Page 32 - Telebrasil - Julho/Agosto 1987
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ções, os governos dos países ricos, perceberam o não por exigência de mercado, ou seja, a situação montar hoje uma superestrutura só para preparar os
custo elevadíssimo do desenvolvimento tecnológico da "solução em busca do problema". projetos, vencer os obstáculos burocráticos, se qua^
e procuram associar-se para melhor enfrentar esses Para Luiz Machado existem conceitos errados lificar para receber incentivos ou para importar, en
custos sem perder a competitividade. Enquanto is sobre o que é tecnologia nacional ou estrangeira; o fim para conseguir até operar. 0 intervencionismo
so, caracteriza-se no Brasil o cenário do "u fa que é tecnologia obsoleta; as discussões que se tor liquida com a autonomia empresarial” .
nismo": de uma situação inicial em que achávamos naram em verdadeiras agressões à semântica, O conferencista citou exemplos dos Estados
que não se podia fazer nada, evoluiu-se para outro como, por exemplo, o que é empresa nacional e o Unidos, onde pequenas e médias empresas sur
extremo, em que se acha que é possível fazer tudo, que é empresa brasileira-, a discriminação de inves giram praticamente do nada, fundadas em gara
e talvez até poderíamos se considerarmos só o re timentos positivos através de mecanismos burocrá gens, como chamamos aqui de "empresas de fundo
quisito de capacitação, mas se considerarmos o re ticos; o mito da punição do sucesso: toda empresa de quintal", e hoje são enormes conglomerados in
quisito de suporte financeiro o mais correto seria que cresce passa a ser discriminada,* mesmo que dustriais, coisa que no Brasil ainda é impossível
tirar proveito da cooperação internacional sem abrir tenha crescido como decorrência de uma estratégia "porque no momento que o indíviduo tivesse urra
mão do desenvolvimento próprio. correta. Toda vez que uma empresa se torna líder de idéia luminosa na sua garagem para produzir quai
O conferencista também falou sobre protecio mercado, o argumento do medo do monopólio serve quer coisa teria de exibir um certificado de aprova
nismo de produtos industrializados. para que se crie obstáculos para essa empresa. ção de um órgão x, que submeteu aquele projeto c
— Eu já vi muitas vezes a seguinte alegação: Advertindo que ia "mexer em casa de mari um órgão y, e que sua empresa tem uma estrutura
sua companhia não pode fazer isso porque o órgão bondo", o executivo da Matec declarou-se contrário de capital adequada para a comercialização de t;
tal está desenvolvendo o mesmo produto. Isso é um à proteção à pequena e média empresas, sem que produto” , etc...
absurdo, porque é a proteção da intenção e não a se configure uma situação em que este porte de em Depois de elogiar a atuação do CPqD desde sua
proteção de uma coisa concreta. E quem trabalha presa traga reais vantagens ao usuário final. Outra criação, embora sugerindo mudanças no enfoque
em desenvolvimento sabe que a intenção está mui distorção da nossa cultura: "Da mesma forma que de seus trabalhos, Luiz Machado finalizou sua
to longe de uma realização concreta. punimos o sucesso, também não aceitamos o fra palestra dizendo que "a tecnologia deve ser tratada
Sobre RDSI, ele afirmou que "não há dúvida casso, uma coisa normal que deveria ser aceita sempre como o que ela é, ou seja, como um insumo
que é uma coisa que virá e não podemos nos colocar como conseqüência do processo de risco". e não como um objetivo final em si. A aceitação des
em uma posição defasada em relação a essa tec Luiz Machado disse que todo o intervencio se princípio por si só poderia reduzir muitas das dis
nologia". Entretanto, parece tratar-se de uma situa nismo tem como conotação perversa o dirigismo, torções e das impropriedades que foram: citadas
ção forçada pela disponibilidade de tecnologia e observando, a seguir, que "uma empresa tem de nessa relação de mitos".
mente aquelas localidades em que as exigên
ex-diretor técnico da Companhia Riogran-
0 dense de Telecomunicações (CRT), Heddy cias eram maiores e porque a potencialidade de enfrentar tecnologicam ente o que estava
tando. Esta estratégia foi uma das responsa, ms
Pederneiras, apresentou no XVI Painel Telebra- desenvolvimento no interior era maior. Então, pelo êxito do projeto.
sil um depoimento histórico a respeito das me era atender essas cidades antes de outras que Para Pederneiras, são três as estratég m
tas e estratégias que foram adotadas, na época, não apresentassem tais características, dando a fundamentais que levam ao êxito.- cs cronug^-
naquela empresa. Ele afirmou que sua palestra empresa o retorno indispensável para form ar mas de investimento, de montagem, de uscsr
ft.
não tinha qualquer sentido de insinuação em re sua capitalização, para torná-la capacitada a fontes. Se por acaso as fontes se revelasse"
lação a gestões posteriores ou anteriores. suficientes, então o plano não seria v>ave --
fosse, por pouca coisa, que em seguida se recu
Pederneiras fez um histórico das telecom u
perasse, podepse-ia fazer um financiamento --
nicações no Rio Grande do Sul, bem como a
curto ou médio prazos. Se por acaso c
evolução tecnológica da telefonia estadual nos
mento fosse grande demais para a capac
últim os 50 anos. Ele disse que, na sua opinião,
da empresa, então não se realizava este ^
"a CRT jamais deveria ter encampado serviços
ciamento e se cortavam algumas localidacu
m unicipais deficitários, sem primeiro fazer uma
Se o plano era inviável, era sma1 de
melhoria condizente nesses serviços. De fato,
despesa era m aior do que a receita
uma das metas, na época, era encampar todas
tirando alguma localidade se tiravam ce;--
as pequenas companhias telefónicas locais, ex
e o sistema de viabilização convergia- ^ .
ceto a CTMR de Pelotas, porque em tim e que
está ganhando não se mexe, até mesmo porque do-se a um plano viável. Por isso. só se 3 ,--
um plano de expansão depois que e e '
a CTMR era melhor do que a CRT".
Segundo o conferencista, outra meta, além completamente viabilizado. _ 3
— Então, basicamente, era isso qoe ^
da encampação, seria a interligação de todas as
depor. É um depoimento que peçc
sedes m unicipais, porque em alguns distritos
vem como criticas as gestões antencresí
não havia qualquer serviço urbano ou interur
que não agiram da mesma forma Qco ^
bano. A preparação de pessoal técnico também
era uma meta fundam ental e vários engenheiros gestão. Mesmo assim, a empresa Pa5S^ \ : * -
segunda do Pais. em qualidade técnic^ .
foram treinados na Standard Electric, do Rio, e
nas Ericsson e Pirelli, em São Paulo, tendo al meira era a Telepar. A CRT, que
primeira do Pais em rentabilidade
guns partido para fazer cursos na Suécia e na
vidade, cansou de emprestar dm - - r
Alemanha. â. tw r
Mais adiante falou o palestrante: verno do Estado para ser devolvi d-- ^ ,
__P rocuram os lançar projetos bastante zo. Havia dinheiro para isso. rn?s_f r . ^ e '
se lançou num projeto em que rao - ^ •
equilibrados, ordenando as prioridades e evi
tando, principalm ente, as influências externas Conferencista Heddy Pederneiras, pioneiro feitam ente equacionado financeir
políticas. Nossa intenção era atender exata das TCs (ex-CRT). nalizou 0 palestrante.