Page 60 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1978
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dividamento da entidade produtiva A aplicação dessas observações de empreendimentos semelhan
ser constantemente supervisiona ao setor das telecomunicações tes, sujeitos a acirrada concorrên
do e controlado, sob pena de peri mostra que, sendo o mesmo de cia e baixa economia de escala;
gar a solvência do empreendimen menor rentabilidade — embora ge
to. ralmente seguro — que outros da — Escolha adequada do sócio es
economia nacional, deve-se recor trangeiro, quando for o caso, vi
Fizemos a digressão anterior com rer o menos possível ao endivida sando a manutenção do controle
a finalidade de tirar algumas con mento, seja interno seja externo. A decisório e a real transferência de
clusões que, não obstante óbvias, verificação da impossibilidade de tecnologia, assim como o incenti
nem sempre são observadas com recorrer em maior escala à cap vo para a geração de tecnologia lo
0 devido cuidado: tação da poupança pública, por ra cal;
zões que seria ocioso repetir, leva-
1 — A maneira mais apropriada de nos à conclusão de que a maneira — Coragem na aplicação e paciên
se obter o capital necessário para mais sadia de se promover a capi cia na espera dos resultados, vi
as atividades econômicas de um talização da atividade industrial sando a consolidação do empren-
pais é a utilização da poupança dentro desse setor é a conjugação dimento antes da retirada dos ren
pública. Essa fonte de recursos, dos recursos de poupança das em dimentos;
não sendo exigível, coloca a popu presas nacionais com os recursos
lação economicamente ativa como semelhantes de empresas estran — Colaboração com as autorida
sócia do desenvolvimento nacio geiras. A esse respeito cabe, antes des, visando dirigir o empreendi
nal e, através do retorno propicia de generalizar demais o conceito, mento naquelas direções que
do pela lucratividade dos empreen fazer as seguintes colocações: atendam, efetivamente, aos inte
dimentos, contribui grandemente resses maiores do país.
para redistribuição da riqueza ge a) O capital da empresa nacional
rada pela atividade produtiva. deve ser o maior possível, com Para não ficar apenas no terreno
patível com o nível de poupança da tese, gostaríamos, neste ponto,
2 — A utilização da poupança das disponível; de mencionar como a Coencisa —
pessoas jurídicas é menos de Construções Civis Ltda. implemen
sejável que a utilização da poupa b) O capital externo deverá, na tou a associação com a empresa
nça pública, por propiciar a con máxima medida possível, vir acom Racal Milgo Intercontinental Inc.,
centração das riquezas nas mãos panhado de uma real transferência através de sua subsidiária nacio
de um número menor de in de tecnologia, sendo essa transfe nal denominada Internacional de
divíduos. Entretanto, essa forma rência considerada como parte de Comunicações e Comércio Ltda.,
de captação é, sensivelmente, me sua contribuição ao empreendi aplicando os princípios já citados
lhor que a utilização de capital mento e, portanto, remunerada e, portanto, a nosso ver, cumprin
oneroso. apenas dentro de condições bas do o papel que se pode esperar
tante específicas. dos empresários nacionais desejo
3 — Quando a renda per capita do sos de contribuírem para a nacio
povo é baixa, a possibilidade de c) Os empreendimentos cons nalização da indústria de teleco
utilização da poupança pública é truídos através da associação de municações do Brasil.
reduzida, por vezes até o ponto da capitais de risco nacionais e es
total inexistência de recursos. trangeiros deverão ser estrutura Ao pensar na aplicação de recur
Nessas condições, o recurso deve dos de tal maneira que prevaleça, sos financeiros em outro campo
ser obtido através da poupança sempre o interesse nacional, o que diferente do da construção civil, a
empresarial (reinversão ou apli equivale a dizer, em primeira apro Coencisa fez um exame das diver
cação de lucros das empresas). ximação, que o sócio brasileiro de sas possibilidades, concluindo pe
verá ser majoritário e ter o efetivo lo setor de telecomunicações, o
4 — Quando o crescimento econô controle decisório na associação; qual apresentava, em princípio, os
mico do país necessita de uma seguintes atrativos:
quantidade de recursos tal que o Acreditamos que, se aplicados
total de poupança (empresarial ou tais conceitos com racionalidade, — grande probabilidade de cresci
particular) interna é insuficiente a capitalização das empresas na mento a longo prazo, apesar da si
para alimentá-lo, faz-se mister re cionais poderá ser feita no nível tuação presente de retração, con
correr a fontes de capital externas.
exigido pela expansão da econo siderada conjuntural;
Aqui se aplicam também os con mia do país.
ceitos já emitidos sobre a deseja- — em regime estável é um setor de
bilidade do recurso à poupança, ou A contribuição do capitalista bra planejamento firme, permitindo a
seja, capital externo não exigível sileiro no processo de nacionali estimativa e avaliação dos resulta
ou, ainda, investimentos de risco. zação da indústria de telecomuni dos da operação das empresas fa
O recurso exagerado a fontes de cações far-se-á, de acordo com o bris a médio e longo prazos:
capital externo oneroso propicia o exposto, mediante a adoção das
crescimento da dívida externa na seguintes medidas: — o exemplo internacional mostra
cional, podendo atingir limites pe ser essa área uma das mais
rigosos, tendentes a sufocar o — Escolha judiciosa da área para atraentes para aplicação de recur
próprio crescimento da economia. aplicação, evitando a proliferação sos;