Page 16 - Telebrasil - Março/Abril 1989
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K i v a l ,   d a   S E I ,  f a l a   d e   “ c o n e c t i v i d a d e ”















           K ival  Chaves  Weber,  Secretá­                                                                                              K — Quase ao chegar à década de 80, a                                                                                        sentados na ISO por meio dos respectivos



            rio-Executivo da SEI cultiva duas                                                                                            Organização Mundial  de Padrões (ISO)                                                                                        órgãos de  normatizaçao. Cada país dl*,

                                                                                                                                         percebeu que havia um problema técnico                                                                                       cide, então, o que deve fazer.
           paixões: comer lagostas e falar so­                                                                                           para interconectar máquinas de origens


            bre  “conectividadePor ocasião                                                                                               distintas e desenvolveu  o  modelo OSI,                                                                                      TB                 Brasil?




            do XIX Painel da  Telebrasil,  em                                                                                            que quer dizer interconexao com arquite­                                                                                     K              Foi um dos primeiros onde TCse in­


            Olinda  (PE),  num  restaurante à                                                                                            tura em aberto (qualquer um que aten­                                                                                        formática assinaram Portaria Conjunta


                                                                                                                                         der aos padrões entra no sistema).                                                                                           (outubro de 84) em suporte ao modelo
            baira-mar,  satisfez  uma  das pai­                                                                                                                                                                                                                       OSI. Também a  Lei de Informática fala



            xões.  Não havia  lagosta  (comeu                                                                                            TB — Como se chegou ao modelo OSI?                                                                                          em padronização de protocolos.



            camarão), mas falou, plenamente,                                                                                              K — Por etapas sucessivas, dividindo



            sobre o modelo OSI.                                                                                                          um grande problema de interconexáo em                                                                                         TB                Que uivei OSI e mais importante?


                                                                                                                                         sete subproblemas menores, de mais fácil                                                                                     K             Todos níveis do modelo são impor­


                                                                                                                                         solução. A ISO divulgou, na época, um li­                                                                                   tantes. Os três primeiros estão relaciona­
             Telebrasil — Que importância tem  “co­                                                                                       vro sobre seu modelo, em que cada capí­                                                                                    dos com o ambiente de comunicação


            nectividade" para o Brasil?                                                                                                   tulo tratava de um nível do modelo OSI.


            Kival — E  importante para o  Brasil  e                                                                                      O livro fez logo sucesso nos meios univer­                                                                                   TB — Como assim?


            para o resto do mundo. O termo designa                                                                                       sitários.                                                                                                                    K             O  nível  1  (físico) trata de conexões


            um problema ainda não resolvido em in­                                                                                                                                                                                                                   mecânicas, pinos de conectores, grande­


            formática e já resolvido em telecomuni­                                                                                                                                                                                                                  zas elétricas da comunicação. O nível 2


            cações, que é o da compatibilidade. Ha 20                                                                                                                                                                                                                (enlace) resolve a ausência de erros do si­


            anos, aqui existiam cidades que tinham                                                                                                                                                                                                                   nal (jue chega. E o nível dos bits de pari­


            problemas de comunicação devido a não                                                                                                                                                                                                                    dade e dos pedidos de repetição do sinal.


            existência de padrões comuns homologa­                                                                                                                                                                                                                   () nível 3 (protocolo de redes) trata de or­


             dos. Hoje faz-se DDD e 1)1)1 sem nenhum                                                                                                                                                                                                                 ganizar como se deve trafegar ern deter­


             problema de comunicabilidade.                                                                                                                                                                                                                           minada rede. tanto numa Renpacquanto


                                                                                                                                                                                                                                                                     numa rede local.

             TB — Por que as T( s brasileiras tem boa


              “conectividade"?                                                                                                                                                                                                                                       TB                 E depois?


             K — Uma das razões foi o fato de haver                                                                                                                                                                                                                  K             Os três últimos níveis são voltados


             monopsònio, ou seja. existe apenas um                                                                                                                                                                                                                   para o ambiente de processamento de da­


             grande comprador de equipamentos. As­                                                                                                                                                                                                                  dos. () nível 5 (sessão) permite abrir uma


             sim  é  mais fácil  obter que fornecedores                                                                                                                                                                                                             sessão.  Faz com que máquinas distantes


              industriais atendam a padrões comuns.                                                                                                                                                                                                                 se  identifiquem, sincronizem o diálogo,


                                                                                                                                                                                                                                                                    selecionem  interlocutores válidos. Tal


              TB — O que são padrões “de tato"’?                                                                                                                                                                                                                    como ern  telefonia, após o “Alô. quem

              K — Grandes fabricantes podem impor                                                                                                                                                                                                                   fala?”, que corresponde ao nível 5. os in­


             seus próprios padrões ao  mercado.  O                                                                                                                                                                                                                  terlocutores estão prontos para conver­


             usuário de  informática,  inicialmente,                                                                                                                                                                                                                sar. O nível 6 (apresentação) se destina a


             operou com  um grande CPD (Centro de                                                                                                                                                                                                                   apresentar a informação de maneira in­


              Processamento de Dados», numa redoma                                                                                                                                                                                                                  teligível ao interlocutor. Neste nível, pro­


             de vidro, produzindo listagem de papel,                                                                                                                                                                                                                blemas sintáticos, como criptografia, são


             sem  nenhum  problema de “conectivi­                                                                                                                                                                                                                   resolvidos. -Já problemas semânticos sáo


             dade”.  Na  década de 70,  foi  a fase do                                                                                                                                                                                                              resolvidos no nível 7 (aplicação», garan­


             grande computador ligado, por telepro­                                                                                                                                                                                                                 tindo que uma  instrução que chega a


             cessamento, a terminais passivos. A rela­                                                                                                                                                                                                              uma máquina deve significar algo execu­

             ção computador-terminal denominava-                                                                                                                                                                                                                    tável para esta máquina.


             se, sintomaticamente, de mestre-escra­


             vo.  Até aqui, o elemento-chave do sis­                                                                                       TB — Também no Brasil?                                                                                                   TB — Terminou a “conectividade"?


             tema era o computador central e seu fa­                                                                                      K — Aqui, o pessoal  da  PUC,  UFRJ,                                                                                      K — Sim. A  ligação se estabeleceu, par­


             bricante era quem ditava padrões.                                                                                             USP(Kival cita vários nomes) se interes­                                                                                 ceiros se identificaram,  instruções che­


                                                                                                                                          sou por difundir o modelo. Eu mesmo, na                                                                                   garam inteligíveis e o interlocutor identi­


             TB — Com a entrada dos micros?                                                                                               época, trabalhava para a Embratel e es­                                                                                   ficou  uma instrução executável. Como a

             K — Ocorreu a descentralização do pro­                                                                                       tava “bolando” o Ciranda,  ao  mesmo                                                                                      máquina irá executar instruções já náoé


             cessamento da  informação, criando ver­                                                                                      tempo que analisava o modelo OSI. Mas                                                                                     mais problema de “conectividade”. É pro­


             dadeiras “ilhas” que precisavam se co­                                                                                       uma coisa é ter um  modelo que define                                                                                     blema de outra natureza, que também re­


             municar.  Por outro lado, os micros tam­                                                                                     sete níveis de comunicação entre duas                                                                                     quer padronização.


             bém  passaram a dialogar com seus  ir­                                                                                       máquinas e outra bem diferente é obter


             mãos maiores, numa relação não mais de                                                                                       padrões para implementar,  na prática,                                                                                    TB — Não esqueceu nenhum nível?


             mestre-escravo,  mas sim em cooperação                                                                                      cada um destes níveis. Esta é outra etapa                                                                                  K — O  nível 4 (transporte), que deixei


            inteligente.                                                                                                                 do esforço OSI.                                                                                                            para o fim, vai  resolver eventuais di­



                                                                                                                                                                                                                                                                    ferenças entre os ambientes de comuni­

             TB — O que aconteceu?                                                                                                        TB — Os padrões OSI são internacio­                                                                                       cação (níveis 1,2 e 3) os de processamento


            K — Cada fabricante passou a dar solu­                                                                                       nais?                                                                                                                      de dados (níveis 4, 6, 7).


            ção de comunicabilidade para seus pró­                                                                                       K — Países e organizações se movimen­


            prios clientes, criando arquiteturas “pro­                                                                                   tam para encontrar padrões comuns para                                                                                     TB — Como se implantam padrões OSI?

            prietárias”, com  padrões e protocolos de                                                                                    cada nível OSI. Este é o movimento, tal­                                                                                   K — Elaboram-se padrões. Testam-se e


            propriedade do fabricante.  No caso da                                                                                       vez o maior movimento (Kival enfatiza a                                                                                    homologam-se equipamentos e software


            IBM, a arquitetura proprietária para o                                                                                       expressão) de padronização no mundo e                                                                                     que atendem aos padrões. Verifica-se se


            sistema distribuído de informações pas­                                                                                      que ainda não se esgotou.                                                                                                 produtos de origem diversa se intercomu­


            sou a se chamar SNA.                                                                                                                                                                                                                                    nicam, na prática. Esta é a parte difícil.



                                                                                                                                         TB — A padronização internacional fa­                                                                                      Daí a utilidade de fabricantes, usuáriose

           TB — E como evoluiu a Babel de arqui-                                                                                         vorece os países em desenvolvimento?                                                                                      operadores de serviços, voluntariamente,


           tet uras proprietárias?                                                                                                       K — A maioria dos países estão repre-                                                                                     aderirem a padrões comuns. (JCF)  r
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