Page 11 - Telebrasil - Maio/Junho 1988

bem além dos serviços tradicionais de cada vez mais livres e transparentes,

telefonia e telex. mas também quer redes dedicadas para

Os ventos da mudança provêm das
seus problemas particulares.
necessidades dos usuários, das pressões Problema maior é o de que os meios

de novas tecnologias, do interesse da in­
de comunicação estão repartidos desi­
dústria e das regulamentações governa­ gualmente no mundo. De acordo com o

mentais que querem sacudir a ordem
relatório da Comissão Maitland, em 84,

antiga, aí compreendendo conceitos tra­ três quartos dos 600 milhões de telefo­

dicionais como: monopólio, serviço pú­ nes existentes estavam repartidos entre

blico, tarifas cruzadas, atendimento apenas nove países, mostrando o gap de

universal. Naturalmente, surgem mui­ recursos entre os países desenvolvidos e

tos caminhos entre o monopólio absolu­ em desenvolvimento.

to e o livre mercado e são as circunstân­ Rara Crump, esta distorção não pode

cias que irão ditar onde é necessário ser aceita, nem em termos humani­

competir e onde é necessário cooperar. tários ou do interesse global dos povos.

EUA, Canadá, Japão, em diversos "Até agora, disse ele, as 'PCs foram de­

graus, questionaram a idéia do mono­ senvolvidas com base no retorno finan­

pólio absoluto ’omo sendo a melhor ma­ ceiro para o usuário, que deve contri­

neira de desenvolver as TCs, devido a buir para o capital necessário à expan­

razões de eficiência econômica do capi­ são da rede. Isto tem levado à concentra­

tal aplicado. Assim é que na maioria dos ção das TCs nos centros urbanos que

países a restrição em termos de expan­ oferecem maior retorno.”

são de serviços deve ser atribuída a re­ Ele tornou a repisar na tecla que

cursos insuficientes para neles investir. vários fatores contribuíram para que as

Por outro lado, mesmo com a adoção do TCs nao se expandissem mundialmente

regime de desregramento competitivo Butler: o problems da padronizaçao mundial de maneira uniforme: altos níveis deca­

(livre mercado) o que se tem observado é das redes é cada ve/ mais importante pitai necessário, limitado retorno do in­

a manutenção de regulamentações di­ vestimento. problemas de divisas cam­

versas obtendo-se, de fato, uma mistura biais e dependência tecnológica dos paí­

de monopólio, oligopólio e competição de toros do informação para nao suceder ses menos desenvolvidos.

livre mercado. Conclusão: a obtenção de como om alguns países do Caribe, em () executivo da AT&T ofereceu como

capital é o aspecto fundamental do pro­ que ba quatro vezes mais receptores de soluções: convencer dirigentes dos paí­

blema.” tevê do que de telefones. Recomendação ses em desenvolvimento e órgãos mun­

— Regras sempre existirão nacional de Hudson aos governantes em geral: diais dr fomento que investir em PC’s é

e internacional mente e não serão ape­ conscient i/.arem-se da prioridade que ótimo negocio; baratear pelo uso de no­

nas de caráter técnico, mas sim envol­ devem at ribuir às TCs, como infra-es­ vas tecnologias, os sistemas que po­

vendo componentes políticos. Sempre trutura básica para desenvolverem seus derão levar as'PCs para areas isoladas e

existirão organizações para debater a países. rurais; desenvolver pessoal; convencer

regulamentação internacional, quer se Cecil Crump, da AT&T, om tom si­ governantes que as TCs são benéficas

trate da UIT, do Gatt, do Banco Mundial milar, falou da rápida evolução da tec­ para o comércio e a economia mundiais

ou de qualquer outra. Mas, frente aos nologia. citando que "nos últimos vinte e nao constituem objeto cie pressão eco­

novos tempos, será necessário que estes anos e a cada ano dobrou o poder de com­ nómica; acelerar o estabelecimento de

organismos passem a operar em con­ putação, mas dividiu-se por dois o custo padrões internacionais comuns para

junto a fim de resolver os conflitos exis­ do chip de silício”. viabilizar conceitos como RDSI e telefo­

tentes entre o social e o econômico, alo- — O volume de informações que o nia celular.

cando custos a quem pode por eles pagar mundo requer cresce cada vez mais e

— prognosticou Melody. surge aqui um paradoxo — alertou Novo cenário

MNão existem soluções mágicas”, ad­ Crump — o usuário deseja sistemas

moestou o palestrante. cada vez mais complexos, mas por outro 0 Secretário-Geral da UIT, em ex­

lado pretende que eles sejam cada vez tenso pronunciamento, deu sua visão do

Tecnologia mais acessíveis e fáceis de usar. De ma­ novo ambiente em que se movem as mo­

neira idêntica, o usuário quer redes dernas TCs e enfatizou a necessidade de »

H.E. Hudson, da Universidade de

San Francisco (EU A) tratou da conver­

gência e da proliferação de novas tec­

nologias que vêm permitindo novos ser­ 0 Decálogo do Usuário Impaciente

viços, muitos já em uso, como reserva de

passagens aéreas, correio eletrônico,
Os direitos do usuário foram defendi­ serviço, fácil de utilizar;
acesso a banco de dados, redes especiali­ dos por B.W Overeynder, do Internatio­ • ofereça-me novas alternativas para mi­

zadas, proliferação de fac-símiles, uso nal Telecommunications Users Group- nhas futuras necessidades;

de terminais terrenos de pequeno porte IN T U G , com base na premissa que o • atualize seu serviço de acordo com mi­

(microsats) e de seu impacto no meio ru­ mundo dos negócios depende alta mente nhas novas demandas;

ral e urbano. Referiu-se também às no­ das telecomunicações, de que em alguns • lembre-se que solução mais barata é

vas tecnologias de rádio celular, fibras países as autoridades não provêm às ne­ uma melhor solução;
cessidades dos usuários, mas insistem no • avise-me de possíveis mudanças, não
ópticas e rádio rural, ressaltando os be­ direito exclusivo de fazê-lo e de que novos me faça surpresas;

nefícios que as telecomunicações tra­ empresários estão impacientes para tirar • lembre-se que seu negócio é informação

zem, de maneira tangível, às econo­ proveito das novas tecnologias, citou o de­ e náo apenas TCs.

mias, como um todo. "Estudos do Banco cálogo do usuário, destinado a impactar

Mundial e da UIT demonstraram com as administrações de TCs: Ao concluir, disse o representante do

efeito, que as TCs exercem um efeito • pergunte-me quais sáo os meus reais INTUG que houve tempo em que os servi­

multiplicador sobre atividades tão di­ problemas; ços de TCs eram "outorgados ao usuário e

• pesquise que soluções existem ou po­ náo oferecidos ao cliente” e de que é pre­
versificadas quanto agricultura, trans­
dem existir (com ou sem uso de TCs); ciso encontrar fórmulas para diminuir o
porte, educação, saúde e serviços so­
• obtenha soluções melhores das que eu fosso entre as infra-estruturas de TCs
ciais”, disse ele.
possa obter alhures; existentes nos países desenvolvidos e em
Por outro lado, a proliferação de inú­ • convença-me da sua solução, em termos desenvolvimento. Como "lobyista” do

meros serviços — interativos e de difu­ que possa entender; usuário profissional Overeynder náo po­

são — reforçam a necessidade de um • forneça-me um bom, confiável e cortês deria ter procurado mais impacto.

planejamento integrado dos diversos se-