Page 46 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1988
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A importação de
© ...que ele obtém
peças de manutenção
recorrendo ao
de um avião....
Tesouro (imprime
dinheiro) ou ao
mercado financeiro,
que ele precisa
remunerar.
@ ..tira dólares do ...e o Banco
Banco Central Central usa estes
para pagar o dólares para pagar
© A empresa de fornecedor externo.
aviação ressarce o a dívida externa.
Banco Central
dando-lhe cruzados.
@ ...traz dólares do ...traz dólares do
exterior para o
exterior para o
Banco Central.
Banco Central....
u s $
@ Mas, o Banco
® ...por sua vez, o
Banco Central Central paga
remunera ao ao exportador Cz$
exportador, em em cruzados....
cruzados.
© A exportação de
© A exportação de
um automóvel....
um automóvel...
De maneira muito simplificada, o Banco Central atua como pagador e recebe No exemplo muito simplificado, todo superávit gerado pela exportação é utili
dor de dólares em relação ao mercado externo e como recebedor e pagador zado pelo Banco Central para pagar ao credor externo A fím de remunerar o
dos cruzados correspondentes, em relação à economia interna. exportador, em cruzados, o Banco Central precisa obter recursos quer junto
ao Tesouro, quer junto ao mercado financeiro, que precisa remunerar.
volvimento indicando que o relaciona importação aproximou, na prática dos trialização até o fim. O modelo brasilei
mento centro-periferia continua persis anos 50, cepalinos e neoclássicos”. A Ce ro, apesar de concentrador de renda,
tindo — mostrou Flávio Versiani, que pal, no entanto, levantou a questão cen com parado a o u tro s países latino-
também falou sobre o papel do Estado tral da presença do Estado na economia, americanos, fez crescer, no período 70/
na economia brasileira: como provedor da necessária infra- 85, o salário médio de 30%, enquanto
— Frente à atual crise fiscal será estrutura para o País crescer, bem como Argentina e Chile tiveram diminuições.
aritmeticamente necessário que o Es para eliminar desequilíbrios regionais e Em term os absolutos, a pobreza bra
tado restrinja sua atuação econômica, gerenciar o elemento externo. 0 Brasil, sileira regrediu, ainda que o consumo
mas há que escapar da armadilha de por sua vez, demonstrou ser possível teve que ser postergado, por não haver
que, com seu retraimento, o capitalismo substituir importações, com auxílio de capacidade industrial suficiente para
nativo poderá manter, por si só, sem in capital estrangeiro, e sem recorrer a . suportar a demanda plena dos mercados
centivos, subsídios ou tarifas subsidia p*andes reformas agrárias ou de distri interno e externo”, analisou Barros de
buição de renda. Assim, a partir de teo
das, taxas adequadas de crescimento t Castro.
global para o País. rias heterodoxos pode se chegar a resul Ao traçar o perfil do capitalismo bra
tados ortodoxos e vice-versa’’, lançou o sileiro, ele lembrou que, aqui, "a atua
Neoclassicismo economista, lembrando, porém, que ”a ção do E stad o sem pre foi prepon
situação industrial do País é vulnerável derante, tendo sido criada uma burocra
"A tese neoclássica defende que só — somos o 8." parque in d u strial do cia competente, desde os tempos de Ge
existe uma economia mundial que bene mundo, mas caímos para 46: se consi túlio Vargas, complementada pela ação
ficia igualmente os parceiros das trocas derarmos que um terço deste parque dos militares, como mostrado pela cria
externas, a que se opõe a idéia cepalina deve ser creditado às multinacionais”. ção da Petrobrás e da Embraer. Por ou
de assimetria neste intercâmbio”, resu Já Antonio Barros de Castro, da tro lado, as forças representativas do
miu Pedro Sainz, do Departamento de FEA, lembrou que "o pensamento ce meio rural e do operariado tiveram me
Estatística da Cepal. pal ino nem sempre encontrou guarida nos influência nas decisões que promo
Observou o técnico que "o pensa no Brasil, tendo sido debatido, desde a veram a industrialização do País, do que
mento neoclássico, na América Latina, década de 50, pela Fundação Getúlio em outros países da América Latina”.
ressurgiu nos anos 60 (com a expansão Vargas, e posteriormente por organis
das multinacionais), prosseguiu nos mos internacionais, como o Banco Mun O futuro
anos 70 (com o enfoque monetário da dial”, observando que "o processo da in-
balança de pagamentos), recrudesceu dustrialização brasileira, hoje bem- Alfredo Gurrieri, da Divisão de De
em 71/72, com a política recessiva do sucedido, sofreu críticas à época como senvolvim ento Social da Cepal, disse
FMI e em 85/86 com a política estru- pouco absorvedor de mão-de-obra, so aue a organização, atualmente, se de
turalista do Banco Mundial. A aplica frer da influência demasiada do Estado, dica ao estudo de estratégias de médio e
ção das idéias cepalinas de centro- ser dependente de insumos do exterior e longo prazos, visando o desenvolvi
periferia, por sua vez, mostraram que a de que a industrialização forçada e inci mento da região latino-americana. Ele
simples industrialização, por si só, não piente afetaria até a produção agrícola, observou que o modelo brasileiro de in
resolve todos os problemas da América por não lhe oferecer utensílios ade dustrialização, absorvedor de mão-de-
Latina, mas que se deve levar em conta quados”. obra, é único na América Latina e se ba
a existência do fator político, algo essen "Em realidade, o emprego industrial seia na idéia de que a parte mais desen
cial para acomodaras diversas pressões, vem crescendo à média anual de 5%, nos volvida levará de roldão a parte mais
internas ou externas, trazidas pela pró últimos 30 anos, contra 3,2% para o to atrasada da população, catapultando-a
pria industrialização”. tal da economia. A influência do Estado para a modernização, como é também
Pelo enfoque de Reinaldo Gonçalves, fez com que o Brasil fosse um dos poucos pensamento do Banco Mundial.
da FEA, "o modelo de substituição de países que levaram o processo da indus- — Do ponto de vista social — afirmou