Page 47 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1988
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Brasil — Quarenta Anos de Industrialização dinam izar o setor privado, que precisa
se desacostumar a uue o Estado arque
Brasil exporta bens prjm ários (cafó) e im porta ma In d u s tria liz a ç ã o se in icia s u b s ti
Década de 50 com seus problemas* Sobre o ancestral
nufaturados, cada vez m ais caros Estado taxa ex tu in d o im p o rta ç õ e s de bens de conflito entre lucros e salários, Sulamis
ftl portações e obtóm recursos para fabricar m anufa consum o e criando infra-estrutura
turados, no País. acha que este "já é um problem a que
transcede a esfera dos simples econo
Década de 60 Cresce o desnível dos preços internacionais entre In d u stria liza çã o cresce incluind o mistas e deve ser resolvido por toda u so
bens prim ários e m anufaturados. Estado, à cata bens in te rm e d iá rio s e de capital
d t i de mais recursos, im prim e m ais dinheiro e inicia Existe algum planeiam ento global, ciedade".
reform a tributária e bancária, algo politicam ente do Estado Final mente, em relação ao problema
pouco palatável
da dívida externa, ela reconheceu u ur-
Década de 70 D inheiro internacional fácil. S istem a financeiro Industrialização se expande. Pro- gúcia dos países desenvolvidos ao nego
privado internacional recicla petrodólares. Econo cura-se fa b ric a r no fa ís tudo do ciarem em separado, e com condições di
D»! mia se endivida com aval do estado Investe-se, que ele necessita E a época do ferentes, com a A rgentina, México o
compra-se. gasta-se m ais e tom a-se m ais em pres "m ila g re "
g ¦! tado. Brasil e elogiou os novos acordos bila
terais que o Brasil vem efetuando no
Década de 80 Em préstimos são tom ados para pagar em prósti Exportação de produtos industriais Cone Sul.
i i ã i mos. Em 82 avolum a-se a cobrança da dívida O e outros (soja) criam superávits na Ao falar dos blocos econômicos, José
m o d e lo passa a e x p o rta d o r, a to d o cu sto , m
balança de pagam entos, que são
clum do incentivos e subsídios, que tiram recursos em pregados para pagar o serviço Tavares, da FEA, mostrou que estes são
r i ã i d do estado e sacrificam outros sotores. Contenção da dívida externa Pais quer tec frutos de duas tendências m undiais
salarial segura o m ercado interno. Dívida externa nologie própria e começa a rever o ocorridas nos últimos quarenta anos: u
pressiona inflação. m odelo do substituição de im por
taçòes internacionalização do processo produ
tivo (para obtenção de grandeza de es
cala) e o protecionismo interno contra
produtos estrangeiros. "Agora são pou
Gurrieri — os países desenvolvidos, versidade Federal do Rio de Janeiro, é cos países como Ira, países africanos e
como Estados Unidos, Europa, Coréia de opinião que, no caso brasileiro, 'há América Latina mie estão fora do esque
ou Japão foram caracterizados pela ca necessidade de uma estratégia de ata ma de grande blocos econômicos tais
pacidade de ação coletiva, coordenada que simultâneo aos diversos problemas como fizeram os Estados Unidos, Ca
pelo Estado, cuja função é resolver os di que perturbam a economia A começar nadá e México; os tigres Asiáticos e In
versos conflitos que ocorreram nestes por uma reforma fiscal, que inclui pas donésia, liderados pelo Japão; o M er
países. Já nos países em desenvolvi sar por uma reforma adm inistrativa do cado Comum Europeu; e os países socia
mento, a partir cios anos 60, na América Estado poro cortar gastos inúteis, além listas.
Latina, percebeu-se na Cepal que o de da tributação adeouada de todos agen O in te rc â m b io do B ra sil com a
senvolvimento deveria passar pela inte tes econômicos «* da diminuição de in América Latina tem decrescido, o que
gração adeouada entre o agente interno centivos e subsídios Na década do 70. a Tavares de Araújo considera um erro:
«política do Estado) e o externo (comuni carga tributária e de contribuições so "apesar do superávit de 18 milhões de
dade financeira internacional). ciais era de 26'í do PIB, caindo paru os dólares da balança de pagam entos, a
— Em 1970. o Banco Mundial lançou 2 Pí atuais, deixando o estado sem re economia brasileira continua fechada
a proposta da distribuição compensa cursos”, mostrou Sulamis. ern si mesmo" For outro lado, o proteção
tória, pela qual caberia ao setor privado Segundo ela, para diminuir a infla generalizada dada ao modelo de substi
desenvolver o setor moderno, deixando ção será necessário aplicar uma política tuição de exportações, levou a criação de
ao Estado o encargo de arcar com os seg equitativa de rendas "englobando todos reservas d<* mercado como na mduótria
mentos mais atrasados da economia — os agentes da economia e a ser consegui de bens de capital (metade é estrangei
historiou G urrieri, afirm ando que "a da através de um amplo pacto social I)o ra), na induétria automobilística, na in
absorção do segmento m ais atrasado, ponto de vista de investimento será ne dustria farmacêutica, anteriores à tão
numericamente muito importante, po cessário a retom ada do desenvolvi discutida reserva da informática", resu
derá levar décadas e por isto será neces mento traduzido em aumento da produ miu o economista da FEA.
sário implementar políticas compensa ção, dos salários e do consumo, subme Criticando o modelo protecionista,
tórias para minorar as desigualdades’' tendo a orientação do estado para uma definido corno industrializar o País a
Em relação aos governos democráti economia aparentemente sem rumos". todo custo, Tavares de Araújo vê nas
cos, disse o cientista que "a idéia da de Quanto à dívida interna, "até Mário consequências desta política as raízes
mocracia não e um valor em si mesma, Henrique Simonsen já reconhece que da má distribuição de rendas e de confli
mas sim uma concepção de vida social não é este o problema’’, disse Sulamis. to distributivo causador do processo in
que precisa, no entanto, encontrar solu Sobre a atuação do estado na economia, flacionário’’. Quanto às ZFEs, "elas irão
ções satisfatórias para os diversos seg ela opina que, "num País extenso como o apenas ao encontro de interesses já co
mentos da sociedaae, para não se debili Brasil, é necessário m anter algum grau nhecidos e no caso dos 22 protocolos que
tar. Mas ela é a única solução duradou de centralização para resolver diferen o Brasil assinou com a Argentina, nos
ra. a longo prazo, para resolver os pro ças regionais e setoriais. Além disto, são últimos dois anos, os mesmos serão inó
blemas econômicos da América Latina ', os investim entos estatais em energia cuos se estes países não m antiverem
vaticinou Alfredo Gurrieri. elétrica, petróleo, comunicações e trans proteção sim ilar com o re sta n te do
Por sua vez, Sulamis Dain, da Uni portes que servem de indicativos para m undo”. ir
Ignàcio Rangel (ex-UFRJ) Antonio B- de Castro (FEA/UFRJ) Sulamis Dam (FEA/UFRJI Flàvio Versmni (UnB).
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