Page 12 - Telebrasil - Junho/Julho 2002
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M i c r o e l e t r ô n i c a





            A política para o nosso complexo eletrônico privilegiou a
             fabricação do produto final  no País. Agora é a vez de
             implantar, aqui, uma indústria de componentes. O
             presidente mundial da Intel visitou recentemente o Brasil.

             J. C. Fonseca

                     complexo eletrônico (a da­
                     dos de  1999), basicamente
             O informática,  automação,
             telecomunicações  e  eletrônica  de
             consumo, equivale a negócios globais
             de  US$  1,2  trilhão,  movimentando
             quase  2,5  vezes  mais  que  toda  a
             indústria do petróleo.
                Neste contexto, o Brasil se situa re­
             lativamente bem. Somos o 9.° consu­
             midor  mundial,  bem  como  o  maior
             produtor (sul-americano) de bens e ser­
             viços de eletrônica.  Nosso complexo
             eletrônico cresce seis vezes mais rápi­
             do  do  que  o  PIB.  Em  2001,  faturou
             cerca de US$ 30 bilhões (6% do PIB).
                Mas, existe um senão. O País não
             se capacitou para a tecnologia de mi­
             croeletrônica e é obrigado a importar
             todos os componentes que precisa. As
             autoridades monetárias, sempre vigi­  ções importam, respectivamente, cinco   o  dirigente  advoga  que  a  alíquota  do
             lantes, já observam  a  pressão  que  a   e  três  vezes  mais  insumos  do  que   imposto  de  importação  dos  insumos
             importação  de  componentes  produz   exportam. Para cada US$  10 de com­  deve ser menor do que para os produtos
             na nossa balança de pagamentos.  ponente eletrônico importado, o País   finais,  o  que  hoje  absurdamente  não
                -  Está na hora de colocar os bois   exporta  apenas  US$  1.  Os  compo­  acontece.  Os  insumos  químicos  para
             à frente do carro -  afirmou um espe­  nentes eletrônicos se confundem cada   componentes  passivos  pagam  para
             cialista, referindo-se à necessidade de   vez mais com o produto final.  entrar no País alíquotas de 10%.
             cuidar da base da cadeia produtiva do                                No  caso  dos  componentes  ativos
             complexo  eletrônico.  Os  dados  aí   Medidas                    (inteligentes),  o  ideal  será  atrair uma
             estão:  1) a balança comercial do com­  Benjamin Benzaquen Sicsú, secre­  empresa-chave responsável pela atração
             plexo eletrônico acumula constantes   tário-executivo do Ministério do De­  de toda uma cadeia produtiva.  Há um
             déficits (US$ 6,3 bilhões  apenas em   senvolvimento da Indústria e Comér­  namoro antigo, mas sem desfecho, das
             2000);  e  2)  os  componentes  eletrô­  cio, vê como políticas a adotar:  1) agi­  autoridades com a  Intel,  detentora do
             nicos ativos (que manipulam o sinal)   lizar a entrada de insumos para a indús­  quase  monopólio  dos  microprocessa­
             e passivos (os demais) respondem por   tria eletrônica; 2) liberar de impostos   dores no mundo. Estudos apontam que
             40% desse déficit.               os insumos destinados à fabricação de   a maioria dos  países  reduz o imposto
                Numa visão rápida, a eletrônica de   componentes  para  exportação;  e  3)   de renda da pessoa jurídica da indústria
             consumo  (basicamente  televisores)   exportar  80%  dos  componentes  para   de componentes que quer atrair.
             mantém  sua balança comercial  equi­  dar escala local de fabricação.  O computador é um bem estratégico
             librada.  Informática  e  telecomunica­  Para estimular a fabricação no País,  para qualquer mercado. O Brasil, com a
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