Page 33 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1994
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Anselmo Nakatani, da Furukawa. Paulo A Lourenço Ramos, da Anritsu Ludgero Pattaro, da Pirelli. Gen Alencastro, ex-presidente da Telebras
rendo na porta de hospitais por falta de altíssima; é um país pujante demais - processo de transição da industrialização
medicamentos. Diariamente, vemos es cartéis são punidos. La ha uma proteção para a comercialização. São cada vez me
quemas de policiais envolvidos com tra ao consumidor, um arcabouço social nores as chances de nossos filhos traba
ficantes. Não posso imaginar uma pes muito maior do que no Brasil. O capital lharem em atividades de alto nível.
soa subindo morros para enfrentar mar privado não é uma droga milagrosa que Vejo tudo isso com muita apreensão
ginais com armamentos da mais alta vai solucionar o problema das TCs no e não gostaria de ser acusado pelos
tecnologia com um 38 na mão e ganhan Brasil. Pode ser que se prove o contrário, meus netos de ter causado isso ou de
do o salário que ganha. Da mesma for ao longo de cem ou duzentos anos. ser responsável pela situação do Brasil
ma vemos o setor educacional, total na ocasião em que ele estiver partici
mente falido. Retirando do Estado o Plinio Aguiar , Embratel - Admiro o pando de um evento como esse. Se
ônus das telecomunicações e do setor deputado Paulo Heslander pela coragem discute muito o presente e náo se pen
energético, ele teria certamente mais do seu depoimento sobre o assunto. Faço, sa no futuro. Como nosso representan
recursos para tratar da saude, da segu náo uma pergunta, mas observações em te no Congresso, deputado, o sr. preci
rança e da educação. reforço à sua posição. Nao ha nenhum sa cuidar disso.
país no mundo que tenha chegado a
Paulo Heslander Náo concordo que o universalização dos sorviços básicos de Paulo Heslander Queria lembrar,
policial tenha que ser corrupto por ganhar telecomunicações, que náo o tenha feito ainda em defesa do monopólio, que a
pouco. Todo mundo quer hospital, habita em regime de monopolio, privado ou empresa estatal foi a sementeira da
ção, segurança publica etc. O cidadão estatal. mão-de-obra qualificada e grande par
desinformado, mal instruído, não sabe, Essa questão da visão neo-liberal, que te das pessoas que estão defendendo
porém, que sem as telecomunicações, sem pegou no modelo do presidente Reagan, a privatização é oriunda da formação
suporte, ele não terá nada. Entendidas as fez a proposta de liberalização desse técnica proporcionada pelo Estado. A l
telecomunicações como fundamentais, te monopólio, que antes era considerado gumas antigas pequenas empresas
mos que ser monopolistas, porque isso é natural. Novamente, no governo Clinton, hoje estão grandes. A criação delas se
do Estado. Pobreza não se divide; a única a questão é recolocada. Mas, dentro tornou possível graças ao modelo es
coisa divisível, no caso, é a riqueza e desse valor estratégico, Clinton diz que tatal de desenvolvimento do CPqd.
temos que chegar a uma sociedade desen o governo tem que estar aí, o Estado Outro ponto que quero abordar é a
volvida economicamente. tem que estar ai, para que todos tenham questão dos privilégios do funcionário
Quando se fala em privatizar a igualdade de acesso. E um fato que está estatal. Ele tem privilégios sim, é ver
Telebrás, fala-se do impossível, porque ocorrendo na América. A história é dade. Só que em país pobre e atrasado
não existe capital nacional para comprá- pendular. Parabénspeloseudepoimen muitos dos direitos básicos dos traba
la. É uma balela, a menos que seja em to, deputado. lhadores são confundidos com privilé
moeda podre. gios. Tenho isso como benéfico para
Salomão Wajnberg - Se o deputado produzir o efeito de comparação e le
Paulo Ribeiro , Equitel De toda essa me permite, quando o sr. falou que os var os privilégios a todos os trabalha
conversa o usuário ficou fora, esquecido. nossos avos foram os culpados pela si dores brasileiros.
Porque com ou sem privatização, o objetivo tuação que o Brasil atravessa hoje, senti
de qualquer sistema do gênero deve ser o meu olho estremecer como se tivesse Lourenço Ramos , Anritsu - A cria
atendimento ao usuário. levado um soco. Meu avô não tem culpa, ção da Austel-Associação dos Usuári
porque o meu pai só chegou aqui em os de Telefonia, demonstra que os usu
Paulo Heslander - Se o problema é 1930 e provavelmente os pais de muitos ários querem se juntar para ter força
atendimento, essa faixa da população dos aqui presentes. junto às companhias telefônicas. Eles
que compra e muda de carro todo ano e Uma coisa me deixa realmente assusta náo conseguem que as suas reivindica-
viaja de avião não tem problema de preço do. Em 1975 nós praticamente não tínha çõessejam atendidas isoladamente.To
com coisa alguma. A grande maioria, mos industria alguma. Em 1975 as impor davia, acho que realmente tem sido
caso houvesse uma privatização teria que tações de equipamentos de telecomunica feito um esforço muito grande para
enfrentar um brutal aumento de tarifas. 0 ções correspondiam a 10% do que o Brasil atender os usuários. Mas ele ainda tem
monopólio tem as dificiências dele, mas importava em produtos industrializados. reclamações a fazer, pois existe a
é ilusório achar que o capital privado vai Depois de anos de trabalho num processo diafonia etc... Apesar do grande esfor
entrar para resolver a pendência social. de substituição de importações, em 1980 ço, é da índole da empresa monopolista
Até num país como os Estados Unidos, importávamos US$40 milhões. A partir atender mal ao usuário. Náo havendo
considerados o berço do capitalismo - daí as importações começaram a subir concorrência, competição, isso náo tem
concordo que a renda per capta lá é violentamente e estamos entrando num jeito. ( R.N.H.)