uma gurada também a liberdade de iniciativa necessidade de definir claramente a po
tecnologia nossa. Uma empresa — seja ela no plano econômico”. lítica industrial brasileira, pois é preciso
multinacional ou nacionalizada — por faci Lembrando que este assunto deveria dar um mínimo de segurança à iniciati
lidade pode utilizar uma tecnologia externa^ ser objeto de uma discussão prévia, Mar va privada, e de modo particular ao setor
mas essa tecnologia não é brasileira. E co Maciel citou ainda os orçamentos das industrial brasileiro”.
importada. estatais que são hoje bem mais significa Marco Maciel lembrou, ainda, que o
— Tem muita empresa nacional que diz tivos que o próprio orçamento fiscal da Ministério da Fazenda tem prioridades
que está desenvolvendo técnologia própria, União”. Para ele, as empresas estatais estratégicas, como o petróleo, e já tem li
mas na verdade ela foi lá fora, comprou uma que atuam no setor de telecomunicações mitação para operar esta área. “Assim, é
caixa preta e montou tudo aqui. Para mim is e energia elétrica são exemplos de boa necessário abrir espaços para outros se
so não é tecnologia nacional e não devia se administração. Se estas fossem tomadas tores que tenham efeito sobre a economia
ter uma reserva de mercado. Então, nós te como modelo, frisou o senador, “não es nacional e que possam gerar bens expor
mos que o usar o próprio cérebro, o cérebro taria havendo essa onda contra as esta táveis, o que, em última análise, gera dó
de nosso pessoal, para nós não passarmos tais” lares”. t'
simplesmente de braços para os cérebros que
estão lá fora - concluiu Quandt de Oliveira.