Page 53 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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tundição de silício, envolve processo físi
co químicos de difusão, máscaras, im
plantação iônica. Posteriorm ente, o
chip assim obtido é encapsulado (recebe CA747CE
terminais) e é testado.
Hoje. entidades como o CPqD, CT1,
Ter mercado
Itaucom, SID, Elebra, Ericsson e outras, SID 435 -
é a chave para
bem como nas universidades, já se proje
viabilizar a
tam circuitos dedicados, mas sua confec
microeletrônica.
ção ainda é feita no exterior. Os proces
sos de difusão — principalmente para
semicondutores de alto nível de integra
ção — requerem altos investimentos e dispositivos semicondutores. Assim, já Mammana que nesse sentido já foram
vem surgindo, na SEI, a idéia da criação realizamos, no CPqD, projetos em técni contactados, em três continentes, forne
de uma grande fundição de silício nacio cas C-MOS e circuitos dedicados para o cedores para os equipamentos e para
nal com a participação do governo, cen telefone padrão nacional (chip 2560T), transferência de tecnologia.
representando um mercado de 2 a 3 mi E se porventura existisse alguma dú
tros de pesquisa e empresas de microele-
trónica. Isto seria uma cópia do modelo lhões de dólares anuais e para outros vida sobre uma possível rivalidade en
da "fábrica de software \ sendo proposta equipamentos mais. tre CPqD e CTI a respeito de microele
também pelo CTI e que visa concentrar Outro Instituto de Pesquisa interes trônica é o próprio Mammana que eli
sado em microeletrônica é o Centro Tec mina essa possibilidade, ao afirmar que
numa só entidade o desenvolvimento de
ferramentas de software (programas nológico de Informática-CTI, que vem, "ambos os Centros localizados em Cam
para fazer programas). desde 83, operando uma linha de monta pinas estão em harmonia até para o de
Não se pode deixar de citar a área de gem piloto para o encapsulamento de senvolvimento conjunto e troca de servi
chips. De acordo com Cláudio Mam- ços, o que vem sendo efetuado através de
optoeletrônica e de cristais em que o se
tor de telecomunicações brilhou com o mana, diretor do Instituto de Microele contratos. Ainda não houve e nem ha
desenvolvimento pelo CPqD de compo trônica, do CTI, a entidade vem se dedi verá conflito, pois no Brasil há muito
nentes optoeletrônicos e de fibra óptica cando ao projeto de chips, baseado em por fazer e existe espaço para todos” ,
circuitos especiais e mais voltados para disse o cientista.
industrializada pelo Grupo ABC-Xtal
a área biomédica e de instrumentação,
que terminou sua milésima corrida de
cristais de quartzo. "a fim de não colidir com a indústria de Indústria
microeletrônica do País”.
Segundo ele, e para o futuro, os proje A SID M icroeletrônica, do Grupo
Circuitos dedicados
tos do CTI incluem o estabelecimento, Sharp (Bradesco), partiu na frente. Ad
dentro de 2 a 3 anos, de duas linhas-pilo quiriu em agosto de 84 por 9 milhões de
— A tendência do mercado de micro
tos uma para máscaras e fotogravu- dólares a fábrica da Philco/RCA, em
eletrônica é crescer, mas o valor uni
ção e outra para difusão. Disse ainda Contagem (MG), que hoje trabalha com i
tário dos componentes tende a cair de
vido o aumento do grau de integração
dos chips. Isto faz com que a indústria só
se viabilize com grandes volumes de
produção, vale dizer com um grande A peça fundamental é gente capaz
mercado — diz Salomão Wajnberg, do
Geicom.
Muito sc fala de capacitação tecnoló que podem fazer pesquisas com quali
Segundo o técnico, a saída para os gica, autonomia e soberania. Isto é parti dade. Esses grupos devem formar como
países periféricos, reside na produção de cularmente verdadeiro quando se trata uma mancha de óleo, que se espalhe pelo
circuitos dedicados, que são aqueles de de microeletrônica e outras tecnologias País.
senvolvidos para uma aplicação especí de ponta Eis declarações de cientistas e • José Palazzo O liveira ( UFRS) — Te
fica. A idéia é compartilhada por Ro homens de empresa, que revelam a situa mos no Brasil, cerca de 100 doutores
ção dos recursos humanos de ponta no PHD, pesquisando na área de informá
berto Spolidoro, para quem se deve es
Brasil. tica.
quecer, por ora, a tentativa de produzir
• Leopoldo de Carvalho (SEI) — A Lei
circuitos de uso geral do tipo de muita
• Wilson Rugiero (Scopus) — Para que de Informática dá 8 anos para o controle
alta integração (VLSI), que "são até di ocorra capacitação tecnológica é neces das importações. É o prazo que a socie
fíceis, senão im possíveis de copiar, sário formar recursos humanos. Surgem dade brasileira tem para que nossa indús
mesmo com técnicas de engenharia re então os paradoxos. Por que as entidades tria fique competente em informática.
versa — em si uma especialidade." responsáveis por essa formação são tão Será preciso adotar critérios mais rígidos
Salomão Wajnberg vê o setor de tele desprestigiadas? Por que se luta, no Bra para aprovação de tecnologia, a fim de es
sil, contra essa capacitação, através da timular a capacitação nacional.
comunicações particularmente adap
im portação ilegal e da p irataria de • José Mammana (Elebra) — É neces
tado ao uso de circuitos dedicados, visto
projetos? sário estim ular convênios em presa-
que é um mercado estável, com ciclo de • C láudio M am m ana (CTI) — Não se centro de pesquisa. Por que não investir
vida dos equipamentos bastante longo trata de paradoxo, mas resulta de sairmos nisso \0°/( do que é im p o rta d o em
(até 20 anos), o que já não acontece com de um modelo econômico baseado em tec tecnologia?
os produtos de entretenimento e de in nologia estrangeira. A universidade es • In g rid Jansch P o rto (U F RS ) — A
formática, sujeitos às regras e desejos do tava em greve e ninguém disso se aperce Universidade luta com a falta de recur
bia. Com o surgimento da tecnologia de sos. O que vamos receber aqui, para a mi
livre mercado.
ponta cresce a importância da universi croeletrônica, é muito pouco se compara
É dentro dessa filosofia que vem se
dade, que passa a ser estimulada e recon do com o que irá receber uma empresa pri
desenvolvendo o trabalho de microele
siderada. vada, como por exemplo a Itaucom.
trônica do CPqD, de Campinas, tal como
• Jacqu es M arcovitch (FEA/USP) — • Edson de Paula Ferreira ( UFES) —
explica Cláudio Viollato, da Telebrás: Em 68 massificou-se o ensino sem propi Tive que vender minha moto para com
— Estamos trabalhando em estreita ciar investimentos correspondentes. Es prar um Apple II. Com ele desenvolvi
colaboração com a universidade (USP, terilizaram-se as Universidades Não há software para robótica. Minha grande dú
Unicamp, Cetuc) e conscientizamo-nos um sistema homogêneo de qualidade, vida é até quando eu e outros poderemos
de que não existe equipamento moderno mas sim, aqui e ali, grupos de excelência permanecer idealistas.
de telecomunicações sem o emprego de