Page 9 - Telebrasil - Março/Abril 1987
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criou-se tecnologia. Contudo, a 622 enve
sembocou numa situação inibidora da in foi a Portaria 622/75 que estabeleceu
dústria, na geração de produtos pró diretrizes que vigoram até hoje e que o lheceu. E por que? — inquiriu Rômulo
prios”. Em essência, o que pretendem os Minicom pretende agora mudar. Vil lar Furtado, Secretário-Geral do Mi-
técnicos do Ministério é estimular a ini — A Portaria 622 foi produto de uma nicqm.
É ele mesmo que responde, ao dizer
ciativa privada na geração de novos pro era em que a indústria brasileira era in
dutos e "desatrelá-la do CPqD”, cuja cipiente e ela cumpriu, sem dúvida, com que a limitação do número de fabricantes
atuação seria agora dirigida para pesqui sua finalidade. Consolidou-se uma base preconizada na 622 — entre 2 e 4 por li
sa aplicada, tal como na capacitação em industrial, nacionalizou-se o setor e nha de produto — distorce a competição e
circuitos microeletrônicos dedicados. F *
Para entender a política industrial de
hoje é necessário, todavia, uma volta ao
passado. Sucessivas administrações lan
çaram mão do poder de compra e de pa
dronização da Telebrás como instru
mento de desenvolvimento industrial do
setor. O objetivo visado foi o de "obter
bens produzidos localmente — a custos e
qualidade adequados — por empresas
brasileiras dotadas de autonomia geren
cial e tecnológica e capazes de gerar pro
gressivamente, tecnologia no País”.
Desde da Lei 4117/62 (Código Bra
sileiro das TCs) ficou evidenciada se a
preferência do Estado em privilegiar gru
pos cujo capital fosse majoritariamente
brasileiro. Em década posterior, em 71, o
então Ministro Higyno Corsetti desenca
deava o Plano de 1 milhão de Telefones
lançado as famosas "cartas de intenção”, A procura do caminho cm Mitos e Realidades (XIV /'um cl Telvbrasil, 23 e 24/03/87,
destinadas a dar um mínimo de respaldo Canela, RS),..
aos grandes investidores industriais
Ainda na década de 70, o fato relevante
foi a entrada em cena das centrais telefó
nicas por programas armazenados em
computador, dando origem a sucessivas
gerações tecnológicas, primeiramente
das CPAs de comutação espacial (analó
gicas) e depois das atuais CPA-Ts (tem
porais ou digitais).
Como relembrou o Ministro Quandt
de Oliveira, formou-se na ocasião uma
Comissão Técnica que viajou ao exterior,
daí nascendo a Portaria 590/73 que
cunharia com o termo CP A (comando por
programas armazenado) e previa a distri
buição, pelo Brasil, de experiências-
piloto, com base na tecnologia espacial.
Pela nova geografia da 590, a tecnologia
PRX, da Philips seria instalada em S.
Paulo; a ND-10, da Nec, seria carioca; a
metaconta da ITT (Sesa), das alterosas; a
9 9 9 sucedeu-se a discussão do modelo em O Que Mudar? (São Paulo, 17 e 18/03/87)..
AXE da Ericsson, ficaria no planalto e os
gaúchos receberiam a CP-44 da Siemens.
Em paralelo, iam se consolidando os
conceitos de que a tecnologia temporal,
que seria o futuro, devia ser desenvolvida
localmente e que o mercado só poderia
comportar um máximo de 3 fornecedores.
Neste sentido, com a Portaria 661/75,
nascia o CPqD (que só dois anos mais
tarde se instalaria, provisoriamente, em
Campinas) e se dava início ao desenvolvi
mento da tecnologia Trópico (então cha
mada Siscom) no FDTE, da USP. Pouco
depois, julgava-se concorrência interna
cional, em que Philips, GTE e Siemens
foram descartadas, sobrando as tecnolo
gias CPA-Ts da Ericsson (Axe), ISEC
(Metaconta) e Nec (ND-10/20). Com a re
tirada da ITT, a Siemens voltaria a ser
classificada.
Mas o documento que marcaria defini
tivamente a Política Industrial do setor .. para um setor atento às novas tendências que se esboçam