Page 66 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1985
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— Uma universidade atuante é fonte A seguir, ele discorreu sobre a atua Porém, na área da informática a região
de alta tecnologia. Cria novas indús ção do Núcleo de Informações Tecnoló- do Rio de Janeiro gera muito conheci
trias, moderniza empresas, promove gicas-NlT, cuja finalidade é operar o ne mento básico e já existe uma comissão
empregos à sua volta, como acontece cessário casamento entre o que a indús criada com a participação de associações
com o ramo da informática — afirma, tria precisa e o que a universidade tem a diversas cujo objetivo é dar suporte ao
com certeza de suas opiniões, Flávio oferecer. Quanto a part»p de recursos pólo básico de eletrônica existente em
Grynszpan, do NIT, um órgáo vinculado para o fomento industrial,p NIT é apoia Jacarepaguá.
à UFRJ e destinado a estabelecer um elo do pela Finep/Cebrae (Financiadora de Dentre os planos para Jacarepaguá,
entre universidade e indústria. Estudos de Projetos/Centro Brasileiro encontra-se o estabelecimento de um
de Apoio à Pequena e Média Empresa); sistema comunitário de PAC (Projeto
Novo modelo Auxiliado a Computador), de um la
pelo Fipec do Banco do Brasil e através
de financiamentos especiais para a im boratório de Controle de Qualidade
Por ocasião do 5.° Semicro, realizado para recebimento de materiais, de um
no Rio de Janeiro, Flávio Grymszpan plantação de laboratórios de controle de centro de treinamento técnico e de uma
propôs novo modelo para o relaciona qualidade. ''incubadeira” com suporte em eletrô
mento da universidade para com a in O capital de risco para novos empre nica e mecânica fina para os indústrias
dústria: enfatizar o vínculo tecnológico endimentos tecnológicos deve ser de um de hardware.
com a pequena e média empresa; atuar tipo especial, e a nova tendência é o fi Para o desenvolvimento de software,
de preferência junto associações de em nanciador se associar ao empreendi um grupo constituído pela Flupeme, As
presas ao invés de uma só; promover mento para participar dos riscos (inclu sespro, NIT, Secr. de Ind. Com. e Tec
parques regionais de tecnologia, a sive o de enriquecer). nologia do RJ e outros pensa em instalar
exemplo do que já ocorre em Campinas, uma "incubadeira” junto a uma grande
Rio de Janeiro, S. José dos Campos, São Na prática
universidade (fala-se em UERJ, PUC
Carlos e Porciúncula. ou UFRJ) que lhe dará suporte técnico.
Os países desenvolvidos preocupam- Do verdadeiro "corpo-a-corpo” que O projeto conta com o apoio de 99 empre
se com a pesquisa básica e suas indús vem mantendo com as indústrias do Rio
de Janeiro — empregando a expressão sas de software ligadas à Assespro e de
trias investem milhões de dólares junto verá ser montado com uma bateria de
às universidades. A Monsanto — um gi utilizada por Flávio Grynszpan — co micros nacionais de todos os tipos, a fim
gante da química — financia um projeto meçam a surgir, após 3 anos, os primei de desenvolver produtos adaptados às
junto à Harward no valor de US$ 23 mi ros resultados da atuação do NIT da necessidades de nosso ambiente.
lhões, em 12 anos, apenas pãra a pesqui UFRJ: a criação do Centerj, que congre %
sa sobre o crescim ento de tumores. ga 29 empresas da área de automação e
instrumentação; o estabelecimento de Pessimismo
Existe convênio de US$ 8 milhões entre
um parque de fundição com serviços co
o MIT e a Exxon sobre a combustão do
muns de gás, laboratórios e outros mais; A visão de Flávio Grynzpan, quanto
carvão, e outro no valor de US$ 50 mi
lhões entre a Universidade de Harward e planos para um laboratório com o ao desenvolvim ento da pesquisa nas
apoio da Assespro, que será aberto aos universidades, não é otimista. Para ele,
e o General Hospital sobre genética e
que tiverem interesse em desenvolver nosso mercado e nossa sociedade estão
biotecnologia.
software. acostumados com produtos e tecnologia
— Mas um país não se beneficia ape
nas com a exploração de tecnologia de O NIT é um órgão cheio de idéias no de origem estrangeira e pouco se desen
vas. Uma delas é a "incubadeira” que é volve em termos de tecnologia nacional.
ponta. É nas tecnologias intermediárias
que estão a nosso alcance onde reside um conjunto de facilidades administra O setor de P&D nacional vincula-se for
nossa oportunidade de marcar pontos tivas para dar um mínimo de suporte es temente ao dos países desenvolvidos e a
na m elhoria do saneam ento, saúde, trutural ao empresário incipiente. Ou importância acadêmica é ainda avalia
agricultura e ensino brasileiros — afir tra é o projeto Semente, destinado a ser da pelo número de artigos publicados
mou Flávio Grynzpan. um banco de fomento para capitais de em periódicos estrangeiros.
risco. — A universidade brasileira não está
Patentes Sobre a cidade do Rio de Janeiro, Flá envolvida, tal como sucedeu com a in
vio Grynzpan confidenciou ser esta um dústria, no processo da informática. A
— É necessário distinguir entre in pólo de tecnologia que abriga a maior indústria conseguiu substituir importa
venção (a concepção de algo novo) e ino concentração — a nível nacional de pes ções, mas parou ao nível da pesquisa e
vação (a utilização comercial e prática quisadores, mas que o espírito do cario infelizmente a política de informática
de uma invenção). Somente a invenção é ca é muito mais voltado para problemas não chegou, ainda, às nossas universi
patenteável e isto, segundo o especia federais do que para o enfoque regional. dades — constatou Grynzpan (JCF)
lista, abre m agníficas oportunidades
para empreendedores de todos os tipos
transform arem a invenção em in o
vação.
— Conhecer as invenções é conhecer
o estado da arte, e o sistema de patentes
funciona de modo tal que uma patente
estrangeira não poderá ser aqui regis
trada por outro que não seu inventor,
mas poderá ser utilizada — disse Grynz
pan, acrescentando que "o 1NPI tem
acesso a mais de 3,5 milhões de patentes
do m undo inteiro, das quais apenas
cerca de 40 mil estão registradas, dei
xando aberto um imenso campo para o
empresariado”.