Page 12 - Telebrasil - Março/Abril 1989
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que não exatamente) o vôo das aves, no respeito a padrões previamente armaze estão sendo estudados são citados o al-
caso da IA, cientistas investigam o fun nados. Cita ainda Kopp aue as redes goritmo de Hopfield (que atribui peso
cionamento do cérebro humano para re neuroniais, ao contrário dos sistemas variável às conexões, tem propagação
produzi-lo, o quanto possível, por meio especialistas, melhoram em seu desem retrógrada e procura minimizar o erro
de máquinas. Nesta tarefa, eles estão penho à medida que procede seu apren entre um estímulo e um padrão iá forne-
sendo auxiliados pelo aporte dos neuro dizado, e isto independentemente do nú eido); o Wisard, inglês, destinado a reco
logistas que, juntamente com psicólo mero de itens nelas armazenados. Para nhecer imagens; o NEP (Network
gos, já descobriram várias coisas in P. Trealeven, um pesquisador do Uni- Emulation Processor), da IBM, em Palo
teressantes sobre como funciona o cére versity College, de Londres (Ing.), as re Alto, Califórnia (EUA), com rede de até
bro humano. De maneira simplificada, des neuroniais, na prática, encontram 256 Neps, implementadas através de
presume-se que nosso cérebro contenha aplicações que vão desde o reconheci placas inseridas num micro PC; o chip
algo como 100 milhões de células espe mento de assinaturas em documentos, da Caltech (California Technical Insti
cializadas, mais conhecidas como neu passando pela pesquisa de campos pe tute) que abriga 22 neurônios artificiais
rônios. Basicamente, o neurônio recebe trolíferos, pelas previsões meteorológi e deve evoluir para 289 elementos, em
sinais (estímulos) através de extensões cas via satélite e até para uso militar técnica CMOS.
denominadas dendritos e pode ser consi (para reconhecer, por exemplo, se dado
derado como um dispositivo que, ao perfil de míssil significa amigo ou ini Biochips
acumular sinais entrantes e atingido migo).
determinado limiar, dispara um sinal As redes neuroniais não são um so Biochips são um capítulo à parte 0
de saída, através de um prolongamento nho de ficção-científica e já existem comportamento das moléculas orgâni
denominado axônio. muitos modelos comerciais (vide Ta cas tem despertado admiração de todos
Dizem os neurologistas que para a bela). Dentre os modelos de redes que que se debruçam sobre o estudo da bio
compreensão do funcionamento do cére química. Tem constituído alvo de parti
bro não é o comportamento de um neu cular interesse os processos de química
rônio isolado o mais importante e sim a fina que regem todo um sistema de co
maneira como os neurônios são organi municação hormonal e genética, que faz
zados. Em linhas gerais, os neurônios se funcionar o ser humano. Daí, nascera
interligam m ultiplam ente entre si idéia de construir processadores basea
(cada neurônio atinge milhares de ou dos no comportamento eletroquímico de
tros) e veiculam informações, via sinap- componentes encontrados na bioquí
ses, por um processo eletroquímico mica, tais como: enzimas, proteínas do
daí ser possível captar ondas cerebrais DNA. Neste sentido, pesquisas vèm
num galvanômetro ou influenciar o ocorrendo nos países desenvolvidos, vi
comportamento do cérebro com uma sando casar biologia e informática.
droga química. Uma enzima, por exemplo, é uma en
Do ponto de vista informático, uma tidade química que se equilibra estru
rede de neurônios atua tal como se fosse tural mente em múltiplas configura
um grande processador cooperativo, ções, dependendo dos estímulos a que
com base na votação democrática da as estiver sendo submetida, e assim pode
sembléia de seus membros. Com tal pro ser pensada como elemento estrutural
cesso, a mente humana supre a veloci para efetuar computação. O biochip,
dade relativamente lenta da comunica como é chamado, nasce do interesse em
ção neuronial. desenvolver moléculas sintéticas, orgâ
Por outro lado, a disposição da rede Alta densidade de transistores em silício nicas (da química do Carbono), que ve
de neurônios não é fixa como na arquite exige estruturas complexas de dissipação de nham a substituir chips inorgânicos,
tura de um computador e pode variar a calor. Biochips poderão vir a ser mais densos, com base em silicio, gálio, índio, e se
“força” (ou importância relativa) de com menos energia dispendida. deve, justamente, à esperança de cons-
suas conexões, de acordo com os estí
mulos que estiver processando e das in
formações previamente armazenadas. Neurocomputadores-
Tal organização, revela-se particular
mente adequada para coisas tais como ANZA da Neurocomputer Corporation. Hoje. o mo caracteres k a n jie escrita independente da escala e po
reconhecimento de objetos, sons, odores, delo Anza-Plus ostenta 10 rml processadores e 1.5 m i- sição dos mesmos; complexo.
Ihào de conexões; usado para compressão de imagens
mas é desastrosamente lenta para ou e análise estatística; opera com pesquisa de tabelas ODYSSEY — com ercial, da Texas Instrument, com 8
tras, como calcular de cabeça a raiz qua auto-programavel e contra propagação. m il processadores; 2 ,5 milhões de conexões; e 2 mi
drada de 33.76543, coisa que qualquer lhões de conexões por segundo.
computador de bolso faz com toda facili CROSSBAR CHIP — experimental da AT&T; com 256 #
dade (ainda que nem sempre se saiba elementos e 64 m il conexões, alta velocidade de cone OPTICOS — usam ressonância óptica; ainda experi
xões por segundo.
mental com 6 .4 m il processadores de 16 milhões de
bem na prática com que utilidade). conexões; tam bém pesquisado o crossbar eletro-
Historicamente, os estudos teóricos HOPFIELD — desenvolvido pela AT&T, em 82. restitui óptico.
sobre a construção de uma rede de neu dados ou imagens com pletas, a partir de seus frag
mentos.
PARALLON — série de dispositivos comerciais da Hu-
rônios artificiais remontam à década de man Devices, na faixa de 10 m il processadores e 100
60, com F. Rosenblath que desenvolveu MADALINE — acrónim o para adaptação m últipla de m il conexões.
o conceito de Perceptron (a máquina de elem entos lineares; com ercial há mais de 20 anos.
PERCEPTRONS — o avô das redes neurais, de 1957;
perceber). Outros estudos foram feitos com uso para TCs em modems e supressores de eco eletromecânico, com 8 elementos, 512 conexões, mil
adaptativos.
posteriormente, incluindo a confecção conexões por segundo.
de diversos modelos de redes neuromais MAPA AUTO-ORGANIZAVEL — opera com regiões
com retroalimentação (feedback) e do geométricas. Empregado em cálculos aerodinâmicos. PROCESSADOR DELTA — opera comercialmente na
Data de 1980.
mesma faixa dos outros equipamentos similares; pro
tipo multinível (a informação percorre cessador de ponto flutuante da Science Applications
diversas camadas de neurônios antes da MARK III — comercial, da TRW, com 8 m il processa ln t'l Corp.
emissão do resultado, obtido após o dores e 40 0 m il conexões; o próximo modelo sobe para
RESSONÂNCIA ADAPTATIVA — para reconhecimento
equilíbrio final da rede). 250 mil processadores e 5 milhões de conexões. de configurações, como radar e sonar; complexo.
Em relação à natureza dos neuro- MEMÓRIA ASSOCIATIVA — associa pares fragm enta
computadores, comenta Roberto Kopp, dos de objetos com pares com pletos de objetos; uso RETROPOPAGAÇÂO — desenvolvido em Harvard e
da IBM Brasil, que são máquinas capa educacional. Stanford a partir de 74 para reconhecimento da falae
zes de armazenar um grande número de NEOCOGNITRON — japonês da NHK reconhece * controle de robôs; requer treinamento com exemplos
corretos de entrada-saída.
padrões, até mesmo complexos, além de
classificar padrões desconhecidos, com * fonte Hecht-Nielsen.