Page 11 - Telebrasil - Março/Abril 1984
P. 11
P o l í t i c a e c o n o m i c a p r e o c u p a a S i e m e n s
— O Brasil precisa definir claramente nica, a Siemens, há um século no Brasil, Equipamentos
as regras do jogo da política econômica e tem seus negócios concentrados princi
o processo de transferência de tecnolo palmente no setor elétrico. Em 83, a re Para ampliar a capacidade de comuni
gia para que possa atrair mais o capital de dução dos investimentos nesta área foi cação no interior de Mato Grosso do Sul,
risco estrangeiro e consiga, pelo menos, representativa para a empresa: o fatura a Equitel — a Siemens brasileira que atua
minimizar seus atuais problemas. mento bruto registrou uma queda real de no setor de telecomunicações — contra
A opinião é do presidente da Siemens 15%, chegando a Cr$ 138 bilhões, en tou recentemente com a Telemat, uma
S.A., Helmuth Vervuert, ao revelar, em quanto os pedidos novos, no momento, das empresas-poló do Sistema Telebrás,
entrevista à imprensa, que sua empresa de Cr$ 104 bilhões, caíram 25% em ter o fornecimento de equipamentos multi
sofreu um prejuízo de Cr$ 94 milhões, no mos reais. • plex telefônicos, que irão acrescentar
exercício de 1983, e que foi obrigada a re O presidente da Siemens S.A. tem, 232 novos canais-ponta em três cidades
duzir seu quadro funcional em cerca de quase como certa, que a saída, para o daquele Estado: Cacilândia. Paranaíba e
10%. Brasil, a longo prazo, só se dará através Aparecida do Taboado e também em
do aporte do capital estrangeiro, Santa Fé do Sul, São Paulo, para ligação
Continuará investindo forma de capital de risco e não como em com o entrocamento da Telesp naquela
préstimo. É neste aspecto, porém, que cidade. Com essa ampliação serão cria
Vervuert afirmou que a Siemens S.A. ele vê uma contradição na política eco dos 120 novos circuitos interurbanos.
continuará investindo em 1984 nos mes nômica adotada pelas autoridades eco Este é o primeiro contrato para equipa
mos níveis de 83, cerca de US$ 15 mi nómico-financeiras do país. mentos de transmissão que a Telematfaz
lhões, embora já preveja um prejuízo su — O governo brasileiro — declarou — com a Equitel, que tradicionalmente vem
perior ao do ano passado. pede a entrada do capital de risco, mas fornecendo à concessionária equipa
Com atividades diversiiiçadas nas não dá uma clara definição de sua polí mentos de comutação.
áreas de telecomunicações e de eletrô- tica econômica.
Abinee: Recessão não é solução
— Num país pobre como o Brasil, a re Ele também falou da necessidade da
cessão econômica pode, quando muito, fixação de uma política industrial coor
ser admitida temporariamente com o ob denada para o setor de componentes ele
jetivo de produzir um ajustamento ne trônicos, como uma única forma de criar
cessário na economia. Entretanto, passa um ambiente propício para o seu desen
dos mais de três anos de recessão, os pro volvimento futuro. Dentre os tópicos que
blemas nacionais continuam se agra compõem essa política defendeu as se
vando e a perspectiva para o futuro é de guintes:
mais recessão. 1 — Uma ação efetívamente coorde
A declaração é de Firmino Rocha de nada para evitar os entraves atualmente
Freitas, presidente da Associação Bra provocados pela atuação concomitante
sileira da Indústria Elétrica e Eletrônica de uma série de órgãos governamentais,
no editorial da revista Notícias , cujos critérios por vezes divergem e cujas
para quem "o recurso à recessão não decisões, em alguns casos, chegam a ser
apresenta solução para a crise que o país conflitantes.
atravessa”. Ele citou o Decreto-Lei 2.065 2 — Partindo de uma ação coorde
Firmino de Freitas v os problemas da
como o responsável pela redução do po nada, essa política não pode ser carac
recessão se a g r a v a n d o .
der de compra da população, principa - terizada por imediatismos. Necessaria
mente da classe média. mente precisa ser racional e de longo
*
* ¦
1
|
A
f
^
vil. Em consequência: mais desemprego. prazo, ao mesmo tempo em que deve
Círculo vicioso E mais adiante escreveu o presidente abandonar qualquer orientação de cará
da Abinee: “A busca do caminho que ter emocional.
Firmino de Freitas disse que ”a queda possibilite ao Brasil superar este mo 3 — Garantia de um mercado que per
progressiva das vendas obriga o empre mento de dificuldade na área econômica, mita adequado grau de competividade.
sariado a reduzir a produção, o que, por talvez o mais grave de sua história, deve Para tanto, além do estímulo à horizon-
sua vez, implica dispensa de mão-de- ter como base a contribuição efetiva de tilização das empresas, considerou como
obra”. E acrescentou: toda a Nação, para que seja possível esta indispensável a seletividade nos investi
— Evidentemente, salário não pago belecer um planejamento global que re mentos e na concessão de incentivos.
significa a diminuição na capacidade trate a realidade e os anseios de todas as 4 — Concessão de prioridade à capaci
aquisitiva do mercado, o que acentua a camadas de nossa sociedade”. tação nacional, através da absoluta pre
tendência de queda nas vendas, reali- Por outro lado, na palestra que pro ferência para os produtos fabricados no
mentando o processo recessivo. Além nunciou no Hotel Glória, no Rio de .. anei- Brasil. (A esse respeito, afirmou que não
disso, a poupança interna também será ro, Roberto Kaminitz, vice-presidente e se trata de ter pretensão de fabricar tudo
substancialmente afetada por essa situa coordenador da área de componentes no país, mas, isto sim, dispender divisas
ção, uma vez que a classe média repre elétricos e eletrônicos da Abinee, desta somente quando absolutamente indis
senta parcela ponderável do seu total. Os cou a importância da nacionalização dos pensável, evitando-se, assim, importa
reflexos negativos se farão sentir no Sis componentes eletrônicos para que a in ções que ainda continuam sendo verifi
tema -inanceiro de Habitação e, conse dústria do país não seja apenas monta cadas e que poderiam ser perfeitamente
quentemente, no setor dè construção ci- dora, mas que crie tecnologia. substituídas no Brasil). ' .
b
Telebrasil, Março Abril 84 9