Page 7 - Telebrasil - Maio/Junho 1988
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editorial
Luiz de Oliveira Machado
(Diretor-Presidente da Miitec
e Diretor du Telebrtisil)
O anúncio do Presidente José Sarney, da tes que permeiam vários setores industriais.
nova política industrial do País, em cerim ô A incredulidade vem á conta da velha dú
nia realizada no Palácio do Planalto, trouxe vida brasileira sobre as leis que "pegam ” e as
aos em presários brasileiros sensações discre que "não pegam ” , agravada neste caso pela
pantes de esperan ça, in cred u lid ad e e d e flagrante incompatibilidade entre os princí
salento. pios da política proposta e aqueles presentes
A esperança vem do conteúdo essencial no texto constitucional aprovado em prim ei
que se extrai dos alentados decretos-leis pro ro turno, na parte (pie t rata da Ordem Econó
mulgados pelo Governo Federal, que, ao res mica e Financeira.
suscitarem com p etitivid a d e como objetivo Ali se estabeleceram conceitos relativos a
principal da política, acenam com o fim do ca nacionalidade do empresas e setores, reser
pitalismo cartorial e suas consequentes ma vas de mercados e outros, que parecem tran
zelas burocráticas, incentivando o em pre sitar em completa contramão com o que se
sário a perseguir a eficiência que, na outra propõe na nova política. Ha que se compati
ponta, irá aquinhoar o usuário final com m e bilizar uma e outra, respectivamente no se
lhores preços e produtos mais competitivos, gundo turno da Constituintee na regulamen
fechando-se o ciclo com realim entação posi tação da política industrial, sob pena de, pro
tiva que beneficiará como um todo. mulgada a Constituição, passarmos a viver
De que consiste, em essência, a nova polí r v ião» i n r n n t r n l n v p ik H ororrpnt.fíK rln e o n í lilo
tica? São reunidas diversas medidas que v i de orientações.
sam facilitar os investim entos em tecnologia Finalmente, o desalento se aplica aos que
e a importação de bens de capital para a mo foram alijados da abertura democrática do
dernização do setor produtivo, além de sim setor industrial brasileiro”, nas palavras do
plificar a vida das empresas, elim inando uma Presidente da República, entre eles o sofrido
série de exigências e tram itações que subme setorMe telecomunicações, injusta men te con
tem providências que deveriam ser somente finado pela Lei 7232/84 à condição de subcon
de responsabilidade do em presário — o lan junto da inform ática. E que o artigo 24 do
çamento de um novo produto, por exemplo — D.L. 2433/88 estipula que "os projetos de pes
a um intrincado processo de submeter proje quisa, desenvolvimento e produção de bens e
tos, p ed ir cotas, fa zer con su ltas p révias, serviços de inform ática continuam regidos
aguardar expedição de portarias, solicitar pela L e i 7232 de 29/10/84”.
averbações, obter certificados de registro e Ainda que se aceite a intenção do legisla
homologações, com prom eter-se com índices dor de preservar os princípios da Lei de Infor
de nacionalização m uitas vezes antieconômi mática, até por se tratar de lei ordinária, tra
cos e que excedem aos praticados no país de mitada pelo Congresso Nacional, porque de
origem da tecnologia, e outras providências veria este setor ser privado de alguns dos dis
similares. Em muitos casos é necessário sub positivos liberalizantes da nova política in
meter projetos completos, verdadeiras devas dustrial que não conflitem com a referida lei?
sas na vida das empresas, a órgãos diferen Nossa conclusão é de que se faz necessária
tes, subordinados a M inistérios ou políticas uma mobilização das forças atuantes no setor
diversas, não raro conflitantes entre si, exi de telecomunicações, estatais e privadas, no
gindo malabarismos por parte das empresas sentido de que haja uma compatibilização dos
para se adequarem a todas as exigências, referidos diplomas legais, permitindo às tele
além de uma equipe especializada na sua ela comunicações a fruição, ainda que parcial, da
boração. citada "abertura democrática do setor indus
N este ponto d estaqu e-se o con ceito de trial brasileiro”, tudo isto na suposição, que
''Program as Setoriais Integrados” , a serem esperamos seja concretizada, de que a nova
coordenados pelo CD I, através do qual se es política industrial esteja na categoria das leis
pera a harmonização das políticas conflitan que "pegam ” .