Page 14 - Telebrasil - Setembro/Outubro 2001

A euforia ,

acabou?

Euforia é a sensação de bem-estar. Depois de cinco anos com

bom desempenho, a economia mundial das telecomunicações

vê sua estrela declinar. No Brasil, o clima "ilha-da-prosperidade"

já não é tão forte.

m dos primeiros indícios de novo patamar, mais longo, de lucros Luiz Mendonça de Barros, ex-minis­
U das telecomunicações surgiu ria e quitetos da privatização. Agora, nem
1 4 que havia problemas no setor equilibrados. tro das Comunicações e um dos ar­
No Brasil também ocorreu a eufo­
TELEBRASll/seterobro outubro presas ponto.com que fizeram - e des­ Telebrás. O acervo desta, avaliado em Móvel Pessoal, apesar do canto de se­
com o desencanto global pelas em­ o boorn especulativo. Foi ele que,
a oferta da Banda C para o Serviço
nos meados dos anos 90, agiu como a
grande força que permitiu privadzar a
fizeram - milionários da noite para o
reia da Anatei, encontrou tomadores.
Vítima do sucesso
dia. Ao não darem mais o lucro espe­
Ironicamente, a economia das tele­
rado, muitas dessas empresas, inicia­
US$ 8 bilhões, foi colocado à venda
comunicações está sendo vítima de
das em fundos de quintal, apresenta­
por US$ 13 bilhões e rendeu USS 20
ram queda em suas ações, causando
flutuações no índice Nasdaq para bilhões. De quebra, ambiciosas metas seu próprio sucesso. Nos EUA, a pul­
verização das empresas de telecomu­
gáudio dos especuladores e desespe­ nicações no mercado levou a partici­
ro dos investidores. "Privatizar pações da ordem de 20%.
Outro fato preocupante foi a euforia A introdução em grande escala, no
que cercou a venda, na Europa, de es­ a Telebrás mundo, de fibras ópticas apagadas, isto
pectro rádio visando a introdução da ter­ é, sem a eletrônica correspondente que
ceira geração celular 3G. Foram pagos seria, hoje, lhe faculta passar um tráfego variado,
preços astronômicos pelo direito de uso deu uma imensa capacidade a esse
desse bem escasso, ainda que-decrescen- bem mais meio para transmitir informações. Po­
tes no tempo, que endividaram as ope­ difícil" rém, está sendo como construir gran­
radoras européias e passaram a preocu­ des estradas sem haver automóveis su­
par até seus próprios fornecedores. Luiz Mendonça de Barros ficientes para preenchê-las.
Na visão de Tom Donahue, da IBM ex-ministro das Comunicações Novas tecnologias, como o proto­
Américas, a indústria de telecomuni­ colo para Internet IP, vão contribuir
cações está sofrendo o resultado de para baixar os custos da comunicação
suas expectativas inflacionárias. O ano de universalização e de qualidade fo­ de voz a níveis ridículos. Mas isto traz,
de 1999 foi o da agitação tecnológica ram aceitas pelos compradores ao fe­ a reboque, um outro problema.
que culminou em 2000. Agora, a cur­ charem seus contratos de obrigações. As operadoras de telefonia tradici­
va das expectativas é descendente, - Hoje, seria bem mais difícil onal têm, como principal fonte de
com a indústria aprendendo sua lição privatizar o Sistema Telebrás nas con­ renda, a exploração do serviço de voz.
e dela vai emergir - espera-se - um dições que alcançamos - confessou A Anatei, por exemplo, vê a voz so-