Page 74 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983

nível do próprio Executivo, afirmou
" N á o e n t e n d
p a í s q u e t e m d o
s
s é r i o - o d e s e m
d e e n t r a d a d e
u t i l i z a o s e t o r
T C s , q u e é b e m
e r e n t á v e l ,
a r e s o l v ê - l o s " ,
W o i l e r , P r e s i d e n t e
Woiler náo vê melhor aplicação para as
poupanças externas do que investir
num setor em que as próprias receitas
podem servir de garantia.
Isto também favoreceria as indús­
trias aqui instaladas, que utilizariam
melhor sua capacidade ociosa, teriam
seus custos reduzidos e poderiam parti­
cipar melhor do esforço de exportação.
Telecomunicações e informática são,
sem dúvida, os dois setores da década e o
Brasil náo pode deixar de investir nes­
sas áreas sob pena de ficar irremedia­
velmente atrasado em relaçáo a outros
países.
O Senador Marco Maciel disse ter fi­
cado impressionado com os dados relati­
vos à resposta de cada cruzeiro investido
no setor, explicando porém que a limita­
ção nos investimentos diz muito mais
respeito a uma política genérica de con­
tenção do que visando um setor em par­
ticular.
Às vezes o decisor governamental,
explicou o ex-governador de Pernam­
buco, adota determinadas medidas e,
até pela impossibilidade de tempo de
examinar as sugestões, estas têm efeito
contrário sobre o que ele inicialmente
esperava. Portanto, ao se falar em cor­
tes é preciso saber em que setor se vai
efetuar estes cortes, sob pena de se dei­
xar empreendimentos em fase final in-
conclusos. Esta portanto é uma matéria
que pode ser examinada náo só pelo
Congresso mas também ser discutida a
com a inflaçáo aumentando a derivada
Marco Maciel.
Recursos humanos: um
problema agudo
"Senador, eu acho que agora caberia
uma pergunta a respeito do pessoal das
telecomunicações, que é uma pergunta
premente". Com este início José Raul
Allegretti, da Embratel, passou a expor
a situação do setor de telecomunicações
que apresenta um serviço reconhecida­
mente eficiente e representa um patri­
mónio acumulado de bilhões de dólares.
É pessoal brasileiro que gerencia
este patrimônio e que procura contri­
buir com sua parte para a soluçáo do de­
senvolvimento do país, prosseguiu Alle­
o p o r q u e u m
gretti. Como resultado, as tarifas do se­
i s p r o b l e m a s
tor de telecomunicações crescem abaixo
p r e g o e o
da inflação, o setor contribui para solu­
d i v i s a - n á o
s
cionar o problema da balança de paga­
mentos, além de que, por sua natureza
d e
— e isto foi demonstrado num dos pai­
a d m i n i s t r a d o
néis da Telebrasil —, as telecomunica­
p a r a a u x i l i a r
ções economizam o equivalente a 10%
d i s s e S a m s o n
do petróleo importado.
d a S e s a .
Mas o que permite alcançar este re­
sultado é um aumento da produtividade
que tem crescido permanentemente. E a
produtividade que permite baixar a
tarifa, remunerar o acionista ainda que
náo se distribua nada desta produtivi­
dade ao outro agente que é o empregado.
Náo obstante este desestimulo — pros­
seguiu Allegretti — a equipe é perma­
nentemente treinada, repondo-se em
muitos casos, a cada ano, 20% da depre­
ciação natural de seu conhecimento.
Por outro lado, observa o debatedor,
está acontecendo um fenômeno: a cada 6
meses p salário do pessoal se reduz. Todo
o mundo está fazendo carreira ao con­
trário, entrando numa posiçáo para ga­
nhar cada vez menos. E isto se agrava
" A o s e f a l a r e m
i n d i c a r o n d e e s t e s
n á o d e i x a r i n c o n c l u
f a s e
para o abismo, ao se chegar a taxas de
150% ao ano. Como resultado isto le­
vará, quando menos, os executivos ao
desânimo e, no pior dos casos, a um
êxodo de talentos cuidadosamente trei­
nados.
O Senador Marco Maciel reconheceu
tratar-se de um problema especial­
mente agudo, mas textu^lmente afir­
mou náo ver como se conseguirá a curto
prazo — náo apenas no Congresso, mas
também no Executivo — dar um novo
tratamento ao assunto, num momento
em que o país apresenta elevadas taxas
de desemprego. A matéria está porém
sendo avaliada novamente pelo Con­
gresso Nacional havendo uma comissão
mista destinada a ouvir sugestões para
encontrar saída para este desafio.
Imperativo rever a legislação
O presidente da Telebrás ressaltou
que a aprovação pelo Congresso do Có­
digo Brasileiro de Telecomunicações
teve um alto significado no desenvolvi­
mento das telecomunicações brasilei­
ras. Historiou o nascimento do Código,
que teve suas origens aos fins da década
de 40, prosseguindo em 54 com um Gru­
po de Trabalho para estudar sua ela­
boração até ter sido aprovado no Go­
verno do Presidente Joáo Goulart com
cento e vinte poucos artigos e mais de 50
outros vetados.
Torna-se imperativo para José Anto-
nio de Alencastro e Silva a revisáo da le­
gislação que regula as telecomunica­
ções, para que a futura sociedade da in­
formação, que se aproxima a passos de
gigante, seja enfrentada de maneira re­
gular, relacionando bem e harmoniosa­
mente as telecomunicações e a informá­
tica. Este é um assunto fundamental —
disse Alencastro — para o Congresso le­
gislar e debater, a fim de se continuar
com o progresso que está sendo imple­
mentado nas áreas de telecomunicações
e de informática.
Na realidade trata-se de um proble­
ma muito importante — confirmou o se­
nador Marco Maciel — e estimamos que
chegue o mais rapidamente possível ao
Congresso para que possamos oferecer
ao país um Código atualizado. Porém
esta é uma matéria que, por sua impor­
tância e repercussão, por força de dispo­
sitivo constitucional, terá que ser da ini­
ciativa do próprio Presidente da Repú-
bl ica, mas também é certo que chegando
ao Congresso — concluiu Maciel — náo
se repetirá o exemplo do passado e 'te­
c o r t e s é n e c e s s á r i o nho quase certeza de que no prazo de
s e r á o e f e t u a d o s p a r a uma sessão legislativa — um ano e pou­
s o s p r o j e t o s e m co no máximo — já teremos este novo
f i n a r Código aprovado".