Page 11 - Telebrasil - Março/Abril 1989
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cional no qual se domina, a priori, todas
as regras do ambiente sendo estudado e CÉREBRO
outros em que o “conhecimento” surge HUMANO
do aprendizado progressivo obtido com a 10 a 100 bilhões de neurônios; 10 mil conexões por neurônio; tecnologia
experiência. Existem, ainda, modelos biomolecular operado por mudanças eletroquímicas; tempo de opera
rígidos que atuam apenas com regras ção de 1 milissegundo; leva meio segundo para realizar 500 passos; pro
formais de produção e não possuem ca- gramação está implícita na neuroestrutura; memória distribuída; adap
acidade de aprendizado. Enfim, diz tado para reconhecer configurações, mas opera mal com cálculos nu
Ç orasso, trata-se de área em que há
méricos.
muito para ser investigado.
O sistema Check opera com o empre
go de dois níveis de conhecimento: um
mais superficial, denominado heurís
tico, e outro mais profundo. Ao se sub COMPUTADOR 1 a 10 microprocessadores; 1 a 4 conexões entre processadores; tec
meterem sintomas, como para o diag DIGITAL nologia microeletrônica operada por sinais eletrônicos; programação
nóstico das falhas de funcionamento <Je por uma série de comandos armazenados; bom para executar série de
um automóvel, o sistema procura, pri operações lógicas; processa dados escritos com precisão matemática de
meiro, com base em experiências anteri zeros e uns; decide sim ou não, usando funções lógicas e matemáticas;
orm ente acum uladas, estabelecer e opera sobre dados sempre de maneira controlada com resultados previ
comprovar uma hipótese — trata-se do síveis; dado tempo suficiente, produz respostas precisas; faz compara
nível heurístico. Se tal comprovação ções precisas com base nos dados armazenados na memória; informa
porém não é observada, o Check recorre ções são armazenadas de modo a produzir, rapidamente, uma informa
ao nível de conhecimento profundo, que ção específica.
na m áquina é representado por redes
causais ou redes que interrelacionam
causa e efeito. REDE DE
No conhecimento do tipo profundo ou NEURONIOS experimentalmente até 500 processadores, totalizando 400 conexões
teórico opera-se com base em verdades num chip; tecnologia m icroeletrônica; processa sinais analógicos
tidas, pelo modelo, como fundamentais (variam de modo contínuo); produz resultados com base em dados in
(axiomas) para se chegar a uma conclu completos, aproximados e até contraditórios; formula independente
são cujos efeitos, apesar de não poderem mente maneira de solucionar problemas; acha rapidamente respostas
ser observados diretamente, mesmo as aproximadas para problemas complexos; pesquisa grande base de da
sim permanecem verdadeiras. A estra dos para obter resultados aproximados; armazena dados de modo que
tégia dos sistem as especialistas de 2.* determinada informação, automaticamente, faz surgir informações cor
geração, como é o caso ao Check, prevê o relatas e aproximadas.
emprego do conhecimento básico, que
neles é incutido, para que façam frente a
situações novas, nas quais não há ex O cérobro hum ano, o com putador d ig ita l o as redes de neurônios (um a nova form a de com putador que
periência anterior. Mas existe limita- procura Im itar a estrutura do cérebro) variam fundam entalm ente.
çáo: a consulta ao conhecimento básico
Jean Paul: panorama exige muito mais tempo de computação
do que a simples verificação (heurística)
Uma das coisas impossíveis de aconte de trabalho, hoje, operam com ícones e com base em experiências anteriores e,
cer é um ouvinte sentir-se entediado nas suhícones (símbolos gráficos de cornando assim, a combinação “empirismo — co
palestras que Jean Paul Jacob, da IBM, do computador por simples toque na tola) nhecimento profundo funciona muito
um cientista brasileiro hoje radicado nos e mouse (um “camundongo" tradutor de bem nos sistem as de 2? geração”, ob
Estados Unidos, profere, por ocasião coordenadas) que melhora a comunicação serva Torasso.
dos eventos promovidos pela Sucesu, máquina-homem, permitindo manipular O sistema Check, por exemplo, apli
ainda mais se premido pelo tempo e con dados v imagens com mais facilidade. Es cado à medicina, já é capaz de efetuar so
trolado por um coordenador inflexível, tações de trabalho, tais como u Quick Sil-
como sucedeu no último Info, no Riocen- ver, não operam mais sozinhas e sim de zinho até 70 diagnósticos distintos, mas
tro. De maneira ágil, ele desfila novas tec modo cooperativo ao emprestarem-se, quanto ao conhecimento profundo, que
nologias enfatizando o que a Big Blue tem mutuamente, via comunicação de dados, pode envolver até 200 modos ou estados,
reservado em sua carteira de novidades, capacidade (mipagem) ociosa de processa este ainda não está totalmente determi
tais como em estações de trabalho, proces mento, com o que aumenta o potencial de nado devido à complexidade de funcio
samento cooperativo, reconhecimento da cada Estação. Por outro lado, prossegue namento do corpo humano (o que é, na
fala, sistemas de apoio à decisão e siste dizendo Jean Paul, a computação, cada base, estar ou não morto?).
mas especialistas. Diz ele que as estações vez mais, ruma para a operação em grupo, — A história de sistemas especialis
ao t ramar decisões através da identifica
ção de elementos importantes, e da fixa tas, que tem pouco menos de 20 anos, foi
ção de prioridades através do voto (su- iniciada a nível acadêmico na década de
nõe-se democrático) dos participantes. 70 e passou para a fase comercial na dé
Mas nem tudo está resolvido no mundo da cada de 80, com base no acúmulo de in
informática, reconhece o palestrante, ex formações empíricas obtidas através de
plicando que esta sofre de um mal incurá entrevistas feitas a especialistas. Além
vel “a complexidade computacional", ter deste ser um processo demorado (pode
reno no qual, técnicas como as da Inteli levar mais de um ano), o produto final
gência Artificial servem, apenas, de pali dos sistemas especialistas de 1" geração
ativo. Jean Paul ressalta ainda, a impor não tem capacidade de aprendizado, e
tância das pesquisas sobre reconheci
mento da fala, que esbarram, porém, no assim os novos sistemas especialistas de
problema do reconhecimento do discurso 2" geração constituirão grande avanço
contínuo, com orador indeterminado. — conclui Torasso.
Quanto aos sistemas especialistas'ele faz
sua apreciação: são extensões da memória N e u r ô n io s
das pessoas, são bons para atividades de
aprendizado e para o apoio â decisão, mas Outro campo de pesquisa da IA é o es
são ainda demasiadamente inflexíveis tudo das redes de neurônios. Assim,
ara representar, de fato, o conhecimento
umano. como o homem, para aprender a voar,
estudou e procurou reproduzir (ainda t
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