Page 13 - Telebrasil - Março/Abril 1987
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dência de acordo com Vanda Scarterz-
campo em que a tecnologia muda rapi
questão da capacitação brasileira
A em microeletrônica considerada damente, observa Luiz Guinle, presi zini, Gerente de Desenvolvimento da
essencial por uns, mas não catastrófica Sid, é na direção do emprego de sem i
dente da holding.
para outros (Mauro Porto, do Minicom), Já a estratégia do Grupo ABC, exter condutores (de silício) do tipo bi-MOS,
foi um dos objetos de debate por ocasião nada por Delson Siffert, é baseada no que é uma mistura de bipolar (que lhe
do Seminário ”0 que mudar?” promo desenvolvimento inicial de fibras ópti dá alta velocidade de operação) e C-
vido pela RNT e indicou que surge uma cas, filmes espessos e circuitos híbridos, MOS (que propicia alto nível de integra
conscientização mais geral sobre a im como uma boa maneira de chegar, aos ção). Esta nova técnica irá competir, in
portância do assunto. poucos, à capacitação em microeletrô clusive, em velocidade de operação, com
Salomão Wajnberg, do Geicom, le nica, incluindo o processo de difusão. os dispositivos de Arseneto de Gálio, só
vantou a tese de que o semicondutor, re Todavia, quem está mais capacitada que o custo será mais barato, explicou a
presentando a quase totalidade do valor a falar em difusão no País é a Sid Micro- executiva.
do equipamento eletrônico, obrigaria o eletrònica, a única empresa que efetua Para vencer o desafio da microeletrô-
País a possuir o domínio completo do ci tal processo, ainda que em técnica bi-
clo tecnológico do chip — do projeto à di polar. Suas origens remontam à época tos. Alguns países, tal como a Coréia,
fusão — sem o que a indústria brasilei quando Philco e RCA resolveram fabri nas palavras de Marco Dantas, da Co
ra, como um todo, estará seriamente car semicondutores, em Belo Horizonte, bra, tiveram sua indústria de compo
ameaçada. Ele lembrou, a seguir, o para suprir a indústria brasileira da nentes ás custas de elevados subsídios
êxito industrial dos planos elaborados eletrônica profissional o de entreteni governamentais (da ordem de 300 mi
no Geicom para a produção de compo mento. Após amargar uma fase de pre lhões de dólares) e da união de esforços
nentes tais como ferrites, tubos de vidro, juízo por problemas de escala de mer de urnas poucas empresas uma possi
capacitores e resistores, mas confessou- cado o grupo multinacional resolveu bilidade não de todo descartada, no Bra
se desanimado com o que ocorreu na se retirar do negócio e assim vendeu sil, por Luiz Guinle. Quanto ao proble
área de semicondutores, onde se contam (por apenas 12 mil) suas instalações no ma de grandeza de escala, Salom ão
18 empresas, mas só uma — a Sid Ele valor de 25 milhões de dólares ao grupo Wanjberg acha que esta ocorre quando a
trônica — detém o ciclo completo e Sid, de Matias Machline. indústria começa a adaptar seus equi
ainda assim para componentes de baixo pamentos a determinados componentes
nível de integração. preferenciais existentes no mercado e
O mercado interno brasileiro para citou o que acontece na Alemanha com
semicondutores é pequeno. Vale algo um chip desenvolvido para servir de in
em torno de 30Ò milhões de dólares (19< terface, padrão CCITT, para a Rede Di
do mercado mundial), o que não viabili gital de Serviços Integrados.
za as três empresas selecionadas pela — Mas uma coisa é certa — alertou
SEI, Sid, Itautec e Elebra para man Wajnberg — a indústria eletrônica, que
terem projetos completos de microele hoje não se capacitou em microeletrô
trônica no Brasil. nica e em software, pode pegar seu cha
Ao se discutir a produção de chips há péu e ir embora (a pé) rápido para casa.
que distinguir dois aspectos: o projeto O presidente da Matec, Luiz de Oli
das máscaras (envolvendo auxílio de veira Machado, recentemente chegado
computador) e o processo de difusão. Al dos Estados Unidos, acha que o Governo
guns como Carlos de Paiva Lopes, ex- deveria implementar uma política de
diretor do CPqD, defendem a idéia de assegurar uma lista de componentes
que se deve começar o ciclo industrial preferenciais e críticos para não parali
pelo projeto de circuitos dedicados (em sar a indústria de eletrônica, no País.
contraposição aos de uso geral emprega Quanto à Itaucom, ela tem programa
dos em memórias e micros) e que "a ca para aplicar 100 milhões de dólares até
pacitação em difusão é algo que irá de 1990. Até lá a empresa pretende am
correr naturalmente”. 0 mesmo pensa
Chip de um Megabit e tempo de acesso de 80 pliar sua linha de produção — hoje com
Fernando Vieira de Souza, que substi
nano-segundos do tipo empregado na última posta por circuitos lógicos TTL e CMOS;
tuiu Paiva na direção do CPqD, lem geração de computadores IBM 3090. memórias ROM (Read Only Memory);
brando que este centro já desenvolveu EPROM (Erasable Program Read Only
mais de 20 tipos de semicondutores de Memory); RAM (Random Acess Me
dicados, mas com base no processo de di Mas isto não é tudo. A SID Microele mory) Dinâmica, RAM Estática; micro
fusão feito no exterior. trônica quer participar, junto ao CPqD,
processadores e periféricos; dispositivos
Mas não é apenas o CPqD que possui, do projeto de circuitos dedicados, princi
no País, capacitação para projetar palmente na parte lógica e contribuir PAL; circuito de telecomunicações; e
"chips”. A Elebra acha que aí está uma com difusão, em tecnologia bipolar, projeto de circuito integrado Gate Ar-
saída rápida para a obtenção de econo para o chip de tone ring desenvolvido ray, Standard Cell e Full Custom — e
mia em seus produtos e de que a difusão pela Telebrás para simplificar a monta aumentar suas instalações no bairro do
do chip — ainda que atraente — deve gem do aparelho telefônico. Mooca (SP), além de montar a unidade
ser deixada para uma época mais tarde, No entanto, uma das realidades da de difusão. Essa fase do processamento
"até que o Governo esclareça um pouco microeletrônica é a grande velocidade de circuitos integrados da Itaucom vem
melhor a questão dos incentivos. É um com que ocorrem aperfeiçoamentos tec sendo feita nos Estados Unidos, Japão e
investimento de muito alto risco, num nológicos. Assim é que uma atual ten alguns países da Europa. (JCF).