Page 42 - Telebrasil - Julho/Agosto 1989

T e l e f o n i a M ó v e l
E n q u a n t o
Na época da apuração da matéria,
após a primeira quinzena de ju ­
nho, ainda não se conheciam os re­
sultados da licitação aberta, dia
20 de janeiro, pela Telebrás, para
fornecimento de equipamentos
voltados à implantação de siste­
mas de telefonia móvel celular por
empresas (ou empresa) nacionais.
A luta é de titãs. Grandes fornecedores
internacionais aliados a relevantes re­
presentantes nacionais, através de contratos
de transferência de tecnologia. A norte-
americana AT&T junto à Sid Telecom, do
grupo Machline. A sueca Ericsson, com sua
subsidiária no Brasil, da mesma forma que a
japonesa NEC. As canadenses Northern
Telecom/Novatel com a Elebra Telecomuni­
cações, do grupo Docas. De menor porte que
suas concorrentes internacionais, a norte-
americana Plexsys luta ao lado da ABC Sis­
temas, do grupo ABC, que está competindo
apenas para telefonia celular da ciciade de
Brasília.
Recusada na pré-qualificação feita pela
Telebrás, a ABC Sistemas lutou pelo que
considerava um direito, entrando com ação
na justiça para não perder a oportunidade
desta licitação. “Fomos vítima de um equí­
voco”, comentou o diretor de tecnologia da
empresa, José Mauro. “O nosso sistema é
mais adequado a uma cidade de médio
porte.” A Motorola, uma das maiores no mer­
cado mundial em telefonia celular, forte con­
corrente da AT&T, formalmente se autodes-
qualificou ao chegar fora do prazo regula­
mentar para a entrega das propostas à Tele­
brás.
Terminais
Está prevista, inicialmente, a instalação
de 20 mil terminais móveis em São Paulo, 10
mil no Rio e 2 mil em Brasília, com um custo
estimado de cerca de US$ 200 milhões. Após
a assinatura do contrato, as (ou a) vence­
doras terão respectivamente 12,12 e 7 meses
para implantação destes sistemas. Numa se­
gunda fase a ser completada em três anos, o
número de assinantes deverá passar para
110 mil (SP), 80 mil (Rio) e 20 mil (DF).
Em se tratando de tecnologia ainda nova,
será admitida a importação total ou parcial
dos primeiros sistemas a serem implantados.
As fases subseqüentes já deverão empregar
equipamentos de produção nacional. O ter­
minal telefônico ficará por conta do assi­
nante que deverá verificar se são homologa­
dos pela Telebrás e Dentei. A partir da ativa­
ção dos sistemas nas três primeiras cidades,
a telefonia celular se expandirá e deverá
constar do planejamento normal das demais
operadoras.
A introdução da nova tecnologia será in­
tegralmente financiada e a Telebrás só terá
que pagar o sistema com a própria receita ad­
vinda de seu funcionamento. O custo levan­
tado pelos fornecedores, em termos de inves­
timentos, é da ordem de US$ 2 mil por termi-
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n ã o s e d e f i n e , u m a l u t a d e t i t ã s
Naja de Paula
de acordo com a necessidade do momento,
nal, que deverá ser o preço repassado pela quando células ociosas irão auxiliar as sobre­
Telebrás. carregadas, tudo efetuado automatica­
O funcionamento básico da telefonia celu­
lar é um só, e mais especificamente, no caso mente .
da licitação da Telebrás, é o sistema AM PS A tecnologia dos equipamentos a serem
— Advanced Mobile Phone Service. Neste fornecidos pela Elebra, para o sistema bra­
sentido, as diferenças que oferecem as tec­ sileiro de telefonia móvel, permitirá que as
nologias concorrentes são muito sutis. Cada estações de comutação e controle possam co­
dirigente consultado enfatizou um ponto, a mandar até 512 ERBs, ao se expandir o sis­
seu ver, mais relevante de sua proposta. tema. Inicialmente, para atender ao tráfego
A AT&T, por exemplo, gosta de lembrar urbano de São Paulo, a Elebra prevê cerca de
que foi ela quem desenvolveu, inicialmente, 160 ERBs, no Rio, 70, e menos de 35, em Bra­
em seu laboratório, o Bell Labs, o sistema sília.
Amps de transmissão, a ser adotado no Bra­ A possibilidade de expandir sem proble­
sil e que é utilizado, principalmente nas mas puxa outra vantagem do sistema, asse­
Américas, onde já ultrapassa o marco dos 2 gurou Armando Pontedeiro, assessor de su­
perintendência da Elebra, “pois provamos
milhões de assinantes, e em alguns outros
países no Oriente. que, com a capacidade de poder atender até
250 mil assinantes, já estamos, inclusive, ca­
A maior vantagem que a tecnologia Amps
tem a oferecer, explicou John van Logchem, pacitados o prover o tráfego de São Paulo, na
diretor gerente da AT&T no Brasil, “é que última fase da licitação, previsto em 110 mil
ela nos permite fazer uma engenharia de sis­ usuários”.
tema de tal forma que ele se torna mais eco­ A Novatel é uma das principais fornece­
nômico, com uma relação de preço/desempo­ doras de telefones celulares móveis nos EUA,
nho muito boa, visto que os equipamentos in­ Canadá e Reino Unido, assim como para
corporam processadores e software bem Hong Kong e Austrália. Atua também na
avançados, que serão necessários em pouca pesquisa, criação e produção de sistemas
quantidade”. celulares. A Northern possui mais de 37 mi­
Em São Paulo, a Sid, parceira da AT&T, lhões de linhas telefônicas digitais em ser­
»revê implantar entre 50 a 100 Estações de viço pelo mundo.
{ tádio Base (ERBs). No Rio, entre 50 a 25, já
em Brasília, a metade ou menos da metade Domínio
do que no Rio. A comandá-las, em cada Es­
tado, uma central de comutação e controle. “Telefonia móvel celular não é problema
O treinamento de pessoal tem sido outra para a Ericsson”, assegurou Sérgio Lopes,
das preocupações da Sid, quanto à telefonia diretor comercial da empresa, “visto oue for­
móvel, pois há um ano vem preparando parte necemos para as principais redes celulares
de seus engenheiros, inclusive com viagens do mundo, como a dos países escandinavos.
aos EUA, e pretende oferecer também trei­ NMT (Nordic Mobile Telecommunications),
namento às operadoras. primeiro sistema desde 1981, onde contamos
Existe uma facilidade no sistema AT&T, com mais de 300 mil assinantes ligados.
patenteada, que John van Logchem ressal­ Também o Tacs (Total Access Communica­
tou: “A capacidade de atendimento ao trá­ tions System ), na Inglaterra, e o próprio
fego telefónico de nossos equipamentos muda Amps, nos EUA, onde contamos com cerca de
25% da rede de telefonia celular, em 30 das
maiores cidades norte-americanas. Já na re­
de nórdica, a maior do mundo no setor, cobri­
mos, praticamente, toda Dinamarca, Finlân­
dia, Islândia, Noruega e Suécia.”
“Existem no mundo 3.800 assinantes
celulares, cerca de 1.600 ligados aos sistemas
Telebrasil, Jul./Ago789