Page 51 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1984
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zada com multa, se provada sua culpabili­                                                                              atividade jornalística.  Entendo que há

                 dade.                                                                                                                  neste  país excesso de controle estatal e



                        Evaristo de Moraes Filho também de­                                                                             carência de cidadania” .  Em sua palestra,


                 fendeu o fim do artigo 63 que faculta à au­                                                                            o secretário geral da AJR  lembrou que os


                 toridade administrativa o direito de apre­                                                                              meios  impressos  nasceram  no século


                 ender jornais ou revistas que divulguem                                                                                 XVIII,  da  Revolução  Industrial,  quando o


                  propaganda  incitando a  subversão da                                                                                  processo era de racionalização.


                 ordem,                                                                                                                          — Hoje. porém, tudo está sendo trans­


                        0 professor José Marques de Mello res­                                                                           formado com os terminais de computador


                  saltou que a imprensa brasileira ainda não                                                                             ou de vídeo. Talvez este seja o primeiro en­


                  tem característica de uma efetiva impren­                                                                              contro do homem com a sua verdade ab­


                  sa de massa, "pois não temos um mercado                                                                                soluta. O repórter será o autor e o editor de


                  interno dinâmico’’. Ele definiu a imprensa                                                                             sua  matéria e o velho conceito da grande


                  brasileira como atomizada e elitista, diri­                                                                            edição vai desaparecer — concluiu.


                  gida a pequenos núcleos.


                        Apesar do crescimento populacional do                                                                                                            Roberto da Matta


                  Brasil e o aumento do grau de instrução da


                  população nos últimos anos,  a  média de                                                                                       Participando da temática "Comunica


                  leitores caiu de 5,4  para cada  100 habi­                                                                             çáo Publicitária", o antropólogo Roberto



                  tantes na década de 60; para 3,5 leitores                                                                              da  Matta disse que "mesmo utilizando


                  em cada 100 habitantes na década de 70.                                                                                uma mídia universal e cosmopolita, a tele­


                  Entre os fatores para esse declínio no nu                                                                              visão brasileira não deixa de reproduzir as                                                                             Roberto da Matta.  "A televisão é o espelho cul­


                  mero de leitores, Marques de Mello desta­                                                                              formas culturais básicas do país".  Se­                                                                                 tural do pais".


                 cou a falta de credibilidade da imprensa, o                                                                             gundo ele, não é por acaso que, no Brasil,


                  próprio conteúdo, que seria interessante à                                                                             os heróis de telenovelas sejam mulheres


                  população, e a sofisticação da linguagem.                                                                              ou os casais de meia-idade e os mistérios                                                                               pois fazendo com que o Brasil surja através


                        Já o conferencista francês Georges Suf-                                                                          desses melodramas sejam relações de fa­                                                                                 dos elementos definidores de sua  identi­


                  fert disse que dentro de 15 anos seus com­                                                                             mília e parentesco.                                                                                                     dade social e,  finalmente,  transformando


                  patriotas terão em suas casas um  m in ite l,                                                                                  O antropólogo analisou a dificuldade de                                                                         a tela do vídeo num espelho.  "E sabemos


                 ou seja, um terminal de computador. Pelo                                                                                transformar a televisão num espelho da so­                                                                               bem quanto mais espelhos uma sociedade


                 menos esse é o plano da Direção Geral das                                                                               ciedade,  dizendo que a TV brasileira pre­                                                                              tiver de si mesma, tanto melhor para ela".


                 Telecomunicações que  pretende fazer do                                                                                 cisa de gurus, mestres de cerimônia e ilu­


                 m initel um substituto das listas telefóni­                                                                             minados — "pessoas que digam como se                                                                                                                           Mauro Salles


                 cas impressas.  Da mesma forma que rea­                                                                                 faz, quando se deve fazer e o que fazer".


                 giu com desconfiança ao advento da televi­                                                                                       Para Roberto da Matta, embora a televi­                                                                                — O  mercado publicitário brasileiro


                 são, apósa Segunda Guerra Mundial, a im­                                                                                são brasileira mostre formas culturais bá­                                                                               movimentou em  1983 a quantia  de Cr$


                 prensa francesa reage com preocupação à                                                                                 sicas do país, ela deveria exprimir a socie­                                                                             1,3 trilhão e até o final desse ano deve che­


                 tecnologia computadorizada.  Numa con­                                                                                  dade de modo mais geral,  "abrindo-se                                                                                    gar a um total de 4 trilhões.



                 ferência dominada pelo bom humor,  Suf-                                                                                 para outros pedaços de nossa  realidade                                                                                          A revelação é do publicitário Mauro Sal


                 fert imaginou os franceses recebendo es­                                                                                que ainda  não foram  vistos".  Primeiro                                                                                 les, informando ainda que 53% desses in­


                 ses pequenos aparelhos e se perguntando                                                                                 falando da sociedade como um todo,  de-                                                                                  vestimentos foram feitos em anúncios dei


                 oque fazer com eles...



                       — Isso—afirmou o diretor da revista Le

                 Point —  é o resultado do atraso tecnoló­


                gico francês,  devido  principalmente à


                 “miopia” dos técnicos que,  há  15 anos,


                não perceberam que começava uma nova



                revolução. Só agora técnicos, membros do


                governo, diretores de jornais e revistas e a


                população em geral  percebem que esta­


                mos na terceira revolução industrial, a pri­


                meira que não se origina  na  Europa,  mas


                nos Estados Unidos e no Japão.


                       Por fim, o secretário geral da Associa­


                ção de Jornais e  Revistas,  João  Luiz de


                Faria Neto, disse que "o ideal seria que os


                jornais não tivessem  publicidade e que


                contassem apenas com as vendas avulsas


                e assinaturas dos leitores” ,  mas admitiu


                que isso está cada vez mais difícil.  Lem­


                brou ainda que a importação do papel cor­


                responde a mais de 60% das despesas dos


                jornais.


                        Para Faria Neto isso mostra "uma  ma­                                                                           Temática "Modelo de Comunicação Impressa "  (E-D) C. Alberto Rabaça, Evansto Moraes F.  Gv


                neira do Estado controlar cada vez mais a                                                                               lherme A f i f  Dommgues.  Mana Elvira Ferreira. A. Pinheiro.
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