Page 36 - Telebrasil - Julho/Agosto 1992
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0 Vírus de Computador Sem Mistérios
Paulo Mannheimer. da Módulo, uma
empresa especializada em combater
vírus de computador, explicou que ape
sar da variedade de nomes - existe Paulo
Mannheimer,
uma centena de denominações para da Módulo,
vírus - tecnicamente só existem, em explicando
realidade, dois tipos de vírus, um pro que só existem
grama que ao penetrar no computa dois tipos de vírus
dor passa a ocupar indevidamente suã de computador.
memória. São eles, os vírus de Pro
grama e os de Inicialização do Com-
putador(ou Boot).
Segundo a lenda, vírus de compu
tadores teriam surgido de experiên
cias de cientistas da Xerox, na déca
da de 60, que queriam ver se podiam
duplicar programas de uma árvore de
Natal. Outra versão é a de que cópias se Paulo Mannheimer. Ele observou
piratas de computador - aquelas não que a crescente complexidade da com
originadas das editoras - atrairiam pa putação levou a problema da perda
ra si o vírus. de dados que, hoje, representam per
De acordo com o especialista da das mundiais de milhões de dólares.
Módulo, aumenta a disseminação dos Estudos revelaram que 65% da perda
vírus em computadores. de dados se dá por acidente ou falta
Os vírus da geração de 1989 eram de backup\ 32% por banditismo e vin
de programa, como o Jerusalém ou ganças; e apenas 3% por vírus. Mes
Sexta-Feira 13. Nos anos 89/90 surgi mo assim, os vírus precisam ser com
ram os vírus de boot, como os Ping- batidos.
Pong, Stoned e Joshi. Os anos 90/91 E o que fazer contra virus? Há os
viram - aliás não viram - surgir os vírus programas de computador que diag
invisíveis Stealth (nome do avião nor nosticam se uma máquina tem ou não
te-americano indetectável ao radar). E vírus e outros que impedem que eles
agora, em 91, pululam os vírus mu- entrem no computador. Nesta última
tantes criptografados como o Ameba categoria existe o NoVirus da Módulo
Maltese que podem ter até com 65 que é um conjunto de software com
mil combinações diferentes. Mas já há uma uma plaqueta eletrônica a ser “ plu-
coisa pior e que são os vírus que de gada" no barramento do computador,
tectam a existÊncia de programas an disse Paulo Mannheimer. (JCF)
tivírus e os contornam.
Em realidade, ao aumentar a vulga
rização do uso da informática, com
ela veio a falta de controle no uso das
máquinas e a proliferação dos “ vírus". Como age o vírus
Nos primórdios da computação, tal fal
ta de controle era algo impensável
nos sacrossantos Centros de Proces Tecnicamente, o “ vírus de progra proteção - isto é que aceita grava
samento de Dados-CPDs das grandes ma“ se instala num computador ao ção - ao ser introduzido num compu
corporações. Estima-se que no ano se dar um comando de execução de tador que tenha vírus sai dele como
2000 nada menos do que 1/3 do Pro um programa. Este comando (óo ti um disquete contaminado e passa,
duto Interno Bruto do Japão depende po .EXE; é constituído de um cabe então, a propagar vírus a computa
rá de alguma maneira da utilização de çalho e de um código executável. Ao dores sadios.
computadores e melhor controle so ser acionado o cabeçalho do coman Já o “ vírus de boot“ se instala no
bre a informação precisará ser exerci do de execução, um apontador re sistema operacional e age na parti
da para se evitar uma situação de ge- mete o controle da máquina ao códi da do computador. A memória de um
léia geral em que programas indevi go executável do programa a ser exe computador sadio compreende: uma
dos e vírus passem a contaminar as cutado. No caso da presença de ví área de sistema operacional: outra
redes computacionais. rus, porém, este é acrescentado ao de vetores de interrupção: outra de
Em poucas décadas a informática final do código executável e o apon nominada bios: e uma área de pro
evoluiu dos computadores a válvula, tador passa a ser lhe ser dirigido, ao grama. A memória de um computa
passando pelo transistor e pelos cir invés do programa útil. dor contaminado tem mais uma par
cuitos integrados; da linha Apple para O programa virus é executado tição onde fica alojado o vírus. Ao
os computadores pessoais (PC); do sis primeiro e passa a ocupar espaços ser dada a partida numa máquina
tema operacional C/PM para o DOS de memória com bobagens ao invés doente, apontadores passam a apon
1.0 e 5.0; dos micros em uso isolado de informação úteis. E como se dá a tar para a partição vírus, ao invés da
para as redes privadas e para as re introdução do virus num computa partição bios como deveria.
des públicas; e do processamento por dor sadio? Um disquete sadio sem
lotes ao processamento distribuído, dis-