Page 5 - Telebrasil - Maio/Junho 1999
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Opinião






















       U m   c a m i n h o   p o s s í v e l   p a r a   a s














       e x p o r t a ç õ e s   d e   t e l e c o m u n i c a ç õ e s












                                                                                                                                                                                                                                                                                  Márcio Araújo de Lacerda








            Concluí, há pouco, a leitura do excelen­                                                                          ções?  E, adicionalmente, nos próximos dez                                                                             dação tímida e ineficaz, foi a solução pos­



       te livro “A Decolagem de um Sonho", no                                                                                 anos, quanto remeteremos para o exterior                                                                               sível encontrada pelo governo. Um com­



       qual o ex-ministro Ozires Silva relata a                                                                               em s o f t w a r e s , r o y a l t i e s ,  assistência técnica                                                        promisso teórico entre os defensores  de


       história de criação da Embraer. Uma his­                                                                               e dividendos?  Somos tentados a pensar                                                                                 mercado para a tecnologia e produção na­



       tória extraordinária porque, segundo co­                                                                               que, da mesma forma como nunca expor­                                                                                  cionais e os adeptos das chamadas forças



       mentário de Paiva Lopes, presidente da                                                                                 taremos aviões de 400 passageiros, tele­                                                                               de mercado.



       Ericsson, “é a história de um sucesso".                                                                                comunicações talvez sejam mesmo uma                                                                                          Particularmente em teleeomunicações,



             Para se contraporá nossa identidade frá­                                                                         área na qual estamos condenados a per­                                                                                 o controle da tecnologia, combinado com



       gil e baixa auto-estima como brasileiros, é                                                                            manecer no vermelho.                                                                                                   o controle das compras em mãos de pou­


       bom ver um sucesso dessa magnitude.                                                                                          No início do período Telebrás, para esti­                                                                        cos, cria reservas de mercado de fato.



             O sucesso da Embraer começou com o                                                                               mular  as  multinacionais  a  produzirem                                                                                     Os financiamentos do irão gerar em ­



       sonho do menino ( )zires! I ima lenda pes­                                                                             equipamentos no País, deu-se a elas uma                                                                                pregos?  E provável que a desvalorização



        soal que se sustentou na  só­                                                                                                                                  reserva de mercado sem                                                        do real seja mais eficaz.



        lida formação em escolas pú­                                                                 iê A  tecnologia                                                  exigência da contrapartida                                                          Mas estamos falando apenas de subs­



        blicas, amor pelo País e ca­                                                                                                                                   de preços internacionais e                                                     tituição de imjxírtações. Eas exportações?


        pacidade de  liderança.  No                                                                                                                                     um volume mínimo de ex­                                                       Os financiamentos do BNDES, mais o  5
                                                                                                               nacional

        contexto nacional, as bases                                                                                                                                     portações, ( !omoCPql)e                                                       real realista, tornam nossas condições de



        para esse sonho foram esca­                                                                                                                                    o' 1 rópico (sonho do meni­                                                    venda interessantes. Porém, onde estão
                                                                                                         conquistará


        la mínima no mercado inter­                                                                                                                                     no Alencastro?), nos anos                                                     os clientes? E o desejo de exportar? Não                                                                            Telebrasil



        no, situação polít ica e econó­                                                        mercado  externo                                                         80 c 90, veio a redução de                                                    sei o que poderia transformaras filiais lo­



        mica favorável, controle da                                                                                                                                     preços, Mas ainda não era                                                     cais dos grandes fabricantes ein platafor­


         tecnologia e determinação dc                                                                    se  tivermos                                                   a ve/ do mercado externo,                                                     mas dc exportação. Financiamento aos                                                                                m



         vender para o mundo.                                                                                                                                           apesar de se ter invest ido                                                   clientes existe.  E tão bom quanto o da                                                                             aio
                é            *

               E  gratificante  visitar  o                                                              clientes  com                                                   l IS$ 300 milhões em de­                                                       Embraer. Falta pressão política? Ou falta                                                                          ju


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          n
         BNDl^S e ver seus executi­                                                                                                                                     senvolvimento.                                                                 um projeto de país?                                                                                                h


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          o
         vos ostentando sobre as me­                                                       vontade  política  de                                                              IWtamo, tivemos a pri­                                                        A tecnologia nacional que sobreviver só                                                                       /99


         sas, com orgulho, modelos do                                                                                                                                   meira oportunidade perdi­                                                      conquistará mercado externo se tivermos



        jato  Embraer,  sucesso  de                                                         comprar  do  Brasil"                                                        da entre o início dos anos                                                     clientes no exterior com vontade política



         vendas no exterior com apoio                                                                                                                                    70 e fim dos 80, quando o                                                     de comprar do Brasil. Isto poderia ser con­



         financeiro do banco.                                                                                                                                            poder político de impedir                                                     seguido se o governo financiasse grupos



               Por out ro lado, não consigo avaliar o grau                                                                      importações não foi capaz de incentivar ex­                                                                            brasileiros interessados em comprar par­



         de incômodo que deve assaltar os mesmos                                                                                portações.                                                                                                              ticipação acionária em operadoras no ex­



         executivos do BN1 )ES ao publicar o Re­                                                                                      Perdemos a segunda oportunidade his­                                                                              terior, com obrigação de importar produ­



         latório Setorial - Complexo Eletrônico: Ba­                                                                            tórica no Governo Collor, quando a aber­                                                                                tos e serviços do País. Em termos de ba­



         lança Comercial em  1998. Nele, ficamos                                                                                 tura, ou melhor, o cscancaramento às im­                                                                               lança de pagamentos, haveria fluxo posi­



         sabendo que o setor de Telecomunicações                                                                                portações foi executado sem contraparti­                                                                                tivo em poucos anos, criando-se reserva


         produziu, em  1997 e  1998 somados, um                                                                                 das, sem exigências de abertura de merca­                                                                               de mercado de longo prazo. Como é ad­



         déficit da ordem de l JS$ 5 bilhões, com as                                                                            dos para produtos brasileiros. Essa aber­                                                                               mirável o entusiasmo nacional com que



         importações, naquele primeiro ano, cres­                                                                                tura do início dos anos 90, sem qualquer                                                                               os espanhóis se lançam a essa estratégia!



         cendo  700% sobre  a  base  de  1992  e  as                                                                             planejamento, é a grande responsável pelo                                                                               Por trás de seu apetite por compras de



         exportações, apenas 47%.                                                                                               atual déficit.                                                                                                          concessões, existe um projeto de país, uma



               Num país onde o déficit em transações                                                                                  Os acordos com a Organização Mundi­                                                                               vontade legítima de provar seu valor como



         de serviços é crônico e estrutural e os in­                                                                             al dc Comércio foram o motivo alegado pe­                                                                               operadores e gerar dividendos para os aci­



          gressos na conta de investimentos sujeitos                                                                             los homens do governo, às vésperas da pri­                                                                              onistas. E também um acordo das elites



          a oscilações, a única forma de sustentar                                                                               vatização, já com as compras da Banda B                                                                                 (sindicatos incluídos) para dar suporte a



          uma moeda é o superávit comercial.                                                                                     fora de controle, para negarem medidas                                                                                  esses investimentos externos, com o obje­



                Seria possível reverter esse quadro de                                                                           mais fortes de proteção à produção e tec­                                                                               tivo de ampliar mercados para seus pro­



          déficit comercial em telecomunicações? ()u                                                                             nologia nacionais.                                                                                                      dutos e empresas.



           tenderia ele a aumentar com as privatiza­                                                                                   No final, a Cláusula 15.8, com uma re-
                                                                                                                                                                                                                                                           Márcio Araújo de Lacerda é diretor da Telebrasil.
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