Page 16 - Telebrasil - Março-Abril 1996
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João Carlos Pinheiro da Fonseca(’)
O País vive momentos ça de pagamentos é robusta e o O meio e o final do ano de 1995
de mudança na sua déficit de 3% do PIB deverá cair foram marcados pela retração da
para 25%, em 1996. As reservas liquidez afetando o consumidor, a
conjuntura econômica e PME (Pequena e Média Empresa)
social. A inflação deixou de acumuladas totalizam US$50 bi
lhões. Investidores estrangeiros e o setor bancário. Nossa economia
galopar e sua componente olham para nosso m ercado do estabilizou-se em torno de um
inercial começa a ser méstico c para o MercoSul com crescimento anual de 2 a 3%, infla
esquecida pelos agentes interesse crescente. ção m ensal de 1% — a menor
econômicos. Precavidas O plano de estabilização econô registrada desde 1973 — e com
e voltadas para grandes mica, iniciado em 1994, manteve até equilíbrio na sua balança dc pa
clientes corporativos, as o início de 1995 uma explosão de gam entos, todo um quadro que
empresas de consultoria consumo devido â queda dramática deve perdurar ainda em 1996.
Permanecem como problemas
tratam de analisar da inflação e da restauração do ainda não resolvidos: 1) - a alta taxa
crédito ao consumidor, gerando um
a situação. A Price crescimento econômico interno de juros, que freia o consumo e
Waterhouse é uma delas. (Gross Domestic Product - GDP) que atrai recursos estrangeiros,
de 8%. C om vistas à crise no Mé necessários para financiar o déficit
tônica aguardada para 96 (sal xico, reagiu o Brasil, aumentando de 3% do GDP; 2) - o aumento
vo algum acidente de meio a taxa de juros e introduzindo do déficit público, em 1995, para
de curso) é a da continuidade. faixas de câmbio. mais de 4% do GDP contra um
O crescimento anual da eco superavit de 1,3%, em 1994 e a
nomia será dc 2 a 3%, compatível explosão do crescimento da dívida
com a balança de pagamentos c as interna; 3) - a restruturação do
taxas de câmbio atuais. A política nosso sistem a financeiro e ban
cambial tenderá a manter a paridade cário, atropelado por um clima
efetiva do Real mais ou menos de baixa inflação e que necessitou
constante, com desvalorizações da intervenções do Banco Central e
moeda sintonizadas com o aumento gerou a criação de um seguro
geral dos preços. para os depósitos.
Na área dos juros, o objetivo do Daí ser relevante haver uma
Governo Federal é chegar a um reforma fiscal para equilibrar, de
patamar de 15%, em 1996, menor do vez, as contas públicas e permitir a
que os 22% observados em 1995. A redução dos juros e uma taxa de
taxa de juros irá decrescer. Porém, câmbio mais competitiva interna
lentamcnte. O deficit público poderá cionalmente, afim de estimular as
cair dos 4% do Produto Interno Bruto exportações. O âmago da reforma
para um nível entre 3 e 4%, em 1996. fiscal, sendo debatida em 1996, é
Acha ainda a Price Waterhouse o da adm inistração pública, com
que as privatizações, em aconte redução da estabilidade do fun
cendo, ajudarão a diminuir o deficit cionário públicos e o da previdência
público e que a Agricultura ao
social, unificando regimes e mo
invés dc 1995 poderá ser uma
dificando critérios baseados em
fonte inflacionária, visto aumento
idade e tempo de serviço ambos
previsto no preço internacional
fatores julgados necessários para
das commodities e a diminuição
viabilizar a economia da máquina
da safra interna do País. A balan
governamental.