Page 24 - Telebrasil - Setembro/Outubro 2001

Desenvolvimento tecnológico e o

Por volta de 1967/1968, a aliança entre economistas e militares no
comando da economia brasileira começava a obter tímidos resultados

positivos do ajuste recessivo posto em prática nos anos anteriores.

oi lançado, nesta época, um li­
F
de brasileira ainda é muito influenci­
Centro Técnico Aeroespacial - CTA.
vro cujo autor, o chamado “fu-
TELEBRASIL/sptembro-outubro tinha como especialidade acadêmica ada pelos modelos de fora e pelas aná­ Citamos este exemplo de sucesso
lises dos chamados brazilianists. Mas,
turólogo” americano Hermann
econômico surgido na época como
Khan, a serviço da Rand Corporation, naquela época, éramos muito mais
poderia mencionar outros que hoje
colonizados culturalmente. Descon­
são parte dos nossos problemas es­
a elaboração de cenários futuros para
fio que parte do que se fez no final
truturais tecnológicos, como o enor­
dos 60 em termos de planejamento
países e economias. A nossa impren­
me déficit da balança de pagamen­
sa realçou muito o tamanho do seu
QI, que me parecia era de 200 e tan­
enciado pelas projeções de Khan, cha­
gens remontam ao Governo militar,
tos, e o próprio corpanzil, que certa- estratégico no País tenha sido influ­ tos dos eletroeletrônicos, cujas ori­
madas de “pessimistas” por Simonsen
agravado pelos equívocos da privati­
mente andava pela mesma faixa. e outros respeitados economistas. zação de estatais desvinculada de
Pois bem, a importância deste ho­ Embraer política industrial e de uma abertura
mem para a história da economia bra­ Um dos grandes movimentos da es­ ingênua da economia.
sileira ainda precisa ser resgatada. Fa­ tratégia econômica e militar do regi­ Esta âncora na história dos anos 60,
zendo projeções dos indicadores da me de então foi a criação da Embra­ amarrada a estas duas locomotivas do
economia disponíveis, ele colocava o er, em 1969. Hoje festejada como o PIB - as indústrias aeronáutica e
Brasil em péssimo lugar no ranking grande ícone da capacidade brasileira eletroeletrônica -, nos dá um fio con­
para o distante ano 2000 em diversas no campo da tecnologia competitiva dutor para o momento presente, no
áreas. Isto veio a provocar um clamor internacionalmente, já é o nosso mai­ instante em que estamos discutindo
geral, pois tanto anulava o resto da or exportador. Vemos até brazilianists recente relatório do Programa das
euforia da “Era Juscelino” ainda re­ recomendando replicar seu exemplo. Nações Unidas para o Desenvolvi­
manescente, como colocava humilda­ A Embraer foi resultado de idealis­ mento - PNUD -, que nos coloca no
de nos planos do Brasil potência dos mo de poucos, gente bem-formada, 43.° lugar entre 72 países noTAI (ini­
militares. Não sei se a revolta maior vontade política de governo forte, ciais, em inglês, para índice de Con­
foi causada pelo choque da realidade mercado interno fechado, internacio­ quistas Tecnológicas).
estatística projetada, ou se pelo plano nalização imediata, financiamento Não somos o Brasil da década de
do gordo senhor em construir um gi­ barato e, principalmente, capacidade 60, o PNUD não é a Rand e o relató­
gantesco lago afogando todos os rios científica e tecnológica disponíveis rio não apresenta projeções, e sim a
da bacia amazônica! em duas instituições: o Instituto Tec­ realidade. Não temos uma ditadura
Certamente nossa visão da realida­ nológico de Aeronáutica - ITA - e o militar voluntarista e nacionalista com