Page 11 - Telebrasil - Julho/Agosto 1989
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TCs. São estações trâ n s ito que d e RF — Em conseqüência, acredito que o
veriam já ter entrado em operação e program a de investim entos deste ano
ainda não o foram. Em São Paulo, por poderá ser cumprido com recursos que
exemplo, por falta de entrocam ento, cer vão ser gerados pelo próprio setor.
tas estações ainda não entraram com
pletamente em operação. TB — Há os que querem ver, em a titu
des no M inistério, uma tendência à pri
TB — Trata-se, então, de falta de re vatização do setor. O Sr. concorda com
cursos? este ponto de vista?
HF — Não. Eu diria que, em prim eiro RF — Não concordo. A atuação do Mi
lugar, vem a descoordenação do planeja nistério não tem sido privatizante, mas
mento. sim o da participação da iniciativa pri
vada, na prestação de serviços de TCs,.
TB — Por parte do Sistem a Telebrás? Hoje, isto é um a realidade mundial. E
RF — Dentro do sistem a, em geral. Em uma realidade que vai chegar ao País de
segundo lugar, sem dúvida nenhum a, form a que, in d e p e n d e n te m e n te , da
existem problem as de caixa que afe orientação ou atuação do M inistério das
taram nosso setor e que, felizmente, es Comunicações vai se impor dentro de
tão sendo superados. Eu não acredito nosso mercado. O M inistério está cons
que possamos reclam ar da falta de re cien te d esta re a lid a d e e, por conse
cursos em nosso setor, até por que no de guinte, suas Regulamentações já come-
curso dos últim os três a quatro anos am a sofrer a influência desta reali-
ocorreu recuperação tarifária significa S ade. Agora não se trata, aqui, de uma
tiva, inclusive invertendo a tendência privatização ilim itada.
de anos anteriores. M as é claro que,
ainda, não estamos com o nível de tarifa T B — Isto significa que surgirão empre
adequado. sas (privadas) exploradoras de serviços
de valor acrescido?
TB — E quanto ao programa de in vesti- RF Sim, elas surgirão e é im portante
mentos para este ano? que assim aconteça. n*
Wajnberg:
P r i v a t i z a ç ã o d a s T C s s e r á t é c n i c a
Salomão Wajnberg, do Geicorn (Grupo de (ransmissao, que define, tecnicamente, municaçóes para interligar os diversos ele
Executivo Interministerial de Comunica parâmetros importantes do sistema, masque mentos do sistema.
ções), por ocasião do Encontro TELEBRASII, tal coisa nao pode ser dita em relação ao setor Cada empresa de informática, ao interli
sobre comunicação de dados, afirmou que a de informática que, nas suas origens, enfati gar seu produto, o fez sem uma regra básica
privatização do setor das TCs “não se dará, zou a concentração de dados de uma empresa, de transmissão e sem padronização global
corno muitas pessoas pensam, através da numa sala dotada de um computador de das interfaces, do que resultou um tumulto
transferência de ações em mãos do poder pú grande porte. Foi só com o advento dos micro de interconexões — algo a que o setor de TCs
blico para a esfera do setor privado”. Se computadores, que sistemas do tipo centrali não estava habituado. “Até bem pouco
gundo o especialista, as grandes empresas zado passaram a se tornar distribuídos, sur tempo, a própria Embratel, que era a única
privadas e seus acionistas possuirão PABXs gindo, daí, a necessidade de estabelecer co- executora do serviço de comunicação de da
(Private Automatic Branch Exchange) ou dos, de maneira pública, teve que lidar com o
CPCTs (Centros Particulares de Comutação problema da padronização de modems que,
Telefônica), de grande porte, que farão no fu inclusive, apesar de serem de um mesmo fa
turo a comutação de voz e dados. bricante, não aceitavam se interligar, por
Continuando, argumenta Salomão Wajn Empresa A falta de padronização", acrescentou Salomão
berg que parte das citadas empresas, através Wajnberg.
do serviço limitado, se interligarão com ou Ele alertou que “o setor das TCs não pode
tras com as quais mantêm relacionamento ficar olhando, sentado, o que está se pas
mercantil e industrial mais intenso. Esta in sando em seu redor e de que é preciso, por
terligação, através do serviço limitado, e ali exemplo, atuação maior junto ao Comitê
ada ao uso de software adequado, é que irá Brasileiro CB-21, da ABNT (Associação Bra
criar uma rede privada, operando em parale sileira de Normas Técnicas)”. “É preciso
lo com o sistema público de TCs. criar nova mentalidade”, disse Wajnberg ao
È daí, penso eu, que irá surgir a priva comentar que é um absurdo empregar uma
tização das telecomunicações. Ela surgirá, de LP (linha privativa) somente para transmi
fato. caso o sistema de TCs (públicas) não tir dados, enquanto que a tecnologia disponí
atender, devidamente, à demanda dos usuá vel permite otimizar sua utilização e a de
rios alerta o dirigente do Geicorn, que se qualquer outro meio de transmissão. Deve
mostrou preocupado com a necessidade de haver preocupação com a interoperabilidade
uma “reformulação urgente dos Planos de e com um plano adequado que defina os parâ
Transmissão e com a padronização visando metros técnicos e operacionais do sistema.
incluir a comunicação de dados”. “Isto será importantíssimo para o desenvol
Lembrou ainda o especialista que o setor vimento das telecomunicações na parte digi
das TCs e uni sistema organizado desde seus A privatização das TCs poderá ocorrer, via PABX, t a l ’, recomendou o dirigente do Geicorn.
primórdios visando a existência do um plano voz dados, prevò Salomão Wa/nherg. tJCF)