Page 46 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1995

P O L Í T I C A & N E G O C I O S

vam convencidos que 120 canais já seria sa ficou em aberto durante cerca de um operá-la posteriormente. Antes de haver

um número excessivo, pois na ocasião ano. Foram realizadas várias reuniões resposta, a ITT World Communications

estavam em serviço apenas quatro ou com todos os possíveis interessados, faz proposta semelhante: instalaria a esta­

oito entre Porto Alegre e capitais porém, não houve acordo entre eles. ção, a operaria durante dez anos e depois

intermediárias e o Rio de Janeiro. Consta — e isso me foi mais tarde a tranferina sem ônus para o Brasil. Mais

Apesar de ter havido determinação relatado por um diretor da ítaícable, uma vez, sem esperar resposta, propôs-

expressa do Contei, a licitação realizada uma das operadoras do serviço interna­ se, adicionalmente, a negociar, em nome

ainda mantinha, como opção, o uso de cional — que elas foram convencidas a do Brasil, a revisão dos acordos de trá­

tropodifusão, em 120 canais e a sua de­ adotar essa posição pelos dirigentes da fego com todas as administrações estran­

cisão, em favor da microonda, coube à ITT. que alegavam ter muita influência geiras, para adaptá-los ao uso do satélite;

segunda diretoria da empresa, que no governo, conseguiriam derrubar a — a American Broadcasting Corpo­

assumiu em 1967. decisão anterior e constituiriam uma ration, que estava em processo de aqui­

empresa tendo como acionistas apenas sição pela ITT, conforme tinham infor­

Ações externas contra os operadores internacionais, sem mado seus representantes, apresentou ao

Logo após a constituição da Embratel, nenhuma outra obrigação legal. Contei proposta em termos semelhantes

surgiu nova divergência, em relação a O Contei defendia o cumprimento do aos da ITT World Communications.

exploração do serviço via satélite. O estabelecido no Código Brasileiro de Na mesma ocasião, a RCA, proprie­

Brasil aderira ao consórcio internacional Telecomunicações, de que a Embratel tária da Radiobrás, outra concessionária

do satélite, o futuro Intelsat, em janeiro operasse a estação terrena. de telegrafia internacional, efetuou con­

de 1965 e estabeleceu que a estação A ITT, que liderava oficiosamente tatos preliminares com o Contei, infor­

terrena seria construída e operada por as concessionárias do serviço interna­ mando que também iria apresentar uma

uma empresa cujo capital seguiria o cional, apresentou sucessivas propostas, proposta sobre a estação terrena, porém,

modelo usado nos EUA: nenhum por diferentes caminhos: não chegou a efetivá-la, face a decisão

acionista deteria o seu controle a Radional propôs ao Contei que do governo brasileiro.

O governo participaria do capital no ela fosse a operadora internacional de Para contrabalançar as dúvidas le­

montante correspondente a sua parti­ satélites para o Brasil, o que não foi vantadas sobre a inexistência de capa­

cipação no Intelsat, c o restante seria aceito. Estava instalada em Jacarepaguá. cidade brasileira, tanto financeira como

subscrito por fabricante de equipamentos no Rio de Janeiro, uma estação experi­ técnica, para implantar e operar a esta­

e pelas concessionárias dos serviços lo­ mental da ITT para comunicações por ção terrena, e considerando ser ela ele­

cal c internacional, cm valores iguais. satélites de baixa altitude, técnica que mento fundamental para o futuro supor­

O governo teria assento no conselho fora rejeitada pelo Intelsat; te financeiro da Embratel, o Contei

diretor da empresa, sem direito a voto, novamente a Radional propõe-se contratou um engenheiro brasileiro que

apenas a veto. A formação dessa empre- a instalar a estação terrana brasileira e a trabalhara na estação experimental da

111 em Jacarepaguá: Carlos Henrique

Moreira, que preparou os estudos de via-

bilidade da estação terrena, mostrando

C a p a c i t a ç ã o ser ela extremamente rentável.

Propostas, com amplo financiamento,

para fornecimento, construção e instalação

n a c i o n a l da estação, completaram o estudo, que foi

apresentado ao presidente da República.

Castello Branco que, apesar da oposição

das autoridades financeiras, em dezem­

bro de 1965, aprovou a mudança da

Gen. José de Alencastro e Silva estrutura legal da operação do terminal

brasileiro de satélite e determinou que

ele seria operado pela Embratel.

Tive a felicidade de participar
Essa decisão foi da maior importân­

em dois em preendim entos que
cia para a viabilização da empresa. De

marcaram a independência téc­ início, sua rentabilidade teve como base

nica e adm inistrativa do país. a receita do serviço internacional.

Foram eles. a usina hidroelétrica Mesmo após essa decisão, as conces­

de Paulo Afonso, na Bahia, onde sionárias do serviço internacional conti­

fui engenheiro, e a criação da nuaram a procurar criar dificuldades

Embratel, para a qual dei a minha para a Embratel e, convidados por esta.

contribuição. recusaram-se a vir a usar o satélite em

Com a usina de Paulo Afonso, suas ligações.

nascia a capacitação brasileira Estando em bom andamento as no­

em construir grandes usinas vas instalações, a reação do governo toi

hidroelétricas. Com a Embratel, não renovar as concessões, a Embratel

como ficou demonstrado, nossas assumindo a prestação dos serviços, de

telecomunicações começaram a acordo com o Código.

Houve grande dificuldade para esta­
ter independência gerencial e

belecer acordo de tráfego com os EUA.
tecnológica.
porque as empresas americanas alega­

vam ter compromissos com as conces­

sionárias que operavam no Brasil.