Page 5 - Telebrasil - Julho/Agosto 1985
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política e social da Nação. igualm ente ignorados ou m inim izados os be
A eficiência econômica corresponde à ca nefícios indiretos — tangíveis e intangíveis
pacidade de recuperação dos custos de capital — e sua influência nos processos econômicos
atrav és do produto gerado, ambos medidos e sociais do País, visto não serem contabiliza
em valores monetários. dos ou ap ro p riad o s fin a n c e ira m e n te nos
A eficiência técnica é expressa em coefi balanços das empresas.
cientes que definem as proporções dos diver Outro ponto a ser considerado é o valor da
sos insumos combinados para a realização do informação transm itida ou transportada. Na
processo produtivo — dada certa tecnologia. impossibilidade de distinguir entre inform a
Frequentem ente, eficiência técnica e econô ções triviais e vitais, e analisar todas as m en
mica variam em sentidos apostos, ocasião em sagens trocadas pelos meios de comunicação,
que compete à adm inistração da em presa ne somos levados à hipótese sim plificadora, m as
gociar politicam ente o balanço entre esses fa enganosa, de que todas cham adas possuem o
tores em direção às diretrizes estabelecidas mesmo valor e que este é equivalente à tarifa
no planejam ento governam ental e na própria (custo para o usuário).
organização, levando em conta o equilíbrio Entretanto, em países de baixa densidade
económico-financeiro e o interesse público. telefônica e com expressiva dem anda não
Aí reside sem dúvida um a das condições de atendida (ou reprim ida), como m edir re a l
m aior flexibilidade das estatais sobre a em m ente o que pessoas ou com unidades desa
presa privada e, na ótica do desenvolvimento, tendidas estariam dispostas a pagar pelo ser
talvez sua m ais significativa vantagem. viço, por viverem tradicional m ente distantes
A experiência recente do Brasil, no campo dos centros econômicos? Como adm itir então
das telecom unicações, comprova a viabili uma solução de mercado se, para certas situ a
dade do modelo proposto, cujos resultados re ções, nem mesmo há "mercado”?
fletem profundas modificações qualitativas c Parece óbvio que todo esse elenco de consi
quantitativas no oferecimento dos serviços, derações conduz necessariam ente à prática
sem>comprometer a capacidade de endivida do planejam ento econômico, entendido este
mento do Sistem a Telebrás, como um todo, e como a organização dos usos dos fatores de
com efeitos desprezíveis sobre o balanço de produção pela autoridade cen tral, su b sti
pagam entos do País. tuindo o livre jogo das forças de mercado e im
Uma questão fundam ental, m uitas vezes pondo decisões centralizadas sobre custos,
não considerada, diz respeito aos benefícios preços, localização, capacidade produtiva,
indiretos, que escapam à ótica privada do ca distribuição setorial e regional de investi
pitalismo liberal e são conseqüência direta de mentos, segundo prioridades politicam ente
atividades de uma empresa de telecomunica escolhidas. Tal planejamento, porém, a nosso
ções. ver, não deve se lim itar a simples utilização
A despeito de certas dificuldades m eto de políticas especificas da área econômica,
dológicas no tocante à identificação e avalia cujas decisões, padronizadas para toda a área
ção de tais benefícios, os fluxos econômicos estatal, podem a curto prazo com prom eter
gerados pelas facilidades de telecom unica todo um setor — como o de telecomunicações
ções são hoje reconhecidos in tern acio n al — vital para a economia do País.
m ente em todos os ramos de atividade, da pe Estabelecendo parâm etros de decisão que
quena propriedade rural à mais sofisticada co n sid erem a re a l ca p acid a d e de a u to -
industrialização. sustentação dos em preendim entos e a efi
Uma nova questão, de extrem a im portân ciência econômica, a empresa estatal de tele
cia, então, se coloca: que prioridade atribuir comunicações, encarregada de gerir os negó
às telecomunicações? cios da sociedade num segmento particular
O pensam ento econômico tradicional do de atividade, pode e deve obter resultados
País não concede qualquer posição de desta econômicos que rem unerem adequadam ente
que ao setor. Contrapondo-se ao que ocorre o capital aplicado, beneficiando seus acionis
com en erg ia elétrica, transporte, saúde e tas e toda a comunidade. Com uma diferença
educação, ele não reconhece o papel dinâmico básica: apropriando, avaliando e gerandç
das telecomunicações nem sua contribuição efeitos sociais, conscientemente desejados. E
decisiva ao processo de desenvolvimento eco só questão de vontade política. tp
nômico e social.
Esse sentim ento desfavorável deriva, em
grande parte, da avaliação do setor apenas
em term os de produção e rendim ento pró
prios, ignorando seus reflexos m ultiplica Jorge Alberto Fischer
dores na sociedade. Em conseqüência, são Diretor da Telebi'asil