Page 10 - Telebrasil - Maio/Junho 1992
P. 10
PANORAMA DA
AMERICA LATINA
importância das telecomunicações a América Latina vive uma conjuntu
A não pode ser menosprezada pe ra de reestruturação em suas teleco-
los dirigentes, afirmou Pekka Tarjan- municações.Tal mudança é impulsio
ne, secretário-geral da UIT, acrescen nada não só pela abertura mais ou
tando que são elas, como transporta menos voluntária dos mercados in
doras e distribuidoras de informação ternos bem como pela privatização
e elemento central de toda atividade em maior ou menor grau de empre
econômica e social a mola propulsora sas operadoras. Também se ressalta
do progresso. E por aumentarem a a criação de associações mistas de to
interdependência entre as Nações são da a sorte e a emergência de novos
as TCs que ajudam a manter a estabi serviços nunca dantes sonhado. Na
lidade política mundial. Já do ponto base destas mudanças situa-se o rápi
de vista técnico, as TCs estão mudan do desenvolvimento da tecnologia ele
do de figura visto que o progresso da trônica e de sua aplicação prática, ad
tecnologia, ao eliminar progressiva- vindo dos países desenvolvidos. Equi
mente as fronteiras entre equipamen pamentos, redes e serviços que há 10
tos terminais e redes portadoras de anos eram considerados como esta-
informação, vem permitindo dotar os do-da-arte são agora vistos como algo
sistemas de telecomunicações de maior banal e continuam a chegar coisas no
inteligência, o que se reflete no uso vas tais como o rádio celular, as re cendem o simples nível da engenha
de melhores terminais e até na cons des inteligentes, os satélites de baixa ria. Decisões sobre que modelo de
trução de edifícios inteligentes. altitude e o videofone. Para compor TCs adotar devem ser tomadas poli
o pano de fundo do ambiente latino- ticamente pelos dirigentes de cada País
Mudanças americano deve ser lembrada a pre com o objetivo de alcançar o melhor
sença do Acordo de Livre Comércio resultado para as populações. Ele acres
Referindo-se à América Latina, Ro entre EUA e México bem como de centou que é mais importante a qua
berto Vasques, presidente da Confe suas contrapartidas diversas no resto lidade do serviço de TCs e o seu bai
rência Interamericana de Telecomu do continente, como os entendimen xo custo para o usuário do que discu
nicações - Citei, enfatizou a necessi tos do MercoSul entre Brasil e seus tir se o capital das empresas operado
dade de se prover à integração da vizinhos do Cone Sul. ras deve estar como empresário pri
região, a começar por suas TCs. "Es Ao abordar a atual conjuntura, o vado ou nas mãos do Estado.
te é um velho sonho acalentado des Secretário-Geral da UIT, o finlandês Em resposta à observação de que
de do tempo de Simón Bolívar e a Pekka Tarjanne - cujo pequeno País no México, apesar da privatização, o
América Latina, apesar da magnitu tem suas TCs exploradas por deze serviço não melhorou e continua ha
de de seu espaço geográfico, das dis nas de empresas - viu diminuida a vendo falta de recursos para expan
tâncias, dos obstáculos orográficos, dos disputa entre os defensores do mono dir, Pekka Tarjanne afirmou que a
climas extremos, das áreas despovoa pólio estatal e do modelo privatizan- estabilidade política da região vai fa
das do interior e superpovoadas das te. Para ele, todos passaram a concor vorecer o aporte de novos capitais e
periferias dos núcleos urbanos, pode dar que redes e serviços de TCs de que as telecomunicações - quando con
ser integrada através das telecomuni vem ser operados com base em cus sideradas prioritárias - representam
cações’’, discursou o presidente da Ci tos reais, em que o usuário paga pelo uma atividade de alta rentabilidade
tei afirmando detectar nos dirigentes serviço que recebe. Pekka Tarjanne para os investidores.
da região vontade para caminharem disse que cabe a cada País decidir a O presidente Carlos Salinas, do Mé
nesta direção. “Cabe ao Estado, defi melhor maneira de dar bons serviços xico, distinguiu dentre as transforma
nir políticas setoriais, regular e fisca de telecomunicações à sua população ções por que passa a conjuntura mun
lizar os sistemas de telecomunicações e por preços compatíveis. Na opinião dial, o fenômeno da intercomunica
visando a consecução do bem comum", cautelosa do Secretário-Geral da UIT, ção como fator de primeira impor
enfatizou Roberto Vasquez. trata-se da adoção de decisões com tância na formação de zonas comer
O clima reinante no Américas plexas, nas quais a UIT não tem man ciais. Sobre a América Latina ele opi
Telecom’92 quis deixar marcado que dato para opinar, mas que elas trans nou que "após uma difícil década de