Page 60 - Telebrasil - Março/Abril 1983
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Uma outra causa de erros dos mo
delos matemáticos é a falta de exatidão
dos seus insumos. Se o próprio nível do
PNB é sujeito a erros de até 10% nos
EUA, é fácil ver os desvios que podem
resultar, mesmo porque os desvios não
têm um sentido predeterminado.
Uma ilustração contundente é dada
por O. Morgenstem ao propor dois siste
mas de equações "praticamente idên
ticos”: ¦ '
x - y = 1 / x - y = 1
x - l,00001y = 0 l x - 0,99999y = 0
Desconfie Solução Solução
x = 100.001
X = -9 9999
y = 100.000 y = - 100.000
do Obvio A conclusão resultante desta "ane
dota” é que os economistas, analistas e
quejandos deverão sempre questionar
No final do mês de junho de 1982 — A prospectiva e a previsão como se uma alteração infinitesimal nos da
transcorreu, em Paris, o "4m e Congres ferramentas auxiliares do planeja dos de entrada produz uma variação
International de Prospective, de Previ mento e da decisão; desprezível nos dados de saída.
sion et de Planification dans le Services — Análise econômica da empresa Já se falou a d n a u s e a m sobre o am
Publics, notamment les Telecommuni pública: regulamentação, tarifas, biente turbulento caracterizado por
cations et 1'Energie”, reunindo especia análise de custos, rentabilidade e crescimento próximo de zero, inflação
listas de vários países. O objetivo deste produtividade. ascendente, altas taxas de juros, mu
congresso encontrou o seu fiel retrado Como pode se notar, foram debatidos danças tecnológicas agudas e alterações
na sua denominação. assuntos de grande interesse, sobretudo ambientais. Ora, para ser utilizável um
Contrariamente aos anteriores, cuja para aqueles que estão militando nas modelo deve ser limitado e os seus utili
ênfase foi a apresentação de modelos empresas de serviços públicos. Mesmo zadores cientes das suas limitações.
elaborados, neste últim o viu-se uma assim, é provável que o convite maior à Vale dizer, que à abordagem quantita
tentativa de reabilitação do qualitativo, reflexão tenha resultado do trabalho tiva deverá se associar um referencial
talvez por haver sido comprovado que a dos "prospectivistas”. qualitativo sob pena de falhar seguida
frase de Lord Keynes: "E preferível es As duas últimas décadas foram mar mente.
tar vagamente certo do que rigorosa cadas pela proliferação de modelos de O pior que possa acontecer com um
mente errado”, era mais que uma b o u - previsão, válidos em si, porém falhos ao modelo é que só seja utilizado pela equi
t a d e . admitir implicitamente a im utabili pe que o gerou, sem servir de insumo
Devido à filosofia de trabalho do con dade das condições de contorno. Diga-se para nenhuma tomada de decisão. Por
gresso, dividindo as atividades em gru de passagem que a falha maior não foi outro lado, prever, por mais difícil que
pos de trabalho, houve obviamente a dos modelos e, sim , dos utilizadores, seja, será insuficiente se não for possível
impossibilidade de acompanhar pales pelo menos na opinião dos criadores de datar os futuros cenários. Um exemplo
tras simultâneas. De qualquer forma, modelos. contundente .foi apresentado por F. Ar*
as sessões de abertura e de encerra As divergências entre previsionistas nold, da Bundespost, ao informar que a
mento bem como o material distribuído (elaboradores de modelos e projeções administração alemã imaginava que,
proporcionaram uma visáo*de coryunto para visualizar o futuro) e prospectivis em 1985, haverá 100.000 terminais
satisfatória, que deverá ser complemen tas (elaboradores de cenários futuros, "telefax” na RFA. Hoje, com somente
tada com a publicação dos anais. obtidos a partir de conjuntos de hipóte 7.000 terminais, manteve-se o número,
Os grupos de trabalho cobriram os ses coerentes) são radicais, se admitir só que a data foi revista. Parece que re
seguintes assuntos: mos a separação dos métodos de traba almente é difícil fazer previsões, espe
— Conceber e adaptar novos produ lho. O desejável seria, porém, de acordo cialmente sobre o futuro. Idealmente
tos e serviços respondendo a necessi com J. Dondoux, da DGT, a visão bino seria necessário olhar o futuro para en
dades do mercado; cular oferecida pelo entrelaçamento tender o presente, pelo menos de acordo
— Com plem entariedade entre as destas técnicas, ao usuário final — que é com M . Godet.
opiniões de "experts” e os métodos invariavelmente o tomador de decisões. E provável que isto não significará o
quantitativos de extrapolação; Os "prospectivistas” afirm am não início da "administração por adjetivos”,
— As relações Estado-Empresa Pú serem futurólogos e sim cientistas "da porém a crença de que qualquer mani
blica; ação e da antifatalidade”. A principal festação para ser válida deve ter u m a
— Modelos econométricos de previ crítica aos "previsionistas” é que os mo expressão numérica parece ter sofrido
são, normativos ou empíricos; delos evoluíram quando eram menos um certo abalo. Quanto ao futuro, feliz
— Análise de sistemas: identificação necessários, pois mostraram o que qual mente, não é apenas uma extrapola
de subsistemas, das variáveis deter quer um poderia ter constatado sem es ção do passado. Procurar imaginar o fu
minantes dos dados necessários e dos forço: tudo evoluía (nas sociedades in turo sem formular as perguntas ade
métodos de correlação; dustriais) da mesma forma que o PNB, quadas caracterizaria, conforme disse
— Previsão num futuro incerto: a to que, por sua vez, aumentava 5 % a.a. O com humor M. Godet, "um novo efeito
mada em conta dos riscos de rupturas tempo passou q ser por um certo período lampião” , referindo-se ao bêbado que
econômicas, tecnológicas e políticas; a melhor variável explicativa, pelo me procura as suas chaves debaixo do lam
— Técnicas de previsão na ausência nos enquanto o futuro repetia o passado, pião, pois pelo menos lá tem luz.
de séries passadas: avaliação do mer ou estava relacionado a este por meio de
cado de novos produtos e serviços; uma relação matemática invariável. A l e x u n c b v S o I m * * 1