Page 60 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1985
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S o f t w a r e b r a s i l e i r o :
I L U S Ã O O U R E A L I D A D E ?
Se há problema em que o Governo se nacional. O mesmo já não se aplica, comportamento diferente, quer se trate
revelou cheio de boas intenções, mas porém, ao segmento de software visto de produto nacional ou estrangeiro; se é
pouco resultado prático alcançou, foi re que dos 7.400 programas registrados software de base, de suporte ou de apli
lativo à proteção do software nacional. por 298 empresas, junto à SEI, apenas cação; e se é desenvolvido sob enco
Isto ficou evidenciado no Painel de De 26% são comprovadamente desenvolvi menda (muito mais um serviço), do que
bates promovido pelo Núcleo de Compu dos no País por empresas nacionais” . para comercialização em massa (no caso
ta ç ã o E le tr ô n ic a -N C E , da U F R J, — A importação ilegal de software é, um produto)”.
durante a realização do seu 5." Semicro. no entanto, algo difícil de ser controlado A penetração do software estrangei
De m aneira sim plificada, software (ele é fácil de ser copiado), e o Governo ro, que representa cerca de 75% de todos
pode ser visto como os programas neces tem procurado utilizar seu poder de os programas registrados na SEI, se dá
sários para tornar o computador opera compra para favorecer o status da in de várias maneiras: comercializado pela
cional, aí incluindo documentação, trei dústria nacional de serviços (Atos Nor subsidiária da matriz que o desenvolveu
namento e manutenção. Sua importân mativos n."s 22 e 23 da SEI) — afirmou (geralmente para máquinas de grande
cia econômica é considerável. Só nos Es Leopoldo Pereira, acrescentando que porte); via contrabando e pirataria (in
tados Unidos — o nosso mercado é bem "implantamos um convênio SEI/Serpro, dividual ou coletiva): e comercializado
m enor — é um negócio que movimen pelo qual quem for dotado de telex, pode por empresa nacional.
tou, em 83, 15 bilhões de dólares e que ter acesso, via Projeto Aruanda, aos ca A situação é desigual, afirmou outro
cresce a um ritmo de 12% aa. dastros Prosoft (registro de software) e debatedor, o comerciante da Compuce-
Proserve (empresas de serviços)." ter, Rafael Barajas, para quem falar de
No Brasil — Houve época em que o setor públi comercialização de software é visto até
co empregava apenas computadores de com o pecado por alguns” . E acres
Leopoldo da Silva Pereira, Secre grande porte e o software correspon centou:
tário Industrial da SEI, disse que no dente era importado. Hoje, com o Go — A empresa nacional se enquadra
Brasil a política de informática enfati verno comprando maciçamente micro na importação de tecnologia (registra
zou a obtenção de capacitação tecnoló computadores, ele é obrigado a recorrer contrato no INPI e está limitada em 5rl
gica em hardware e hoje, passados 10 a um mercado pouco disciplinado para de lucros) ao passo que a subsidiária es
anos, "metade do faturamento em bens obtenção do software — lembrou o téc trangeira está sujeita, apenas, a legisla
de informática é gerado pela indústria nico, explicando que "o mercado tem ção de remessa de lucros (até 127/ doca-