Page 57 - Telebrasil - Julho/Agosto 1986

E l e b r a : L i b e r d a d e

p a r a c r i a r

Reportagem: Mônicn Cottn Pivrsnnti

Como substituir um investimento no porto de

Santos por outro com boas taxas de crescimento?

Para a Elebra Eletrônica Brasileira empresa

controlada por Docas S.A, a opção pela

pesquisa tecnológica e a diversificação

resultaram na nova marca da empresa,

símbolo do próprio sucesso: uma

bela águia brasileira e o slogan

f<Liberdade para criar".

das empresas de equipamentos nacio­

nais na fabricação de m inicom pu­

• o * tadores.

''Inicialmente, tentamos a fabricação

uando a Companhia Docas de San­ xas de crescimento e boas possibilidades de minis, mas a Docas não foi selecio­

Qtos estava para encerrar o contrato de retorno Pensamos também no setor nada”, conta Luiz Guinle. Mais em fins

de exploração do porto paulista, a dire­ de informática, onde atuavam apenas de 1977, o grupo atuava na área de uni­

toria da empresa pensou im ediata­ as multinacionais como Burroughs e dades de discos magnéticos. A Telebrás

mente em diversificar suas atividades. IBM Precisávamos investir, mas, antes lançou uma concorrência e a Docas,

Por volta de 1975, o grupo já concentra­ de tudo vencer”, enfatiza Luiz Guinle. através de um consórcio com a NEC, for­

va investimentos em outros setores, A criação da Comissão de Atividades mou uma empresa, na qual detinha 51

como o financeiro — era acionista mi­ de Processamento Eletrônico — órgão por cento do capital. Em dezembro de

noritário do Banco Boavista — além de vinculado à Seplan — foi, na opinião do 1968 assumia 60 por cento do controle

gerir o próprio patrim ônio agrope­ empresário, bastante oportuna para o acionário da Elebra Outro importante

cuário. caminho traçado pelo grupo Docas. Afi­ passo ocorreu em março de 1979, com a

O engenheiro Luiz de Mello Flores nal. a Capre seria o primeiro núcleo a formação de Elebra Informática, contro­

Guinle, na época, diretor-financeiro da traçar uma política de informática no lada diretamente por Docas, com o obje­

Companhia Docas de Santos, lembra Brasil. E já em 1976 eram finalmente tivo de fabricar discos magnéticos, ab­

com detalhes toda a passagem da em­ apontadas as diretrizes para a seleção sorvendo um antigo projeto de impres­

presa para a alta tecnologia e como as­ soras seriais já existente na Elebra Um

sumiu o controle da Elebra, firma cria­ ano mais tarde, a NEC se associa ao gru­

da em 1970, fabricante de equipamen­ po Brasilinvest e a Docas se concentra

tos de pequeno porte para diversas utili­ na Elebra, com a totalidade de suas

zações em linhas telefônicas. ações.

"A portaria 661 do Ministério das Co­ "Passamos a atuar de maneira signi­

municações foi o primeiro esboço de ten­ ficativa no campo da eletrônica, com ên­

tativa de uma política de telecomunica­ fase à qualidade, pesquisa e desenvolvi­

ções no País” — observa Luiz Guinle — mento”, conta o empresário. A empresa

"aliás uma visão muito lúcida do Mini- brasileira recentemente constituída es­

com ao especificar como seria realizada tava em perfeitas condições de criar e

a escolha de tecnologia das centrais de produzir equipamentos e sistemas de ul­

controle a programa armazenado — tima geração para os setores de teleco­

CPAs” — comenta. municações e de controle.

Ocupado ainda por grupos estrangei­

ros, o setor de eletrónica e, particular­ Crescer e diversificar

mente das telecomunicações, era a es­

taca zero para qualquer empresa nacio­ Em 1984, ocorre uma completa rees­

nal. "Nossa desvantagem era a falta de truturação organizacional. E criada a

conhecimento da área, mas a nosso fa­ empresa holding Elebra S A Eletrônica

vor tínhamos plena consciência de que o Sede da empresa, no Brooklin; núcleo das Brasileira, nome pelo qual era até então

grupo Docas apresentava elevadas ta- decisões e bons resultados. designada a indústria inicial de produ-f