Page 31 - Telebrasil - Julho/Agosto 1992
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"Nos próximos dois ou três anos
desenvolvedores de programas traba Software é Marketing?
lharão em estações gráficas individuais
de trabalho e utililizarão ferramental
de software que gerará, de modo au
tomático, a documentação eletrônica Sem dúvida, o marketing é uma ati "Também existem empresas, que
dos programas feitos. A Era da pro vidade fundamental em qualquer em adicionam valor a produtos já existen
gramação artesanal já se foi", garan presa. Esta realidade, todavia, torna- tes e outras, que vivem de consultoria
tiu Ysmar Vianna. Para ele, o futuro se muito mais evidente quando, numa para orientar as compras de seu clien
da geração de programas reside na área de software dois terços do custo te no meio do emaranhado de produ
idéia de "repositório", em que diver de um programa são absorvidos por tos oferecidos. Isto sem falar naque
sas ferramentas Case ficarão integra atividades ligadas ao marketing, aí in las que dão todo tipo de treinamento
das e guardadas na memória de um cluídas despesas de distribuição, em - um campo fértil para aventuras - nas
computador central ou de um servi balagem e publicidade do produto. diversas tecnologias que diariamente
dor de rede. A técnica de Case permi Com o advento da microinformáti- surgem no mercado", acrescentou. Na
te efetuar a re-engenharia de progra ca, os computadores passaram a ser selva que representa a indústria de
mas existentes para encontrar o dia considerados produtos de consumo software, o Brasil - tal como fizeram
grama e o fluxo que os geraram. "O massivo. Assim, na área de software, Tom Jobim e a Bossa Nova, na músi
grande problema das ferramentas Ca além da atividade do produtor, há que ca - terá quando muito poucas deze
se ainda é achar a especificação a par se considerar toda uma cadeia de dis nas de empresas competindo no mer
tir de dada codificação", concluiu o tribuição, constituída de editor, distri cado internacional.
palestrante. buidor, revendedor e de pontos-de-ven- "Quanto ao mercado interno, suas
Antão Moura, da Infocom, referiu- da, introduzidos antes que um progra principais posições estão ocupadas por
se à plataforma Unix como sendo aque ma chegue ao cliente final. revendedores de produtos estrangei
la que o mercado quer. Visto ser uni ros, cujo produto chega aqui melhor e
versal - basicamente independente da mais barato que o da indústria nacio
máquina utilizada - o Unix preserva o nal. Mesmo a atividade de revenda,
investimento do cliente em programas até agora protegida pela Lei de soft
que poderão ser transportados ao mu ware, poderá ser ameaçada, frente à
dar o hardware da máquina. Segundo nova legislação, em discussão no Con
o especialista, as máquinas baseadas gresso", alertou.
nos chips da Motorola perderam ter Para Fábio Marinho, "poderia ha
reno para as máquinas RISC e X86 da ver salvação para a indústria nacional
Intel, que rodam em Unix. Já as má de software, caso ela adotasse um mo
quinas PS/2, são de arquitetura pro delo semelhante ao de Singapura, uma
prietária, o que amarra o cliente ao cidade com pouco mais de 3 milhões
fornecedor. Para o futuro, as máqui de habitantes que gerou 10 milhões
nas operando a 64 bits terão tecnolo de dólares de programação, no ano
gia RISC e chips Intel iaPX86, na faixa passado. Na Universidade de Singa
de cem milhões de instruções por se pura, empresários e Governo criaram,
gundo, ou mips. No ano 2000 as má em 1986, o instituto Técnico para a
quinas operarão com multiprocessa Tecnologia da Informação. Com verba
dores e capacidade de 11 Gigabytes. de 10 milhões de dólares anuais, 70
Demonstração ao vivo do ambien pesquisadores e 30 profissionais par
te Windows, versão do 3.1, foi condu tiram para a pesquisa, tendo como al
zida por Marcos D’Almolin, que pilo vo produtos para telecomunicações,
tou a audiência nas possibilidades ofe sistemas especialistas e engenharia de
recidas pelo software. Ele fez a distin software. Irlanda, índia e Taiwan es
ção entre o sistema operacional tão no mesmo caminho.
MS-DOS, que oferece uma interface No show máximo da indústria mun
representada por caracteres alfanumé dial de informática, a Comdex 90, em
Fábio Marinho, do IBPI: "Até Singapura já Las Vegas, cerca de trinta países, ex
ricos digitados e que são mostrados
numa linha da tela, e o ambiente Win faz..." cluindo os Estados Unidos, estavam
dows. Este, oferece muito mais comu- representados com produtos. O Brasil
nicabilidade com o usuário, através de "O perfil da indústria de software compareceu com oito empresas. A As-
recursos como o "m ouse" ou trans privilegia, agora, as casas editoras, sespro Nacional montou uma Comis
dutor, que move uma seta na tela; íco que em realidade são grandes conglo são de Exportação de Software que
nes com representação gráfica e sim merados internacionais, como Micro tem entre os seus objetivos, superar
bólica de ações que o computador po soft e Novell. Eles não só produzem, o excesso de burocracia - um defeito
de fazer; janelas que equivalem a pas mas também adquirem e distribuem brasileiro - para exportar, e financia
tas de um arquivo e cortinas que ofe produtos de terceiros. Distribuidores mentos a fundo perdido, visando de
recem cardápios do que pode fazer são os atacadistas do mercado, deze senvolver produtos de software para
uma janela. nas de milhares de revendedores e de o mercado externo "algo que todo país
Dentre as facilidades oferecidas pe pontos-de-venda, levando a indústria faz". Produtos como os da Tales (edi
lo Windows estão; a redefinição de te de software a ser um grande negócio. tor de textos), da Lansoft (rede local),
clado para se adapatar às diversas lín Uma pequena firma que tenha um bom da Pensamento (mumps para ambien
guas faladas no mundo; ambiente mul- programa irá a uma casa editora que te Buli), da Microbase (sistema opera
titarefa; editoração do tipo "what you o transformará em sucesso. "Tal co cional em tempo real) foram citados
see, what you g e t"("você imprime o mo um bom samba, que passe a ser como exemplos de nosssa "Bossa No
que voce vê na tela”) e troca de da distribuído pela CBS", exemplificou Fá va" informática , capaz de enfrentar
dos entre programas. bio Marinho, vice-presidente da Asses- lá fora a competição internacional.
(JCF) pro Nacional. (J C F )