Page 34 - Telebrasil - Março/Abril 1985

às primeiras linguagens de computa­ Já existem, por exemplo, sistemas ses dados e procurando otimizar a oco.

ção, como o Fortran e o Cobol, desenvol­ especialistas sendo comercializados à nomia dessas relações.

vidas por engenheiros e homens de ne­ base de 30 a 60 mil dólares cada um, Para o especialista, que também cs-

gócios. contendo cerca e 300 regras de inferên­ tuda horóscopo através do computador

cia. Outro campo fértil é o de programas a pesquisa atual na área de software

Sistemas especialistas que constituem ferram entas lógicas apresenta duas vertentes distintas: a

para o desenvolvimento de sistemas de que procura soluções comerciais para

Dividire et imperai (dividir é domi­ IA e dentre os quais citam-se o KRL, o problemas específicos, como paraapli-

nar) já diziam os romanos de antiga­ Genes, o KRS e o Kool. cações em engenharia, medicina ou

mente e, segundo este sábio conselho, a — A atitude do grande público vem agricultura e, outra, do tipo mais acadê­

pesquisa e as aplicações de IA se orien­ mudando — apontou H. Coelho—, fruto mico, que se dedica a formalizar proble­

tam hoje em dia para os denominados das pesquisas em torno da 1A que se vem mas e procurar soluções genéricas.

sistemas periciais ou especialistas dei­ identificando nos últimos 15 anos. Hoje,

xando o problema da inteligência ge­ já se principia a acreditar que certo grau Computadores de 5.“ Geração

neralizada para depois. Os sistemas es­ de "inteligência” pode ser introduzido

pecialistas procuram responder a con­ nas máquinas com aplicações (sensacio­ Ligado intimamente ao assunto da

sulta sobre ramos do conhecimentos hu­ nais) não só em sistemas especialistas IA encontra-se a problemática dos com­

mano empregando regras e dados alí de consulta, mas também em robótica e putadores de 5.' geração, um terna no

colocados por peritos. na programação automática dos pró­ qual facilmente afloram as rivalidades

São exemplos de tais sistemas pro­ prios computadores. O esforço acadê­ comerciais e científicas dos países alta-

gramas de diagnósticos como o Mycin mico e indutrial centra-se hoje funda­ m n n t < * i n r h m t r i n l i y a d n . K n n t a d a m e i i t c

(auxílio na seleção de antibióticos — mentalmente nas linguagens adequa­ Japão, Estados Unidos e a Comunidade

Universidade de Stanford), o Prospector das para representar certos tipos de co- Científica Européia.

(prospecçáo mineral), o Intellect (acesso Em realidade, o que está em jogo é

á base de dados) e o TAD (conselhos para muito mais do que uma simples conipe-

contribuintes fiscais). t içào tecnológica ou o lançamento de um

Os sistemas periciais diferentes da novo produto, mas sim alcançar o obje­

programação comum (que processa da­ tivo de obter máquinas "inteligentes”

dos numéricos) procuram responder que tornarão obsoleto tudo o que até

com certo grau de certeza às perguntas agora existiu em matéria de compu­

que lhe são feitas (processando símbolos tação.

e estruturas simbólicas). Esses sistemas Renovado interesse foi despertado

de uma maneira geral são organizados pela Conferencia de Tóquio de 1981, em

em torno de uma base de conhecimentos que os japoneses abriram fogo, apresen­

e incluem mecanismos e regras (in­ tando as linhas mestras de seu projeto

ferências) para efetuar as deduções ne­ para a 5.' geração de computadorese

cessárias, além de um interface para que terá largas aplicações na sociedade

propiciar o "diálogo” homem-máquina. informatizada (e nos mercados do 3.

Já a base de conhecimentos nada mais é Mundo). Segundo os japoneses, eles al­

do que um repositório de asserções (ou cançarão, até o Século XXI, tecnologia

fatos) e de regras aplicadas a essas as­ suficiente para estabelecer plenamente

serções para daí derivar conclusões. o processamento conceituai, acompa­

Ainda que o assunto possa parecer nhado de aperfeiçoamentos conversa-

árido é com tais técnicas que o compu­ Rubens Melo, da Puc, explica a evolução cionais em linguagens naturais, sonse

tador pode "aprender” com seu emprego do banco de dados. processamento de imagens.

pelos usuários na medida que o resul­ O plano nipónico envolve o desenvol­

tado da aplicação de uma regra possa vimento de ferramental e logicial para

ser integrado à base de conhecimentos nhecimento e nos mecanismos ideais um supercomputador apto a tratar ba­

como uma nova asserção. Dentre outras para processar essas representações. ses de conhecimento de 100 a lOOOGiga-

técnicas empregadas pelos sistemas es­ Já no campo da tradução das lingua­ bytes e efetuar entre 100 Mega e 1 Giga

pecialistas destacam-se as denomina­ gens naturais, através de computa­ inferências lógicas por segundo, tudo

das redes semânticas, nas quais os nós dores, o cientista prevê que, para a dé­ isto sustentado por uma indústria de

representam objetos, fatos e conceitos e cada de 90, existirão sistemas que au­ componentes microeletrônicos de altís­

as ligações entre eles o relacionamento xiliados pelo homem farão a tradução de simo grau de integração (VLSI).

existente entre os nós. Também empre­ textos de uma linguagem para outra, Na visão pessoal e franca de Heider

ga as estruturas (frames) propostas por mas acha muito difícil em termos teóri­ Coe 1 h o, o program a japonês, não obs­

M. Minsky (do MIT) que descrevem as cos se chegar à tradução completamente tante ser vasto e incluir avanços subs­

características permanentes do objeto, automática das linguas. tanciais na arquitetura e na teoria da

além de seus atributos variáveis. Outro caminho para a compreensão computação e de ser apresentadocomo
do que está acontecendo na questão da um program a de elevado cunho social

IA é fazer apelo à história da evolução para a informatização da sociedade,é

Resultados alcançados banco de dados que, conforme explica sobretudo "uma estratégia inteligente

Rubens Melo, da PUC, iniciaram com para propiciar a entrada dos compu­

Para os que imaginam que a pesqui­ sistemas mais simples como o Adabas e tadores japoneses a nível mundial, num

sa de IA não tem valor prático ou comer­ o Total, evoluindo sucessivamente para mercado dominado até agora basica­

cial bastaria se deter na longa lista de tipos de organização hierárquica da in­ mente pelos norte-americanos”.

aplicações mostradas por Heider Coe­ formação (IMS), para o uso de redes Quanto a Europa, existe em desen­

lho, quando de sua visita ao Brasil, a (IBMS) e mais modernamente para os volvimento o programa Esprit da Co­

qual inclui programas que processam bancos relacionais (SQL; dBase II). Nes­ munidade Européia e diversos outros

informação visuais, que entendem as tes últimos, os dados se relacionam au­ programas a nível nacional ao passo que

linguagens naturais, que aprendem tom áticam ente com outros, em pre­ nos Estados Unidos há uma forte tradi­

com a experiência, que efetuam jogos e gando tabelas propriadas, com base em ção a nível universitário e empresarial

que apoiam peritos do mundo inteiro. algum tipo de associação lógica entre es­ na pesquisa e desenvolvimento visando