Page 10 - Telebrasil - Março/Abril 1989
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Tecnologia:
M á q u i n a s q u e r e m p e n s a r
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I
O computador reproduz com faci lidado figuras gvomvt riens. Portmu vo/., i mugens que qualquer
criança cie 5 a nos reconhece sào do extrema complexidade para a máquina.
Até agora o processamento de mundo, é como construir máqui raciocinar, planejar, aprender,
dados tem se concentrado em nas que operem com o conheci sentir, formar conceitos, usar
operar sobre informações orga mento, tal como fazem os huma linguagens e pensar criativa
nizadas com programas de ins nos. Diz Heder Coelho, um espe mente — um conjunto de atribu
truções bem determinadas. O cialista luso em Inteligência Ar tos que uma máquina precisaria
que se pesquisa atualmente, no tificial (IA) “o homem é capaz de possuir”.
A pesquisa da IA tem seguido diver sulente de posse de um sistema especia geração. Dentre os muitos pesquisa
sos caminhos, achando alguns que
lista irá recorrer ao computador que, en-
se deve partir para a imitação da estru dores que procuram aperfeiçoar estes
tào, lhe dará um diagnóstico do tipo
sistemas especialistas encontra-se Pie
tura do cérebro humano e outros que “trata-se com 51% de certeza de um caso tro Torasso, 37, da Universidade de
acham mais adequado partir dos princí de divertículo de Meckel”, com base nos Turim (It) que desenvolve o sistema
pios básicos de computação e utilizá-los dados ou sintomas que lhe foram ante Check (Combining heuristic and casual
para imitar atributos humanos. “Uma riormente fornecidos. knowledge), como parte do esforço coo
coisa, porém, parece evidente: a IA em Os atuais sistemas especialistas são, perativo europeu-Esprit. 0 Check, que é
suas diversas ramificações não mais sem dúvida, úteis, mas ainda estáo considerado um sistema especialista de
será apanágio, apenas, dos cientistas de longe de representar um estágio ideal e 2? geraçáo, tem como principal carac
computação e envolverá esforços multi- já são considerados como de primeira terística a de ser capaz de aprender com
disciplinares de pesquisadores em ló a experiência, à semelhança do que faz o
gica, matemática, eletrônica, neurolo ser humano. É Torasso que explica:
gia, auímica, psicologia, linguística e “uma vez obtida uma solução para de
até filosofia”, reconhece a comunidade terminado problema, a mesma pode ser
acadêmica internacional.
generalizada e armazenada para então
criar uma base de conhecimento, com
Segunda geração
soluções já resolvidas. Assim, estabele
ce-se um conhecimento empírico que
Dentre os diversos campos da AI, um cresce com a experiência”.
dos que mereceu divulgaçáo, visto sua Segundo o cientista, cada vez mais
aplicação comercial imediata, foi o dos estudam-se as raízes do que significa
sistemas especialistas (vide Telebrasil “conhecer”, do que é raciocinar. Diz ele
MJ A 85; pág. 30). A idéia de tais siste que, além da lógica clássica, procura-se
mas é colocar em computador o conheci atualmente colocar em computadores,
mento — formalizado e generalizado — coisas que para nós sáo corriqueiras,
de um especialista, digamos, um mé como o raciocínio aproximado, as ilações
dico, que para isto é entrevistado deti e o preenchimento de omissões. Hoje, já
damente por uma equipe de analistas (E-D) Pietro Torasso (Univ. Turim) e Almir se sabe que existem situações nas quais
em computação. Na prática, um con- Lopes de Almeida (IBM). é possível adotar um modelo computa-