Page 37 - Telebrasil - Julho/Agosto 1980
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Ney Roberto Dhein
Engenheiro eletrônico formado pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (1972). Mestre em
Ciências de Engenharia Elétrica jxia l’Ul-KJ
(1975). Desde esta data trabalha no ( 1 Í I C como
pesquisador. Leciona sobre Sistemas de
Telecomunicações.
Após uma breve revisão da propaguçao de ondas radioelétricas e dos parâ i
metros meteorológicos relevantes, o refVatôinetro é descrito e sua importân
cia na avaliação das condições de propagação na troposfera ressaltada. Serão I + a dn
mostrados, ainda, resultados de medidas realizadas no Brasil, durante as 3E
quais foram observados fenômenos anômalos de propagação.
Na prática, em virtude do índice ser le
1. Introdução no CETUC (Centro de Estudos em vemente superior à unidade, é substi
tuído nos cálculos pela refratividade
Telecomunicações da Universidade
A propagação das ondas radioelétricas Católica), que também está operan- (N) definida por
no ar, e principalmente em visibili do-o desde a sua realização. Este tra
dade direta, depende grandemente da balho faz parte de um programa de N = ( n - I ) 1 0 h ( 3 )
variação com a altura do índice de re- pesquisa e desenvolvim ento com
fração do ar (fator K da terra, por apoio financeiro da TELEBRÁS. Esta grandeza depende da tempera
exemplo), pois este comportamento tura, pressão e umidade do ar 121 na
forma
define a sua trajetória. As dificuldades 2. Parâmetros radiometeorológicos
para medi-la devem-se ao fato das con e propagação das ondas radioelé
dições do meio se alterarem acentua- tricas
damente no tempo e de forma diferente N = 7 7 , 6 J p - + 9 9 6 X 1 0
de região para região. Além disso, a A trajetória das ondas radioelétricas no
variação do índice com a altura muitas ar é função da variação vertical do ín
vezes apresenta uma forma bastante ir dice de refração (n). A forma normal onde
regular. Portanto, é necessário um ins desta variação aproxima-se de uma ex
trumento bastante sensível e operacio ponencial como ilustra a figura 1. P: pressão atmosférica em mbar
nal. A rádio-sondagem não apresenta T: temperatura absoluta
estas características, pois normal UR: umidade relativa (%)
mente é realizada no máximo duas ve
zes por dia (na maioria dos casos so Conforme o gradiente de N com a al
mente uma vez e aproximadamente às tura, a atmosfera é classificada em:
8:00 h local) e em locais determina
dos. Fornece informações em altitudes
(a) padrão quando ^ —
discretas cuja diferença mínima é da
ordem de 150 metros, o que é inade = - 39 unidade de N por Km ou K
quado para um estudo de propagação, = 4/3
mascarando irregularidades importan
tes que comumente estão compreendi dN
(b) subpadrão quando
das em intervalos da ordem de metros.
Medidas realizadas com refratômetro, 39 unidades de N por Km ou K
ao contrário, não apresentam estas li 4/3
Figura 1
mitações. No Brasil, este instrumento dN
(c) superpadrão quando ^
está sendo utilizado há alguns anos Quando a espessura da camada atmos
tanto na interpretação de fenômenos férica em questão não é elevada, é - 39 unidades de N por Km ou K
anômalos de propagação como na aceito um comportamento linear. A 4/3
caracterização de regiões onde é pre partir desta consideração, Schelleng, dN
tendida a implantação de um enlace ra Burrows e Ferrei 111 introduziram o (d) duto quando —
dioelétrico. conceito de raio equivalente da terra: 157 unidades de N por Km ou K
0
0 protótipo foi desenvolvido no ITA
ac = Ka ( | )
(Instituto Tecnológico de Aeronáuti A partir do valor de K a trajetória pode
ca) e posteriormente foi calibrado e re onde a é o raio físico da Terra (~ 6400 ser determinada por meio de (5) e de
produzido com algumas modificações km) e K um fator igual a‘ acordo com a figura 2