Page 9 - Telebrasil - Julho/Agosto 1985

— É objetivo da Telebrás que as pró­ ao produto interno bruto é ainda muito

prias indústrias, ao longo do tempo, Posição no Cenário pequena. Assim, existe ainda grande

criem seus grupos de pesquisas voltados mercado para ser atendido e o Brasil

mais para a parte de especificação ne­ Internacional está entre as 10 maiores economias do

cessária aos produtos que o Grupo Tele­ mundo”.

brás solicita ou que deverá utilizar. Paiva Lopes destacou ainda que "os

Para o CPqD caberá sempre uma ênfase primeiros produtos desenvolvidos pelo

maior nesse tipo de pesquisa, desenvol­ T— Como se situa o Centro de Pesquisa CPqD — os multiplex — são hoje com­

vendo inclusive trabalhos de risco ou no exterior? petitivos no exterior. Empresas bra­

alta tecnologia. Em outras palavras: à P — O nível do CPqD, com seus 5 anos sileiras — dentre elas a Elebra têm

medida em que a indústria vai se capa­ de existência, é ainda algo muito novo, e participado de concorrências interna­

citando a ter seu próprio grupo de de­ se compararmos com os existentes em cionais com qualidade e preços que

senvolvimento, o Centro deverá, em países de maior tradição tecnológica é nada ficam a dever aos similares es­

termos de produtos, ampliar seus traba­ realmente pequeno para que uma insti­ trangeiros”.

lhos de especificações e se voltar mais tuição adquira projeção mundial de

para a pesquisa básica. Isso é o que ima­ grande relevo. Mas os resultados já al­

gino. cançados: desenvolvimento da fibra óp­

Para referendar, Paiva fala das cen­ tica, seus cabos e equipamentos; do 'Pró- Projetos em

trais temporais que começam a ser ins­ pico, circuitos híbridos, lasers, MCP, já

taladas e que no futuro visam à rede di­ é alguma coisa de respeitável em ter­ Andamento

gital integrada, por onde nào passará mos de conceito a nível internacional.

apenas a voz. As centrais criam paulati­ Testemunha disso são as visitas de es­

namente condições para a residência e trangeiros que saem do Centro de Pes­

escritório do futuro. quisa muito hem impressionados. T — Como vê em perspectiva histórica

— No momento o CPqD trabalha na No entanto, uma posição já é certa. as principais realizações do CPqD?

Central Trópico, digital, mas de peque­ Carlos de Paiva Lopes falando em ter­ Quais os principais projetos em anda­

no porte. Porém há um avançado pro­ mos de Terceiro Mundo adiantou: "Eu mento para este ano?

gram a que visa atingir centrais de acho que não há nada semelhante que P Apenas como resumo, na parte de

maior porte. em tão curto prazo tenha conseguido comutação eletrónica tem o Trópico e as

centrais de pequeno porte; telefone pa­

drão, cuja origem está nos projetos coor­

denados pelo Centro de Pesquisa, e a

Posição Dentro produção já atinge a casa de 1 bilhão de

aparelhos; na parte de satélite, o seg­

do Setor Estatal mento terrestre já completo: antenas,

estações de recepção de TV e de telefo­

nia pública. Em comunicação óptica, te­

mos a fibra, o cabo, o Elo-84 (equipa­

T — A criação do Ministério da Ciência mento que permite a transmissão atra­

e Tecnologia afetou de alguma forma a vés da fibra óptica). No campo da trans­

vida do CPqD? A propósito, quais as se­ missão digital temos os primeiros rádios

melhanças e diferenças entre CPqD e digitais na faixa de 2 GHz, no momento

CTT? em teste naTelerj, sendo os primeiros de

P — Minha primeira resposta é não, uma família que deve se estender até

porque quanto maior número de pes­ 900 GHz. Quanto a componentes, há os

soas e entidades trabalhar em pesquisa circuitos integrados e os híbridos, e na

e desenvolvimento, melhor para o País. parte de terminais de rede existe uma

Portanto é positiva a criaçáo do novo série de produtos como o bloco de termi­

Ministério. nais, o fio que chega a casa do assinante,

Quanto às semelhanças e diferenças etc.

elas existem. Atualmente o CTI se pro­ Paiva Lopes citou também, entre ou­

põe a trabalhar basicamente nas áreas tros, o projeto Trópico: "Ele é uma fa­

de microeletrônica e de software. "Nós mília em que o primeiro é um concentra­

do CPqD — esclarece Paiva Lopes —já dor, o segundo une a central de pequeno

trabalhamos nessas áreas. Então, po­ porte, depois de médio porte e de trân­

derá haver alguma superposição. Con­ sito; enfim, um trabalho realm ente

tudo, quando o CTI começar a funcionar longo. A respeito de comunicação de da­

a plena capacidade será interessante "A criação do Ministério dos há o projeto compacto que é a trans­

que se chegue a um acordo e que náo ha­ da Ciência e Tecnologia missão por pacotes. É também uma fa­

ja duplicidade, porque existe ainda foi positiva” mília de equipamentos. Outro trabalho

muito coisa para se fazer no País, conse- é o projeto Dama, que, ligado ao satélite,

qúentemente náo é uma preocupação permitiria a locação de canais mediante

que nós devemos perder muito tempo demanda, ou seja,: o canal do satélite

com ela. No momento oportuno haverá não teria necessidade de ser alocado 24

trabalho para todo mundo. tantos e tão bons resultados. Com muita horas, mas apenas no momento em que

segurança e propriedade o CPqD vai houvesse necessidade. Para viabilizá-lo

T — Ainda na área das estatais, como o conquistando o seu espaço na comuni­ esta sendo desenvolvido trabalho para

CPqD resolve suas questões de importa­ dade internacional”. E acrescentou: se criar um completo terminal Dama.

ção de insumos eletrônicos digitais — O Brasil, em termos de telecomu­ Quanto ao laser, já se conseguiu em ju­

junto a SEI? nicações, alcançou um progresso muito lho último um bom progresso, inclusive

P — Tudo que importamos passa pela grande nos últimos dez anos, embora, com a duração necessária para atender

SEI, e a bem da verdade isso não tem especificamente, a quantidade de tele­ a área de telecomunicações em todas as

causado nenhum empecilho. fones em relação à renda per capita ou suas especificações. |