Page 12 - Telebrasil - Abril/Maio 2002

Também precisa ser completada a Mercado de uma indústria de microeletrônica no
complexa migração do modelo SMC Em termos amplos, o crescimento da País. E há R$ 2,2 bilhões no caixa do
(Serviço Móvel Celular) para o SMP receita das operadoras começou a esbar­ Fundo de Universalização dos Serviços
(Serviço Móvel Pessoal), que se fez al­ rar no poder aquisitivo do brasileiro. Nas de Telecomunicações - Fust - sendo dis­
guns felizes, outros nem tanto; e há igual­ classes de economia mais baixa ou em putados por projetos diversos e indo a
mente o problema da repartição de re­ área de menor densidade - objeto da uni­ lugar nenhum.
ceitas e do unbundling que cria choques versalização do serviço a receita por Compondo a situação, a tecnologia dc
entre as operadoras. terminal, incluindo o pré-pago (70% dos pacotes - a informação é dividida em
Resta ainda diminuir a carga tributá­ usuários), é pouca se comparada com o pacotes que procuram seu destino na
ria que onera o usuário e que reduz o flu­ investimento feito. E o índice de inadim­ rede - obriga as empresas a investir na
xo de dinheiro para o bolso das operado­ plência é alto. troca de seus sistemas de uma geração
ras e que todos começam a entender - a A preços hoje praticados, o mercado de anterior, onde uma linha é estabelecida
não ser os governantes estaduais - como telefonia estaria saturado. Quem poderia e mantida enquanto dura a chamada.
algo a ser modificado com urgência. Isto sem falar na indústria do entrete­
Segundo um empresário, do lado dos nimento eletrônico e no uso da Inter­
fornecedores acabou a euforia que tomou "0 mercado net que convergem com o mundo da co­
conta da indústria no passado, com fá­ municação digital.
bricas operando em três turnos. esbarra no Tal como ocorre com a troca de car­
- O Eldorado acabou - mencionou um ros, a modernização da planta é uma es­
executivo. O decálogo adotado nas cú­ poder de perança real para os fornecedores de ro­
TELEBRASIL/abrit-maio perdê-lo e terceirizar no que for possível, brasileiro" formática) e comutadores (provenien­
pulas das operadoras é o da planta ge­
teadores (advindos da indústria de in­
compra do
rando tráfego, briga pela receita de
interconexão, pressão por tarifas mais al­
tes da indústria de telecomunicações
tas, bom atendimento ao cliente para não
“tradicional”) e que reflete a convergên­
cia de duas vertentes na conquista do
para enxugar quadros (preservando o core,
um conceito subjetivo). Tudo isto man­ mercado da informação.
As tensões do modelo, incluindo in-
tendo em alta a eficiência. ter um ou mais meios de comunicação já cumbents, espelhos, operadores celula­
Operadoras já efetuaram sondagens e estaria servida. Resta às operadoras pug­ res e de longa distância, órgãos regula-
tomada de preços para o atendimento e narem pelos serviços de valor agregado, tórios e poder concedente, foram refle­
o gerenciamento terceirizado de suas como o mercado de mensagens curtas; bri­ tidas ultim am ente pelas discussões
plantas. Na Telemar, por exemplo, garem pelo filão do mercado corporativo; havidas em seminários e painéis, bem
Siemens e Alcatel (esta no Nordeste) ga­ e sonharem com a killer aplication, que o como pela imprensa especializada em
nharam, em janeiro de 2001, a supervisão mercado vai querer adotar. particular e pela grande imprensa de um
terceirizada de 10 milhões de linhas - Correndo por fora, um computador ba­ modo geral.
com redução de 1.300 pessoas na opera­ rato, acessível e divulgado tal como hoje Esse, então, é o quadro atual. Grandes
dora - num negócio que supera a RS 40 é o televisor, ajudaria a solucionar essa interesses, quando não felizes, pressio­
milhões anuais. equação mas que passa pela implantação nam. E a lei milenar.

Teste da UIT para os órgãos reguladores

Segundo a UIT, a universalização das mandato claro do governo, recursos huma­ nistrativa durante as mudanças de go­
telecomunicações requer a ação conjunta nos e financeiros suficientes, flexibilidade verno, decisões com intenções transpa­
de governo, iniciativa privada e agências organizacional e bastante autoridade e ob­ rentes e pautadas por um modelo cla­
de desenvolvimento. Uma autoridade re- jetivos e metas para poder decidir bem”, ro, autonomia orçamentária e pessoal
gulatória deve ter independência em re­ recomenda a União Internacional das Te­ estável e capaz. Desreguiamentar não é
lação aos atores do mercado, às influên­ lecomunicações. E só testar, na prática. abolir regras. Estas devem ser voltadas
cias políticas e habilitação e capacitação Luiz Francisco Perrone (ex-vice-pre- para a competição e para os direitos do
necessárias. E só verificar, portanto. sidente da Anatei) formula que uma consumidor, ao invés de tecnologia. É
“Um órgão regulador eficaz deve ter agência deve manter continuidade admi­ só comprovar, simplesmente.