Page 32 - Telebrasil - Julho/Agosto 1984
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S e m i n á r i o T e l e b r a s i l
AS TCs NUM AMBIENTE DE MUDANÇAS
ALENCASTRO
D e f e s a i n t r a n s i g e n t e d o m o n o p ó l i o
Gen. Alencastro e Silva, presidente da Telebrás, entre Quandt de Oliveira, presidente da Telebrasil, e
Delson Siffert, diretor de eventos da Associaçào.
A brindo o ciclo de palestras do Sem i pela exploração direta através do Estado
nário Telebrasil "A s Telecomunicações em encontram justificativas nos setores eco ção não é de mudança. Ao contrário, uma
um A m biente de M udanças", o gen. José grande resistência a tais modificações se
nômico, político e de segurança nacional. formou sob o argum ento de que, se até ho
A ntonio de Alencastro e Silva, presidente O presidente da Telebrás analisou a je os PTT's foram capazes de prestar bons
da Telebrás, defendeu, com veemência, a
evolução da política de telecomunicações serviços, satisfazendo à sociedade, não
m anutenção do "sta tu s quo " das TCs no
nos Estados Unidos, país onde 5 anos após existe razão para m udar. Na Europa afir
Brasil ao considerar que "devem os assu
a invenção do telefone por Grahman Bell, ma-se ainda que toda evolução ocorrida
m ir a defesa intransigente do m onopólio em 1876, 96% das cidades com mais de
estatal e a proteção da nossa tecnologia, nos Estados Unidos com a desregulação, o
10 m il habitantes já possuíam telefones. desm em bram ento da AT&T, a sua entrada
bem com o da indústria nacional".
Acrescente-se que tal desenvolvim ento na inform ática e da IBM nas telecomuni
Em seguida, Alencastro justificou sua não se deu apenas em áreas urbanas; a
posição declarando que "estam os ainda área rural também foi beneficiada. cações, não mais foi do que uma decisão
m u ito longe do Serviço Universal (o país Lem brou A lencastro que "c o m base para fornecer "a rm a s" aos Estados Unidos
totalm ente atendido pelos serviços de tele- nesta política e no conceito do serviço u n i para que ele vença a "guerra” que defla
c o m u n ic a ç õ e s ) e a in d ú s tria n a cio n a l versal, isto é, levar o telefone para todo o grou contra o Japão e a Europa nos campos
ainda não está consolidada". Para ele, se povo em todas as áreas do país e não ape tecnológico e industrial.
as soluções de desm onopolização adota nas uma opção de luxo para alguns privile A propósito, Alencastro citou 4 artigos
das pelos Estados U nidos não são boas giados, os Estados Unidos assumiram uma publicados no jornal francês "Le Monde” ,
para a Europa (segundo as autoridades da posição de liderança no campo m undial, cuja ementa de um dos quais dizia*.
m aioria dos países daquele Continente), possuindo hoje quase a metade dos telefo "O s Estados U nidos estão engajados
m u ito menos servirão para o Brasil. nes instalados no m undo". em duas guerras. Uma contra a União So
viética, no cam po m ilitar, e outra contra o
A palestra do gen. Alencastro abordou Segundo Alencastro e Silva, "as trans
assuntos inerentes à política de exploração formações políticas ocorridas nos Estados Japão, na área industrial. A URSS negli
dos serviços de TCs no Brasil e analisou a Unidos vêm tendo grande repercussão no gencia os aspectos industriais para consa
p o lític a m u n d ia l dos países ca p ita lista s campo m undial. Já levaram a Inglaterra a grar-se ao armamento. 0 Japão negligen
que, com exceção dos Estados Unidos e prom over alterações e, no Japão, o seu cia suas forças armadas para consagrar-se
Canadá, todos os dem ais exploram os ser Congresso (a Dieta) estuda lei para m od ifi à indústria. Se os Estados Unidos desejam
viços sob a form a de m onopólio. car a política do m onopólio atualm ente conservar sua supremacia sobre estes dois
Os países em desenvolvim ento que de adotada. Os japoneses afirm am que é hora campos de batalha, devem dominar os se
in ício deram em concessão a exploração de m udar, porque a sociedade já conta tores críticos. As tecnologias de informa
dos serviços, hoje, na m aioria dos casos, com serviços básicos, a preços razoáveis e ção (inform ática e telecomunicações) são
especialm ente na Am érica Latina, o fazem a demanda está totalm ente a te n d id a ".' vitais para assegurar sua supremacia tanto
direta ou indiretam ente pelo Estado. As ra m ilita r com o in d u stria l".
, ?n*an* ° — ressalvou o presidente A palestra tam bém abordou as reper
zões que levaram esses países a optarem da Telebrás— na Europa, em geral, a posi
cussões nos países em desenvolvimento,
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