Page 25 - Telebrasil - Setembro/Outubro 2001
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um  projeto  de  país  industrializado   entífica  nas  universidades,  em  sua   O Ministério da Ciência e Tecno­
       com a alavanca de  investimentos es­  maioria, não teria valor comercial.  logia está produzindo um  salto  qua­
       tatais em empresas produtivas, como   Do  outro  lado,  quando  vemos  os   litativo  no  processo  como  um  todo,
       tínhamos na década de 60. Nosso Go­  números da macroeconomia, nos as­  após juntar  os  questionamentos  em
       verno atual não tem um projeto naci­  sustamos  com  o  inchamento  incon-   um  livro verde,  discuti-lo  em  reuni­
       onal de desenvolvimento que acredi­  trolável  da  dívida  pública,  interna  e   ões regionais e organizar a conferên­
       te na capacidade produtiva e empre­  externa, engordada a cada dia com os   cia, cujas conclusões estarão reunidas
       endedora da nossa gente, mas o País   2/3  de juros  rolados.  O  magro  1/3   em  um  livro  branco.  Os  fundos
       hoje é muito mais complexo e desen­  pago, por sua vez, retirado do festeja­  setoriais, já formados e em formação,
       volvido do que era há 40 anos e dis­  do superávit primário das contas pú-  combinados  com  uma  lei  de  inova­
       põe  de  ilhas  de  excelência  nos  cam­                              ção, cujo anteprojeto está em consul­
       pos governamental e privado capazes                                    ta no site do M CT, devem dar ao se­  2 5
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       de reagir a uma análise autônoma de       "A  Embraer,                 tor uma dinâmica mais eficaz.
       nossa  própria  realidade.  O   relatório    ícone da                    No  simpósio  dedicado  à  indústria
       do PNUD não gerou, nem gerará, re­                                     eletroeletrônica, durante a Conferên­
       ações  extremadas da área econômica         tecnologia                 cia, ficou evidente a perplexidade ge­  TELEBRASIL/setembro-outubro
       do Governo (fonte real do poder), po­                                  ral frente ao déficit em conta-corrente
       rém certamente dará mais  consciên­       brasileira, já               gerado pelo nosso setor, que somado a
       cia aos formadores de opinião  a res­                                  outros, leva-nos ao grande gargalo da
       peito  de  necessidade  de  mudanças,         é  nosso                 falta de dólares, principal causador da
       depois de um ciclo de aumento da de­                                   queda do crescimento econômico; este,
                                                       maior
       pendência externa, onde só a Argen­                                    como  sabemos, leva  à  estagnação  do
       tina foi mais longe do que  nós, den­      exportador"                 mercado das operadoras e à queda das
       tre os emergentes.                                                     encomendas à indústria.
         Sobre  a importância  de  P& D  para                                   A recente, embora tardia, decisão do
       desenvolvimento não precisamos argu­  blicas,  representa  um  sacrifício  cada   Governo de incrementar as exporta­
       mentar. As estatísticas demonstram que   dia  mais  insuportável  para  quem  o   ções terá na desaceleração mundial o
       a produção científica nas universidades   sente na carne e um gap adicional em   maior obstáculo. Um programa agres­
       e centros de pesquisa e a formação de   algumas  estruturas  estratégicas  para   sivo  de  substituição  de  importações
       doutores e mestres crescem a cada ano.  o País. Estamos criando carências que   daria resultados. E uma decisão de ca­
                  Tecnologia               levarão mais de uma geração para se­  nalizar todos  os  recursos disponíveis
         As empresas em geral descobriram,   rem resgatadas. A visão diária do des­  de  P& D  para  apoiar  este  programa
       mais e mais, a necessidade de inves­  mantelamento do que sobra de sobe­  seria bem-vinda. O constrangimento
       tir  em  tecnologia  em  seu  conceito   rania econômica na nossa amiga Ar­  externo da economia e a falta de dó­
       mais  amplo,  envolvendo  materiais,   gentina  reforça  a  angústia  de  todos   lares são tão graves que uma mobili­
       processos e produtos.               nós em relação ao amanhã.          zação  da  sociedade,  nos  moldes  do
         Dizem os especialistas que ainda in­  A  Conferência Nacional de Ciência,   Ministério do Apagão, poderia evitar
       vestímos  pouco  em  relação  ao  PIB,   Tecnologia e Inovação, realizada de 18   mais uma rodada do efeito  Orlojf.
       comparativamente  a  outros  países,   a 21 de setembro, em Brasília (DF), reu­
                                                                                 Márcio Araújo  de  Lacerda  é presidente  da
       que o número de patentes é simples­  niu cerca de 1.500 pessoas de todos os   Construteí  e  vice-presidente  do  Conselho  de
       mente  ridículo  e  que  a produção  ci­  setores interessados no assunto.  Administração  da  TELEBRASIL.
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