Page 34 - Telebrasil - Julho/Agosto 1980

A F u t u r o l o g i a c o n t i n u a f i r m e

A tentação de adivinhar o futuro provém do instinto irrefreável do homem, que vai da simples Outros avanços na tecnologia terrestre permi­

análise das tendências atuais até as extrapolações mais audaciosas. tiram grandes melhorias nos sinais da voz e in­

formações de TV.

Quando se observam objetos domésticos fa­ “ Em outras palavras, devemos abrir caminho

miliares como cadeiras, camas, mesas, facas e no sentido de estender os serviços de comuni­ Os Laboratórios Bell descobriram novo silen­

garfos percebe-se que um patamar tecnológico cações c computação à melhoria da vida diária, ciador de ruído num único circuito integrado,

foi alcançado e todas as mudanças limitaram-se da educação, da medicina e para o atendimento tomando o custo menor do que os dos primeiros

ao estilo. A observação é de Arthur Clarke, o amplo das necessidades sociais e culturais” . e deficientes silenciadores do satélite Echo.

papa da futurologia das com unicações. O
Outro desafio para os engenheiros foi enviar in­
mundo da informação, porém, continua explo­
formações do computador, por causa do retar­
dindo e daí a abundância de material escrito so­ Satélites serão usados para

bre o que está acontecendo e o que será o damento de tempo entre os disparos transmis­

porvir. formação de sistema de dados sores de dados para o satélite. A confirmação
da recepção estava tomando mais tempo do que
mundiais.

Iniciaremos com as previsões do presidente da os próprios disparos. “ Agora, entretanto”,

NEC, Koii Kobavashi. aue profetizou uuc até o d is s e R o se n . “ os engenheiros norte-

hábito de associarmos sempre a eletricidade a americanos estão tirando vantagem de o fato de

fios de cobre mudará em 20 anos. Kobayashi Kobayashi prevê que o setor de comunicações e esses erros na transmissão do satélite serem

observou que, nas telecomunicações em geral, computação assumirá no ano 2000 a liderança m uito m ais fracos do que nos sistemas

os sinais análogos estão sendo cada vez mais que pertenceu, cm certa época, à indústria têx­ terrestres; assim, podem ser enviados disparos

substituídos por sinais digitais c prevê que a til e até recentcmente à ocupada pela siderur­ mais demorados de informação. Eorcsultadoé

aplicação da optoclctrónica substituirá com in­ gia, não deixando de lembrar que o Japão é uma que agora esses satélites transferem informa­

crível facilidade o sistema convencional, ba­ nação que vive hoje a passagem da fase indus­ ções cinco vezes mais depressa do que os meios

seado na difusão do telefone de áudio. trial para a pós-industrial. terrestres” .

Sobre o futuro das comunicações por imagens, Ixmbrou que a atual população do mundo - Técnicos japoneses conseguiram comprimira

ele diz prever aplicações práticas e ampla dis­ mais de 4 ,1 bilhões de pessoas — atingirá, ine- extensão da faixa necessária, o que permite que

ponibilidade de videotelefones, correio eletró­ v ita v c lm e n te , 7 b ilh õ e s no ano 2 0 0 0 , mais canais de TV ocupem o mesmo espectro.

nico (um sistema postal cm órbita que substitui comentando: “ compare-se esse número com o Isso reduziu a carga para os usuários e tomou

rá toda correspondência via aérea) e jornais por total de telefones existentes cerca de 400 mi­ uma realidade a idéia de conferências no vídeo,

fac-símile. lhões total que deverá quadruplicar ( 1,6 ligando participantes de cidades largamente es­

bilhão) daqui a 20 anos. A comparação torna- palhadas.

O presidente do conselho da NEC prevê tam­ se sem sentido, entretanto concluiu , se

bém a unificação crescente das comunicações e for fe ita cm term o s de m éd ias e to ta is Algumas idéias para o futuro incluem satélites

dos computadores, argumentando que a proxi­ mundiais". E lembrou o slogan, criado há 17 que podem ser montados e mantidos em órbita,

midade c a similaridade cada vez maiores entre anos pela NEC do Japão: “ permitir que qual­ mas Rosen duvida que eles provem ser econo­

os mecanismos das estações eletrônicas e os quer pessoa, a qualquer momento, cm qualquer micamente vantajosos. O custo provavelmente

computadores constitui exemplo marcante. lugar do m undo, possa se c o m u n ic a r” , será muito alto, diz ele.

observando: “ c isto não é mais um sonho” .

Falando da versatilidade crescente das comuni­

cações por satélite, comentou que no futuro os No domínio dos satélites, Harold Rosen, da Telefone de pulso será

satélites serão empregados em todos os tipos de Hughes Aircraft, num relatório preparado para utilizado por todos.

comunicações móveis, por aeronaves, automó­ a Telecom 79. assim se expressa através do O

veis c embarcações. “ Em futuro não muito dis­ Estado de S. Paulo: “ Os grandes avanços nas
Rosen também não vê futuro para grandes pla­
tante — concluiu — os equipamentos dos sa­ próximas décadas provavelmente serão em efi­
taformas espaciais de múltiplas finalidades ir­

télites serão provavelmente usados, cm escala ciência c economia e não cm tamanho. Isso será
radiando uma variedade de serviços para a Ter­

regional ou global, para a formação, por exem­ possível graças ao desenvolvimento dos novos
ra. Embora um único satélite exija um único

plo, de um sistema de dados mundiais. Assim, amplificadores de alta potência nas faixas de
veículo de lançamento, satélites mostrarão ser

ao lado do progresso dos próprios satélites, o freqüência muito altas, da oVdem de 12 a 14 gi-
mais eficientes, porque, acha ele. o limite pra­
futuro deles leva a crer que se abrirá uma ampla gahertz ( 12a 14 bilhões de ciclos por segundo).
tico de cada faixa é maior quando as antenas fi­
gama de novas possibilidades“ .
cam separadas cm plataformas espaciais se­

Amplificadores mais potentes c freqüências paradas.

Kobayashi diz que a humanidade está fadada a mais altas tornaram possíveis também estações

presenciar a simplificação progressiva da lin­ receptoras menores na Terra. Na década de 90, diz Rosen. o espectro atual

guagem da programação de computador para terá explodido além das mais altas frequências

uso geral, cm decorrência do advento dos com­ Os últimos modelos de receptores, de menos de atuais. Por essa época, o homem poderá usar

putadores individuais c da popularização dos dois metros de diâmetro, são suficientcmcnte faixas de 20 a 30 gigahertz, especialmente para

terminais. “ Por volta do ano 2000, o público pequenos para serem ajustados no alto de um conferências de vídeo.

poderá usar livremente, em cada país, sistemas telhado, diretamente sob o local alvo, o que

de comunicação e computação de todos os tipos dispensa as dispendiosas redes de microondas Naturalmente que o assunto da futurologia náo

c possuirá, inclusive, computadores em seus que conduzem sinais de estações terrestres estaria completo caso Arthur Clarke não fos>c

próprios idiomas nacionais” . grandes, mas distantes, para o receptor plane­ novamente invocado, prevendo que no futuro o

jado. homem viverá diante de um console: um apare-

Lembrando que quase todos os serviços de co­ Ihocom teclado e vídeo, som Hi-Fiecâmara

municações c computação se originaram no O Japão c o Canadá estão começando a operar de TV, através do qual conseguirá uma mtera

emprego no trabalho de escritório — em com­ transmissões experimentais de TV diretamente ção face a face com qualquer pessoa, em qual

panhias c repartições públicas — ele aconselha para residências, usando antenas pequenas de quer lugar da Terra, e transmitir ou receber

que, no futuro, essa utilização seja ampliada. até um metro de envergadura. qualquer tipo de informação. E vai mais longe