Page 7 - Telebrasil - Maio/Junho 1992
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editorial

















                                                                                                                                           NEM TANTO AO MAR,











                                                                                                                                          NEM TANTO À TERRA

















                                                                                                                              Brasil  trilha  com  demasiada  so­                                                                                     minar  -  e  isto  fatalmente  vai  aconte­



                                                                                                                  Ofreguidão  o  caminho  da abertura                                                                                                 cer  um  dia  -  o  Brasil  não  terá  poder


                                                                                                                  liberal  e  da  abertura  dos  portos.  A                                                                                           econômico para importar tudo de que



                                                                                                                 nossa meta para uma tarifa  média al­                                                                                                necessita  para  desenvolver  sua  infra-


                                                                                                                 fandegária de  20%  -  segundo  fontes -                                                                                             estrutura, aí inclusos transportes e co­



                                                                                                                 só  é  praticada  por  3  ou  4  países  na                                                                                          municações.  E  muito  menos  haverá



                                                                                                                 área asiática e assim mesmo um deles                                                                                                 folga  para  importar  artigos  de consu­


                                                                                                                 apresentou  déficit em sua balança co­                                                                                               mo  e  de  supérfluos.  Será  preciso  en­



                                                                                                                 mercial.                                                                                                                             tão perguntar: carro importado é real­



                                                                                                                         Os  países  chamados  do  Primeiro                                                                                           mente  tão  importante?  E  cerveja  im­


                                                                                                                 Mundo  exercem  livremente o direito                                                                                                portada?



                                                                                                                 de estabelecerem sua própria política                                                                                                        Estamos  sendo  ingênuos  ao  achar­


                                                                                                                 industrial  utilizando  o  mecanismo  de                                                                                             mos  que  uma  simples  abertura  dos



                                                                                                                 ajuste tarifário para a importação. Aqui­                                                                                            portos será a solução  de  todos nossos

                    Luiz Carlos Bahiana(*)                                                                       lo  de  que  nos  queixávamos  em  rela­                                                                                             problemas. A abertura tem que ser na




                                                                                                                ção à ex-Secretaria Especial  de  Infor­                                                                                             obtenção de capitais internacionais pa­

                   (*)Diretor-Presidcnte  da  Equitel e

                    Presidente da Tclcbrasil.                                                                    mática (SEI), ou seja, a prática da “po­                                                                                             ra recompor um investimento que, per­


                                                                                                                 lítica de passaporte” - para saber se o                                                                                             centualmente, caiu significativamente


                     Telebrasil.  Mal./Jun./92                                                                  cidadão era ou  não brasileiro na hora                                                                                                na composição de nosso PIB.  É este o



                                                                                                                de  importar  -  pulou  agora  de  um  ex­                                                                                            investimento de que precisamos.  Nos­



                                                                                                                tremo a outro, com a fase da abertura                                                                                                sa poupança não é suficiente para im­



                                                                                                                total.                                                                                                                                pulsionar  nosso  desenvolvimento  ao



                                                                                                                         Para  fazer  frente  a  produtos japo­                                                                                       ritmo  que  desejamos.


                                                                                                                neses,  alguns  países  europeus  eleva­                                                                                                      Enquanto se discute a abertura, es­



                                                                                                                ram  as  alíquotas  até  50%,  enquanto                                                                                              quecemos as condições essenciais que



                                                                                                                que  no  Brasil,  para  certos  produtos,                                                                                             todo  país  do  Primeiro  Mundo  deve


                                                                                                                como Estações Rádio-Base,  damos ta­                                                                                                  ter - Educação e Saúde. E preciso ana­



                                                                                                                rifas zero.  E  a  nossa  meta é  a de  ter­                                                                                          lisar  as  coisas  e  termos  bom  senso.



                                                                                                                mos  tarifas  de  40%,  20%  ou  zero.  Os                                                                                            Não  é  por  causa  do  fator  pesquisa  e


                                                                                                                países  desenvolvidos  defendem  com                                                                                                  desenvolvimento  que países ricos são



                                                                                                                garra  suas  economias.  Uma  famosa                                                                                                  ricos.  Dizer  que  o  modelo  de  substi­



                                                                                                                multinacional,  lá  fora,  baixou  instru­                                                                                            tuições  de  importações  está  morto  -



                                                                                                                ções  internas  para  que  não  houvesse                                                                                              como  no  “Último  Trem  para  Paris”,



                                                                                                                por  algum  tempo  importação  de  pro­                                                                                               de  Reis  Velloso  -  é  uma  conclusão
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        ?
                                                                                                                dutos  japoneses,  mesmo  que  a  com­                                                                                                demasiadamente  apressada.  E  preci­



                                                                                                                pra doméstica equivalente saisse mais                                                                                                 so  manter  o  equilíbrio  de  empregos



                                                                                                                caro.                                                                                                                                 no  País.  E  será  que  nosso  automóvel



                                                                                                                        Um país importante da Europa en­                                                                                              é,  essencialmente,  tão  ruim  assim?


                                                                                                                trou  em  entendimento  com  um  seg­                                                                                                         No  momento  em  que  nossa  econo­



                                                                                                                mento  da  indústria  japonesa  para  li­                                                                                             mia reaquecer e retomarmos nosso de­



                                                                                                                mitar sua entrada  a  30%  do  mercado                                                                                                senvolvimento,  o  valor  das  importa­



                                                                                                                local. A conhecida Revista Spiegel, da                                                                                                ções  irá  para  o  espaço.  Nossa  econo­


                                                                                                                Alemanha,  narrou  recentemente a vi­                                                                                                 mia  não  aguentará  este  tranco  e  nos



                                                                                                                sita  de  um  empresário  do  Extremo-                                                                                                veremos  novamente  a  braços  com  a



                                                                                                                Oriente  à  Europa  e  reproduziu  seu                                                                                                ampliação  de nossa dívida externa ou



                                                                                                                comentário:  “enquanto  vocês  vão  in­                                                                                               contigenciamento  pelo Banco Central


                                                                                                                vestindo  em  suas  casas  e  residências                                                                                             dos recursos de  divisas ao  exterior.



                                                                                                                nós, japoneses, preferimos investir em                                                                                                        Em  relação  a  abertura  das  impor­



                                                                                                                tecnologia.  Iremos  nos  rever  no  Ano                                                                                              tações,  o  recado  acautelatório  é  por­




                                                                                                                2000” .                                                                                                                               tanto o registrado no título deste Edi­

                                                                                                                        Aqui, apesar da abertura, as impor­                                                                                           torial -  “Nem  tanto ao mar,  nem  tan­



                                                                                                                tações  estão  por  ora  bem  comporta­                                                                                               to  à terra”...



                                                                                                                das devido à recessão. Quando ela ter­
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